Configurações avançadas de cookies
Para melhorar a sua experiência na plataforma e prover serviços personalizados, utilizamos cookies.
Notícias
PREVENÇÃO
Freepik: Proteja-se contra a dengue e adote medidas preventivas
Juiz de Fora (MG) – Você ou alguém próximo teve dengue recentemente? Nos últimos anos, a dengue tornou-se uma preocupação constante no Brasil. Com ciclos endêmicos e epidêmicos, a cada 4 ou 5 anos, a doença apresenta um aumento significativo no número de casos, bem como na gravidade das ocorrências, resultando em mais hospitalizações. Em 2020, foram registrados 1,4 milhão de casos. Em 2023 esse número subiu para 1,6 milhão, com 1,079 mortes; e em 2024, pode variar de 1,7 milhão a 5 milhões, de acordo com estimativas do Ministério da Saúde. As previsões foram feitas em parceria com o InfoDengue e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Os sintomas da dengue são conhecidos: febre alta, dores de cabeça, atrás dos olhos e no corpo. Além disso, os pacientes podem apresentar diarreia, vômito e manchas no corpo. O infectologista Rodrigo Daniel, chefe do Setor de Gestão da Qualidade do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF, sob gestão da Ebserh), alerta quanto aos cuidados com a doença. Ele explica que qualquer pessoa com esses sintomas deve procurar atendimento médico e evitar a automedicação. Só assim será possível uma avaliação em relação ao tratamento e à necessidade ou não de internação.
Segundo o médico, são sinais de alarme: sangramento das mucosas, desmaio, dor na barriga que não passa e vômitos que não melhoram com remédios. Tais situações, até mesmo em pacientes que se sentem bem, podem ser indicativas de possível complicação. Grupos de risco, como pessoas idosas, crianças pequenas, com diabetes, enfisema pulmonar, indivíduos com alterações imunes, anemia falciforme e reumatismos, também precisam ficar mais atentos no caso de suspeita de dengue, zika ou chikungunya.
Para aqueles que já tiveram a doença, a segunda infecção pode ter maior gravidade. “Isso porque a resposta imune a um segundo sorotipo tende a ser uma resposta desorganizada e causar mais inflamação do que defesa”, explica o infectologista.
Como as manifestações das três arboviroses são muito semelhantes, o tratamento inicial será o mesmo, sintomático e à base de hidratação. Confirmado o diagnóstico, em um segundo momento, será possível traçar estratégias diferentes no caso da dengue, zika ou chikungunya, diz o médico.
O que é a dengue?
A dengue é uma doença viral causada pelo vírus (DENV) do gênero Flavivirus, família Flaviviridae. Com quatro sorotipos diferentes - DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4 - a principal forma de transmissão é pela picada da fêmea infectada do mosquito Aedes aegypti. Outras formas menos comuns de transmissão incluem transfusão de sangue e transmissão da gestante para o bebê. É importante ressaltar que não há transmissão por contato direto com pessoa doente.
O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais, como: a detecção da proteína NS1 da dengue, isolamento viral ou exame sorológico IgM. Na suspeita de dengue, não se deve esperar os resultados desses exames para que seja realizado o manejo adequado da doença.
Medidas de tratamento
O tratamento da dengue é dependente, essencialmente, do estado clínico do paciente e da presença de sinais de gravidade.
Os sintomas mais intensos da dengue, geralmente, não duraram mais do que sete dias. O tratamento principal consiste na hidratação, que pode ser realizada em domicílio e via oral para casos leves, ou intravenosa e sob regime de internação hospitalar para casos mais graves. Não existe um antiviral específico para tratar a doença, mas a hidratação costuma ser eficaz quando iniciada precocemente. Nas situações graves, as complicações incluem hemorragias, pressão baixa, acúmulo de líquido em cavidades do corpo (como no pulmão, abdômen e coração), choque e óbito.
É importante ressaltar que alguns remédios não devem ser tomados, por aumentarem o risco de sangramentos e hemorragias causados pela dengue. Dentre as medicações contraindicadas estão os anticoagulantes, tais como salicilatos (ácido acetilsalicílico, ácido salicílico, diflunisal, salicilato de sódio, metilsalicilato, entre outros), os anti-inflamatórios não esteroidais (indometacina, ibuprofeno, diclofenaco, piroxicam, naproxeno, sulfinpirazona, fenilbutazona, sulindac e diflunisal) e os anti-inflamatórios hormonais ou corticoesteroides (prednisona, prednisolona, dexametasona e hidrocortisona). Portanto, é fundamental que pessoas com suspeita de dengue evitem a automedicação e busquem orientação médica para o tratamento adequado da doença.
O vilão
O comportamento do inseto é explicado pelo professor do Departamento de Zoologia da UFJF, Fábio Prezoto, que alerta para a grande calamidade enfrentada pelo Brasil. Os dados, segundo ele, mostram um número quatro vezes maior de casos de dengue do que no ano passado, no Brasil, sendo esse índice superior em Minas Gerais. Os números surpreendem até as estimativas dos cientistas, que já previam uma maior prevalência da doença neste ano.
Ainda segundo Prezoto, as questões climáticas também possuem peso considerável em relação às arboviroses. “A combinação de temperaturas elevadas, com a maior pluviosidade, nas épocas quentes do ano, elevam a presença do mosquito.”
Eliminar os criadouros continua sendo a melhor estratégia de combate e, para isso, o engajamento da sociedade é fundamental na efetividade das campanhas. O pesquisador vê com entusiasmo a chegada da vacina contra a doença. Afirma, ainda, que o controle do mosquito é um campo constante de pesquisa na área da biologia – como modificação genética da espécie, uso de bactérias que dificultam a picada do inseto, controle biológico, fomento de inimigos naturais, entre outras estratégias promissoras.
Combate ao mosquito transmissor da dengue
Cuidados simples podem fazer toda a diferença para combater o Aedes aegypti e evitar sua picada, como: manter as garrafas vazias ou baldes virados para baixo; evitar o acúmulo de entulho e água parada no quintal ou nas ruas; cobrir caixas d’água, poços ou piscinas; bem como manter as calhas limpas. Além disso, é importante colocar terra ou areia nos pratos dos vasos de plantas, manter as latas de lixo tampadas e descartar corretamente cascas de coco, latas de refrigerantes, copos plásticos e embalagens.
Outras medidas incluem guardar pneus em locais cobertos; tampar ralos pouco usados e jogar água sanitária no cano duas vezes por semana; diminuir o número de bebedouros de animais e manter o aquário limpo e fechado. A instalação de telas de proteção nas janelas e mosquiteiros na cama também são medidas complementares e eficazes que auxiliam na prevenção da proliferação do mosquito transmissor da dengue.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires e edição de Alessandra Gomes, com revisão de Danielle Campos. Com informações também da UFJF.
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh