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SILÊNCIO, POR FAVOR!
Campanha aborda relação entre silêncio e restabelecimento de saúde na UTI
Tranquilidade e descanso são elementos importantes para a recuperação da saúde de pacientes, especialmente aqueles que se encontram em cuidados intensivos. Pensando nisso, teve início esta semana no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF, sob gestão da Ebserh) uma campanha de conscientização sobre a importância do silêncio na UTI.
Houve apresentação da campanha na entrada do setor, com exposição de banner, cartazes, distribuição de bóton e adesivos, e conversas de esclarecimento sobre o decibelímetro. O aparelho mede o nível de ruído no ambiente e será instalado na UTI.
Promovida pela Unidade de Terapia Intensiva, a iniciativa partiu da equipe do setor, especialmente a enfermagem, ao perceber como os ruídos prejudicam o ambiente de trabalho, explica o médico Bruno Valle, chefe da UTI. “Existem trabalhos na literatura que mostram correlação entre o ruído aumentado e desfechos clínicos ruins para os pacientes. Dessa forma, resolvemos abraçar essa ideia e tentar reduzir ao máximo o nível de ruído na UTI”, complementa.
A enfermeira Marina Abreu ressalta que o silêncio é um tipo de cuidado, faz parte do tratamento: “Os pacientes têm a possibilidade de períodos de descanso maior, uma higiene do sono melhor, auxiliando no tratamento”. A ideia é ser uma campanha permanente e contínua para modificar hábitos.
O barulho é uma das principais queixas de pacientes acordados internados em UTI, afirma a enfermeira Bárbara Pereira. “É um setor com ruídos rotineiros, 24 horas, de monitores que emitem sons, conversas, entra e sai de pessoas, de profissionais de laboratório, farmácia, residentes. Já está comprovado cientificamente que pacientes podem evoluir para delírio devido a isso. Numa visita em um hospital de São Paulo, vimos um decibelímetro na UTI, responsável pela medição desse som. Aí a gente teve a ideia de trazer um também para o setor, visando medir os ruídos e lançar essa campanha do silêncio, que faz parte de um tratamento”, explica. Também foi montado um kit destinado aos pacientes lúcidos, contendo um tapa olho e um protetor auricular para uso durante a noite.
Como reforça a enfermeira Andressa da Silva, vai haver um trabalho de conscientização junto aos profissionais, cujo objetivo é reduzir a poluição sonora com situações controláveis, a exemplo de tom de voz, ajustes de equipamentos e alarmes de forma adequada, mantendo uma assistência de qualidade. “Serão realizados planejamentos ao longo do ano, através de ações que contribuam para a redução de ruídos, principalmente no horário noturno, minimizando efeitos deletérios. A NR17, em seu item 5.2.1, utiliza como parâmetro aceitável e recomendável no ambiente de trabalho a exposição de até 65 dB”, pontua.
A profissional também lembra que ruídos em níveis elevados prejudicam o descanso e a melhora dos pacientes assim como a saúde do trabalhador. Dessa forma, “com o controle do ruído, esperamos proporcionar aos pacientes maior tranquilidade e descanso, contribuindo para a recuperação das condições de saúde. Na visão laboral, auxiliando os profissionais no desempenho de suas atividades”, frisa.