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Vacinas são seguras? Especialistas da rede Ebserh respondem
O dia 9 de junho é marcado no calendário da saúde como o Dia Nacional da Imunização. A data reforça a importância da vacinação em todas as fases da vida, como uma das principais formas de prevenir doenças.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) é reconhecido mundialmente pela excelência em imunização. A imunização é uma ferramenta eficaz e segura para prevenir doenças infecciosas. Conversamos com médicos infectologistas da rede Ebserh sobre algumas dúvidas e receios que as pessoas costumam ter em relação a imunização.
1. O que são vacinas e como elas agem no organismo?
André Bon, infectologista do HUB – UnB/Ebserh - As vacinas são imunobiológicos que podem ser redivididos de duas formas genericamente: vacinas inativadas e vacinas atenuadas. As vacinas atenuadas são aquelas que têm o organismo vivo, mas enfraquecido e as inativadas são aquelas que possuem pedaços do organismo para o qual se busca produzir a imunidade. O principal objetivo da vacina é aplicar uma medicação ou imunobiológico no indivíduo para que ele possa desenvolver imunidade ou proteção anticorpos e proteção celular contra alguns tipos de infecção. Então basicamente o princípio da vacina é a gente dar para o corpo um pedaço de um patógeno ou ele completo de forma enfraquecida para que o próprio corpo possa desenvolver a proteção contra aquele patógeno, bactéria, ou vírus, de modo que ao entrar em contato com a bactéria ou vírus na realidade, a pessoa já tenha a proteção e não fique doente ou, pelo menos, não tenha formas graves daquela doença.
2. Todos nós reagimos da mesma forma as vacinas?
Rubia Miossi, infectologista do Hucam -Ufes/Ebserh - Sim, respondemos de maneira diferente, depende de cada organismo. Existem pessoas que têm a imunidade normal, são imunocompetentes, então elas têm a resposta imunológica prevista nos testes da vacina que foram feitas, tanto de segurança quanto de imunogenicidade. Então elas são feitas inicialmente em pessoas imunocompetentes, que geralmente vão desenvolver a resposta imunológica esperada para um organismo normal.
Pessoas com imunidade reduzida por alguma razão, que têm doenças que causam baixa imunidade, que estão tomando medicações que reduzem a imunidade, ou que, por alguma falha congênita, têm imunidade reduzida, que são as imunodeficiências primárias, elas podem responder de maneira diferente. Em geral, elas não respondem na mesma quantidade que as pessoas que são imunocompetentes e têm uma resposta aquém do esperado. Mas, na sua grande maioria, elas terão alguma resposta. Importante lembrar que as pessoas com imunidade reduzida por algum motivo, elas estão mais suscetíveis a ter as doenças que as vacinas previnem, de forma mais grave. Então tomar as vacinas, ainda que elas não consigam ter a melhor resposta, é importante porque elas terão alguma resposta. Não ter nenhuma resposta quando tem contato com a doença, seja o vírus ou a bactéria, é pior do que ter alguma resposta ainda que menor do que o restante da população.
Existe uma outra situação, que são as pessoas que não respondem à vacina, ou não podem tomar a vacina, porque irão desenvolver alguma reação grave, ou poderão desenvolver a doença, ainda que de forma mais branda, mas de uma maneira que elas possam ficar graves. Por exemplo, vacinas de vírus vivos, elas podem causar doença vacinal em algumas pessoas que têm imunidade muito comprometida que impede de tomar vacinas de vírus vivos. E, justamente pelo organismo dessas pessoas não ser capaz de responder adequadamente uma vacina de vírus vivos é contraindicado para elas, é daí que vem a importância das pessoas que podem tomar essas vacinas, tomarem - porque quanto mais gente vacinada, menos vírus circulam, protegendo indiretamente essas pessoas que não podem tomar essas vacinas. Isso é superimportante de ser falado quando falamos de vacina: Tomar a vacina quando você é imuno competente e tem menor risco de ter a doença de forma grave, é importante para você proteger as pessoas que podem ter doença de forma grave, mas que não podem tomar a vacina por algum motivo.
3. Como eu posso saber que a vacina foi realmente aprovada para o uso?
Danise Senna Oliveira, infectologista do HE – UFPel/Ebserh - Todas as vacinas que são comercializadas no país passam por estudos clínicos de fases 1, 2 e 3 que medem, além de eficácia, segurança do produto. A Anvisa é o órgão regulador responsável por avaliar os dados de todas as fases clínicas do protocolo de estudo do produto e liberar para uso. Então se está no mercado sendo comercializada é porque é um produto seguro, caso contrário, não teria sido liberado para uso pela Anvisa.
4. Existe alguma vacina que não pode ser tomada junto com outra? Por quê?
Henrique de Villa Alves infectologista HC – UFU/Ebserh - Sim, existe uma situação, mas é uma situação única, em que não pode ser feito no mesmo tempo, que a vacina tríplice viral ou a tetra viral, junto com a vacina da febre amarela, em crianças menores de dois anos, elas não podem ser feitas no mesmo dia, no mesmo momento. Tem que ter um intervalo de 30 dias entre elas, porque os estudos mostram que uma reduz a eficácia da outra. Mas fora dessa situação, ou seja, para adultos ou para crianças acima de dois anos, não existe nenhuma contraindicação, inclusive essa que eu te falei, da febre amarela e a tríplice viral podem ser feitas no mesmo dia, pois é uma situação bem pontual, bem isolada, só para criancinhas mesmo pequenininhas, de um modo geral a aplicação pode ser realizada no mesmo momento.
5. Uma pessoa pode pegar uma doença mesmo tendo sido vacinada contra ela?
André Bon, infectologista do HUB – UnB/Ebserh - Pode sim e existem vários motivos para isso. O primeiro é que algumas vacinas não são destinadas a evitar a pessoa pegar a doença, mas sim para evitar formas graves da doença, como por exemplo as vacinas contra Covid-19, as vacinas contra a influenza. O outro fato é que as vacinas não são 100% eficazes, então podem ter algumas pessoas que não vão responder adequadamente a vacina. Um outro motivo é que existem causas de falha vacinal e essas causas de falha vacinal são as mais diversas: relacionadas a fatores do indivíduo, como por exemplo imunossupressão, então pacientes muito imunos suprimidos não vão conseguir responder adequadamente a vacina e podem acabar tendo a doença, até questões estruturais, se a vacina não está adequadamente guardada e refrigerada ou se a vacina não foi adequadamente aplicada. Existem várias coisas que podem levar a falha vacinal.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.