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Dia Nacional do Diabetes
Diabéticos precisam ter atenção à alimentação durante festejos juninos
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Dia de São João (24/06), um dos santos católicos celebrados em junho, traz consigo devoção, fé e muita festa, incluindo comidas típicas, que para muitas pessoas são verdadeiras tentações. E, coladinho com o dia do santo, há também o Dia Nacional do Diabetes (26/06), doença crônica caracterizada pelo alto índice de glicose no sangue e que pode levar a graves complicações de saúde. Mas, para não perder a alegria e o brilho dos festejos juninos, é importante conscientização sobre o diabetes e informações sobre como aproveitar o período, mantendo a alimentação saudável.
Para isso, Ana Vládia Bandeira Moreira, professora do Curso de Nutrição do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e coordenadora do Projeto de Extensão Do Laboratório à Mesa, desenvolvido no Centro de Atenção Psicossocial do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (Caps HU-UFJF, sob gestão da Ebserh), destaca algumas informações relevantes sobre essa doença, os cuidados com alimentação e dicas de como aproveitar as festas juninas sem cometer excessos.
- Foto: Arquivo pessoal
Como as pessoas podem se prevenir do diabetes e quais são os recursos alimentares mais acessíveis para isso?
Ana Vládia - A prevenção do diabetes, especialmente para o diabetes do tipo II, pode ser a construção e manutenção de bons hábitos de vida. Uma rotina que inclua movimento, prática de alguma atividade que traga prazer, bem-estar e condicionamento físico, alimentação saudável. Sobre alimentação, a prática é simples: comida de verdade, ou seja, priorizar alimentos in natura e minimamente processados, exemplificando: café da manhã com frutas e cereais integrais, a aveia ajuda muito, juntamente com frutas. Consumo de uma boa proteína: ovos, queijo, sardinha ou atum que podem acompanhar uma fonte de carboidrato da rotina.
No almoço e jantar, refeições com arroz, feijão, que tem muita fibra, legumes e uma boa fonte de proteína, que pode ser animal ou vegetal, no caso do jantar, pode ser substituída por sopas de leguminosas ou legumes. Os lanches podem ser parecidos com o café da manhã, reforçando as frutas.
Deve-se evitar: alimentos ultra processados, que além de carboidratos de alta digestibilidade, ou seja, faz com que a glicose chegue muito rápido ao sangue, e seu excesso pode gerar gordura, neles há também muitos aditivos que prejudicam a saúde, especialmente a do intestino.
Em caso de pessoas já diagnosticadas com diabetes, como é o acompanhamento deste paciente pelo profissional de nutrição?
É feito uma anamnese nutricional, ou seja, uma entrevista para coleta de informações alimentares e antropométricas, medidas para cálculos e ajustes de peso e exames bioquímicos de sangue, como glicose e outros parâmetros importantes.
Com base nos dados, é feito um planejamento alimentar, juntamente com o paciente, tentando equalizar seus gostos e preferências.
Normalmente, práticas culinárias, oficinas, grupos operativos são estratégias bem funcionais para alcançarmos os objetivos, pois o paladar doce precisa ser trabalhado com cautela para não haja uma busca por “compensações” de alimentos dito “diet em adição de açúcares” que normalmente são muito calóricos e ultraprocessados.
Como lidar com o paciente que, às vezes, demonstra resistência, já que o tratamento da doença requer também uma mudança de hábitos?
Respeitando a fase de mudança do comportamento alimentar do paciente, utilizar a estratégia mais adequada. Pacientes que estão em fases mais resistentes às mudanças, orientamos com oficinas culinárias e grupos operativos que costumam ser bem eficientes na autonomia do autocuidado.
Quais orientações gerais para população, considerando que vivemos num contexto de milhões de pessoas com diabetes, o que serve como alerta para população em geral?
Seguir as orientações do guia alimentar brasileiro: "descascar mais e desembalar menos". Comida de verdade, cozinhar, utilizar sua cozinha como um espaço de saúde e qualidade de vida.
E durante as festividades juninas, como aproveitar o período de maneira saudável?
Os ajustes culinários para preparações juninas são bem fáceis e acessíveis. Os sucos podem ser acrescidos de suco de maçã, que adoça bem sem a necessidade de utilizar adoçantes; necessita apenas branquear, ou seja, ferver rapidamente e esfriar rapidamente, para a maçã não escurecer. Os doces podem utilizar edulcorantes para fins culinários. Todos podem ser ajustados. Sem esquecer de manter uma rotina alimentar saudável, em cima do que já foi exposto, para que seja qual for o doce de festa não ser consumido com exagero. Pois não é só o doce que precisa ser consumido com moderação, também os carboidratos de digestão rápida, que costumam ser consumidos com ênfase, nesta época do ano.
Sobre o diabetes
O Dia Nacional do Diabetes (26/06) foi criado pelo Ministério da Saúde (MS) com a finalidade de conscientizar a população sobre os fatores de risco, prevenção, diagnóstico, tratamento e as complicações da doença. Segundo dados do Atlas do Diabetes, da Federação Internacional de Diabetes (IDF), o Brasil tem atualmente, em torno de 16,8 milhões de adultos com diabetes. A organização prevê que, até 2030, o quantitativo de enfermos chegue a 21,5 milhões de pessoas. Apesar de ser uma velha conhecida da ciência e da população em geral, além de ter um diagnóstico acessível, o diabetes continua crescente e com alto índice de mortalidade, sobretudo por conta de suas graves complicações.
Rede Ebserh
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde novembro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.