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PROCESSO TRANSEXUALIZADOR
HU apresenta trabalho e fluxos de atendimento do Serviço de Atenção Especializada no Processo Transexualizador
O Serviço de Atenção Especializada no Processo Transexualizador já está atendendo no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF, sob gestão da Ebserh). A instituição está autorizada a oferecer procedimentos nas modalidades ambulatorial e hospitalar.
O atendimento prevê, segundo a portaria que o habilita, atenção integral em saúde às pessoas transexuais e travestis, por condução interdisciplinar e multiprofissional, integrando ações e serviços do processo transexualizador, não restringindo ou centralizando a meta terapêutica às cirurgias de transgenitalização e demais intervenções somáticas. Também prevê atendimento humanizado e acolhedor, livre de discriminação, por uma equipe capacitada e sensível ante às diferenças e à dignidade humana. A equipe envolvida conta com profissionais de enfermagem, psicologia, assistência social, fisioterapia, ginecologia, urologia, endocrinologia, cirurgia plástica e psiquiatria.
No momento, estão sendo realizados atendimentos a pacientes que já estão no serviço, por meio de consultas multiprofissionais e médicas, prescrição de hormonioterapia, exames laboratoriais e de imagem. As cirurgias que serão oferecidas serão histerectomia, ooforectomia, construção de neovagina – em conjunto com a equipe de Urologia, mamoplastia de aumento, mastectomia entre outros. A equipe está realizando a triagem dos pacientes que precisarão passar por todo o processo de acompanhamento médico e multiprofissional antes de serem submetidos à cirurgia. Tal triagem consiste inicialmente na verificação da demanda de cada paciente, se atende os critérios de idade (21 anos no mínimo) e tempo de acompanhamento (2 anos no mínimo).
O serviço acompanha 110 pessoas atualmente, e duas cirurgias de mastectomia já foram realizadas.
As equipes envolvidas direta e indiretamente estão sendo capacitadas, incluindo residentes, acadêmicos e staffs. Também houve visita técnica da equipe cirúrgica ao Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Além disso, protocolos para o atendimento de pessoas transexuais e travestis estão em fase de construção.
Outra ação foi a realização do I Simpósio Processo Transexualizador (TRANSformando olhares para TRANSformar vidas) realizado no dia 31 de outubro. O evento contou com um público expressivo e foi realizado no anfiteatro da Faculdade de Engenharia da UFJF.
A mesa de abertura contou com a presença da vice-reitora da UFJF, Girlene Alves, do superintendente do HU, Dimas Araújo, do secretário de Saúde da PJF, Ivan Chebli, representado a prefeita, Margarida Salomão, e do vice-presidente da Mesa Diretora do Conselho Municipal de Saúde, Wellington Moraes, representando a presidente do CMS, Regina de Souza.
Foram exibidas mensagens em vídeo da diretora do Programa da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, vinculado ao Ministério da Saúde, Flávia do Bonsucesso Teixeira, e de Dandara Felícia, mulher trans e referência nos direitos LGBTQI+. As apresentações contaram com palestras da equipe técnica do Serviço de Atenção Especializada no Processo Transexualizador, explicando os procedimentos oferecidos e fluxos de encaminhamento.
Durante o evento, também houve uma mesa com falas de duas mulheres e dois homens trans, que trabalham com educação e direitos da população LGBTQIAPN+, contando suas histórias pessoais, de luta, preconceito, violência e também vitórias. A plateia participou com perguntas e o desfecho do evento contou com apresentação musical da artista BEKAA.
O Ministério da Saúde tem realizado um trabalho para diagnóstico situacional dos centros habilitados pelo SUS espalhados pelo Brasil. O HU-UFJF recebeu a visita da diretora do Programa da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, vinculado ao Ministério da Saúde, Flávia do Bonsucesso Teixeira, no último dia 27 de outubro com esse intuito.
Ela explicou que o objetivo era conversar com a equipe e com a Superintendência para entender como foi o processo de habilitação, como está sendo organizado o serviço e trazer a expectativa do Ministério da Saúde sobre o trabalho junto à população LGBTQI+.
“Estamos agora no processo de elaborar uma política de atenção especializada para a população trans, que revisará a portaria atual e ampliará o cuidado”, afirmou Flávia. Por isso, “é muito importante ouvir as experiências dos serviços, inclusive do HU-UFJF. Embora tenha sido habilitado agora, ele já existe e tem uma expertise. Saber quais são as dificuldades, os sucessos e as experiências que podem ajudar a gente a pensar uma política melhor”, acrescenta.
As impressões da profissional foram positivas. “Eu vi uma equipe preparada, que consegue trabalhar na perspectiva mais atual que a gente tem do cuidado para a população trans, numa perspectiva da despatologização, da garantia dos direitos, da proteção, da não violência, uma equipe profundamente preparada tecnicamente para trabalhar com a população trans e uma equipe muito jovem, mas muito qualificada. A gente vai muito feliz de saber que Juiz de Fora comporá a rede, com oferta de serviço ambulatorial e hospitalar, e com qualidade”, concluiu a representante do Ministério da Saúde.
"É com alegria que vejo esse auditório cheio em uma tarde para poder discutir a atenção a pessoas trans. Temos uma equipe muito qualificada, que recebeu muitos elogios da diretora do Programa da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde, vinculado ao Ministério da Saúde, Flávia do Bonsucesso Teixeira, em visita ao HU recentemente. Ela trouxe muitas novidades, como a criação de uma política de atenção às pessoas trans, mudando radicalmente a visão desse processo transexualizador, inclusive desburocratizando protocolos clínicos e incrementando equipes mínimas nos serviços. Temos muita notícia boa para o próximo ano. Nossa grande preocupação é com a transfobia, que não vamos tolerar dentro da instituição".
Dimas Araújo – superintendente do HU-UFJF
"A gente quer uma política pública que seja transformadora, que seja implementada. Precisamos olhar essa população trans de forma cuidadosa, e o Hospital Universitário assume um papel estratégico, não só no cuidado, mas na formação, precisando ter esse olhar atento e diálogo forte na formação dos futuros profissionais. Esse processo formativo dentro do hospital é fundamental. Estamos falando da produção de um cuidado que é carregado de preconceito, e isso também se resolve num debate franco, fraterno, entendendo nossos limites. Estamos falando dos princípios doutrinais do SUS, universalidade do acesso, equidade e integralidade. Quero parabenizar a ousadia do HU. Muitas coisas são novidades, e vamos aprendendo a fazer, porque temos uma parte da população brasileira precisando ser cuidada".
Girlene Alves – vice-reitora da UFJF
"Quero parabenizar porque saímos na frente, com certeza o Ministério da Saúde estará acompanhando essa experiência, nos ajudando a fomentá-la, porque essa é uma política prioritária do atual MS: a promoção da igualdade de todas, todos e todes. A criação desse serviço reflete além da vontade política da União o compromisso do município também com a implementação dessas políticas equitativas, como por exemplo a Política de Atenção à População Negra".
Ivan Chebli – secretário de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora
"Como representante do Conselho Municipal de Saúde, digo que o conselho está de portas abertas para poder receber todas as demandas necessárias, para que possamos ter uma integralidade do cuidado com eficácia no acesso ao serviço de saúde".
Wellington Moraes - vice-presidente da Mesa Diretora do Conselho Municipal de Saúde