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EMPATIA
Grupo de Humanização realiza ação com “mães atípicas”
Elas estão sempre circulando pelos corredores dos hospitais, às vezes duas, três ou mais dias na semana. Geralmente estão sós, ou melhor, estão acompanhadas apenas de seus filhos ou filhas, carregando as mochilas deles, empurrando carrinhos e cadeiras de roda, se deslocam com muitos desafios por meio do transporte público, aguardam em filas e aprendem diariamente a exigir seus direitos nas instituições públicas de saúde, seguridade social e poderes executivos, legislativos e judiciário. Algumas se apoiam mutuamente e fazem parte de associações e grupos, tudo em prol do bem-estar de suas crianças. A vida muitas vezes se resume ao cuidar do outro, deixando para segundo plano o cuidar de si.
Pensando nessa realidade, o Grupo de Humanização do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), gerido pela Ebserh, realizou durante o mês das mães uma homenagem às chamadas “mães atípicas”. Elas são definidas como aquelas que não se enquadram nos padrões ou estereótipos tradicionais de maternidade. O termo é uma forma de reconhecer e celebrar a diversidade de experiências e abordagens que as mães podem ter. Pode se referir a mulheres que enfrentam desafios ou circunstâncias incomuns, como mães de filhos com deficiência, que adotaram ou tiveram filhos por inseminação artificial, ou fazem parte de famílias tidas como não tradicionais, a exemplo de casais do mesmo sexo.
“Como nosso hospital é referência em Doenças Raras, e também conta com um importante volume no setor de Reabilitação (Fisioterapia e Terapia Ocupacional) de crianças com necessidades especiais, tivemos a intenção de homenagear essas mães que trazem semanalmente essas crianças, corroborando com o conceito da feminilidade do cuidado”, explica Denise Freitas, vice-coordenadora da Humanização. São mulheres que, na maioria das vezes, precisam abrir mão de seus trabalhos remunerados, do lazer e da participação social, para ficarem exclusivamente cuidando da criança, acrescenta.
Foram várias rodas de conversa durante o mês com as mães em acompanhamento de filhos no Setor de Reabilitação do HU Dom Bosco. Houve acolhimento, escuta ativa e orientações, por meio de uma cartilha confeccionada especialmente para a data. O material trouxe esse conceito de “mãe atípica” e informações sobre auto-cuidado, com dicas de hábitos saudáveis, exercícios de relaxamento, alongamento e fortalecimento. Também trouxe contatos de rede de apoio e atendimento psicológico pelo SUS.
Ludimara de Souza, 34 anos, participou de uma das salas de espera com as integrantes do Grupo de Humanização. A filha Mayra, de 5 anos, tem paralisia cerebral espática, devido a complicações pós-nascimento pré-maturo. Ela faz tratamento no HU desde os seis meses de vida. Começou com a oftalmologia e recentemente passou a concentrar todos os outros atendimentos de saúde na instituição. Recebe atendimento na neurologia, pediatria, fisioterapia e agora aguarda a ortopedia.
“Gostei da abordagem porque eu, sendo mãe, ultimamente vivo essa ‘não procura’. São muitas dificuldades para nós que temos crianças com PCD. Todos dizem que as crianças têm direitos, mas quando vamos recorrer sempre acaba indo para a justiça” afirma. Ludimara diz viver em função da filha, leva para diversos atendimentos e não está trabalhando no momento. No entanto, ressalta ter acolhimento familiar, do companheiro e dos pais, que não moram em Juiz de Fora, mas ajudam como podem. Ela também conta com auxílio financeiro governamental para Mayra, obtido a partir de orientação do serviço de saúde onde a criança nasceu.
Segundo o Grupo de Humanização, a ideia é ampliar futuramente ações desse tipo, voltadas para sensibilização do olhar nos diversos setores, assim como para as trabalhadoras que são mães atípicas, pensando em como poder escutá-las e apoiá-las em suas diversificadas demandas, complementa.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.