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HISTÓRIAS PARA AQUECER O CORAÇÃO
Mais que atendimento, pacientes são acolhidos por equipes do HU-UFJF
De 15 em 15 dias, a Dona Audiléia Bressan, 65 anos, vem ao Hospital Universitário tomar uma medicação para a doença rara descoberta em 2016, após muitos episódios de quedas e falta de ar. Ela trata a Doença de Pompe no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF, sob gestão da Ebserh). Vem da cidade de Três Rios com o irmão, que também recebe tratamento na instituição e descobriu a doença genética um ano antes dela.
Depois do atendimento com a Neurologia e início de medicação, a doença estabilizou, melhorando também a qualidade de vida, afirma a paciente. O atendimento aqui é maravilhoso, elogia: “toda vez que venho com o meu irmão, que já passou por vários hospitais, ele fala que nunca viu um lugar tão abençoado pelas pessoas, de todos os profissionais. São todos muito educados e eu gosto muito daqui”, acrescenta.
Sempre quando a Dona Audiléia chega no HU, toma café com pão e costuma brincar com a equipe do Hospital Dia que gostaria de um café diferente, com ovos e bacon. Até que no dia do seu aniversário foi recebida com um café da manhã completo. “Não estava esperando tanto carinho assim. De repente, apontaram com uma bandeja linda e maravilhosa, todo mundo cantando parabéns. Eu fiquei muito emocionada e me segurei para não chorar, gostei muito. Eles são muito bons. Só tenho a agradecer”, narra.
Outra paciente que tem uma história especial com o Hospital Universitário é Tatiana Aparecida da Silva, de 32 anos, que se trata de esclerose múltipla com a equipe multiprofissional da instituição desde 2017. Ela é de São João Nepomuceno e vem quase todos os dias para ser atendida em diversas especialidades, como enumera: Neurologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Gastroenterologia, Endocrinologia, Ginecologia, Nutrição, Pneumologia, entre outros. “Tenho agenda aqui a semana inteira, porque o tratamento necessita. Toda sexta-feira, acordo às 3h30, o carro da Secretaria de Saúde me pega às 4h10, e eu fico aqui o dia todo. Nos outros dias, eu costumo sair às 7h e volto no ônibus de 12h30, mas na maioria das vezes eu fico o dia todo”, explica.
Órfã de pai e mãe, Tati como é conhecida no hospital, circula por todos os setores e brinca que faz plantão no HU. Os profissionais envolvidos praticamente a adotaram, sendo esse carinho e empatia importantes no tratamento. A doença dela está controlada a partir de todos esses cuidados, o que dá mais trabalho é a asma, afirma, que às vezes causa falta de ar ao realizar alguma atividade. “Tomo muitos remédios, 23 comprimidos por dia, e faço uso de quatro bombinhas. Moro sozinha e sou aposentada por invalidez. Tenho dois irmãos e duas irmãs, uma madrinha que me ajuda muito e uma vizinha que cozinha pra mim, porque não tenho muita sensibilidade. A única coisa que a esclerose me impossibilita é mexer em algo quente e não sentir. Já queimei várias vezes, e uma dessas queimaduras demorou quase nove meses para cicatrizar. Minha cicatrização é muito lenta, por isso preciso ter muito cuidado”, explicita.
Mesmo diante de tantos desafios, Tatiana ressalta que a esclerose múltipla não a deixa pra baixo, pelo contrário, “me deu um ‘up’ pra vida, porque nem tudo é um empecilho na nossa vida”, acrescenta. Como pontua a paciente, “eu não tenho esclerose, ela que me tem, porque eu sou forte. Se eu estou aqui de pé até hoje, lutando, correndo atrás, resolvendo tudo, é porque a minha fé me sustenta. Tem dias de tristeza, de desânimo, mas a gente não pode se deixar abater. Sim, a esclerose não tem cura, mas eu posso levar uma vida normal, dentro do meu tratamento, das minhas medicações, e aqui eu tenho todo o apoio, desde o porteiro, à equipe da faxina e aos profissionais de saúde. Onde eu vou, sou bem acolhida, então eu não tenho nada a reclamar, só a agradecer. Cada dia que eu acordo e abro os meus olhos, eu vejo um novo amanhecer, pra mim é uma vitória”, assegura.
Indagada se gostaria de deixar alguma mensagem para quem lê essa matéria, ela sonha em ver quem mora em cidade sem estrutura de atendimento à saúde ter o mesmo tratamento digno proporcionado aqui no HU. Também agradece a equipe do hospital, até mesmo os pacientes, o carinho que todos têm com ela, sem citar nomes, porque são muitos, ressalta. Agradece pelo carinho, apoio, as festinhas de aniversário, acolhimento e toda a atenção recebida.
Tati encerra com uma mensagem aos pacientes de esclerose: “Nós portadores de Esclerose Múltipla vamos ter que conviver com a doença o resto da vida, e que esta seja longa e plena, que cada dia tenhamos aquele gosto de uma pequena vitória. Ter Esclerose Múltipla não é sentença de incapacidade, cada pessoa manifesta de maneiras diferentes e em diferentes graus. Que não pensemos no pior e que a vida de cada um de nós possa ser vivida com qualidade dentro das nossas possibilidades, como sabemos poder viver uma vida normal dentro do tratamento com a equipe multidisciplinar e das medicações. Eu sempre falo que a ‘Esclerose Múltipla me tem, mais eu não tenho a Esclerose Múltipla’. Eu vivo cada dia dentro das minhas limitações e me sentindo uma Mulher Maravilha, uma guerreira”, finaliza.