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CONTRACEPÇÃO
Planejamento familiar contribui para vida reprodutiva saudável
Imagem: Shutterstock
Brasília (DF) – Cerca de 62% das mulheres já tiveram pelo menos uma gravidez não planejada no Brasil. Os dados são de uma pesquisa realizada em 2022 pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e reforçam a importância do planejamento familiar e do acesso a métodos contraceptivos. Pensando nisso, a Organização das Nações Unidas (ONU), instituiu o dia 26 de setembro como o Dia Mundial da Contracepção. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), por meio de seus hospitais universitários, oferece serviços voltados para a assistência e educação em saúde da população.
O planejamento familiar é um conjunto de ações criadas para orientar mulheres e homens quanto a métodos contraceptivos, prevenção de gravidez não desejada e direito de escolha de ter filhos ou não. Dessa forma, é fundamental fornecer informações sobre métodos contraceptivos e planejamento familiar durante o pré-natal e pós-parto para empoderar as mulheres a tomar decisões informadas sobre sua saúde reprodutiva.
Planejamento familiar
A Maternidade-Escola, que faz parte do Complexo Hospitalar do Rio de Janeiro (CH-UFRJ), foi pioneira na história do planejamento familiar no Brasil. Ao longo dos anos, se adequou às mudanças estabelecidas pelo Ministério da Saúde, oferecendo assistência materno infantil plena, incluindo os métodos anticoncepcionais de longa duração reversível, conhecidos como LARCs (Long-Acting Reversible Contraceptives), no pós-parto imediato, laqueadura e ambulatório de LARCs, onde as puérperas têm nova oportunidade de contracepção após 30 dias do parto.
De acordo com a ginecologista e obstetra da Maternidade, Célia Regina da Silva, o planejamento familiar é um componente crucial do sistema de assistência à mulher, uma vez que promove a saúde e o bem-estar das mães e de seus bebês, além de contribuir para a estabilidade e o desenvolvimento das famílias. “Na Maternidade-Escola UFRJ primamos pela ampla assistência, incluindo a orientação para a mulher fazer sua melhor escolha anticonceptiva. Sempre oferecemos informação sobre os métodos disponíveis durante o pré-natal além da laqueadura ou vasectomia”, explicou.
A ginecologista e obstetra destacou ainda que LARCs, como os dispositivos intrauterinos hormonais e não hormonais (DIUs) e implantes sob a pele, têm se destacado como uma boa opção para o planejamento familiar, pois oferecem proteção prolongada contra a gravidez sem a necessidade de intervenções frequentes. “Esses métodos são projetados para durar vários anos, proporcionando uma contracepção confiável e de baixa manutenção, são altamente eficazes e totalmente reversíveis”, disse.
Educação em saúde
No Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) funciona um ambulatório de Planejamento Familiar para atendimento de pessoas com necessidade contraceptiva. No local, são oferecidas orientações sobre os métodos contraceptivos de curta e de longa duração reversíveis e irreversíveis, além da inserção de DIU e implante. Além disso, o hospital conta com um Ambulatório de DIU puerperal para acompanhar as mulheres que colocaram o DIU de cobre durante o período pós-parto.
O espaço também tem um grupo de orientação e aconselhamento para a população. De acordo com a coordenadora do ambulatório de planejamento, a ginecologista e obstetra Leticia Sanchez Ferreira, iniciativas como essa são fundamentais, uma vez que o planejamento familiar é um direito resguardado por lei. “As pessoas têm direito a ter acesso a métodos contraceptivos nos serviços de saúde. Isso engloba receber orientação adequada e baseada em evidência científica sobre a eficácia e a segurança de todos os métodos para que possam escolher de forma consciente”, reforçou.
Ainda segundo a ginecologista e obstetra, a contracepção pode ser considerado um dos instrumentos capazes de reduzir a mortalidade materna, por evitar gestações não planejadas, além de oportunizar às mulheres a capacidade de gestão de seus outros planos de vida, como capacitação profissional, além da maternidade”, complementou.
Contracepção para homens e mulheres
A legislação brasileira que trata de laqueadura e vasectomia passou recentemente por mudanças significativas, com o objetivo de facilitar o acesso a esses procedimentos e promover a igualdade de gênero na contracepção. A Lei nº 14.443 de 2022 permite que mulheres e homens possam optar pela laqueadura ou vasectomia com menos burocracia, respeitando sua autonomia e direito de decidir sobre suas vidas reprodutivas. Além disso, a legislação atualizada promove a igualdade de gênero ao reconhecer a importância da participação masculina no planejamento familiar.
A vasectomia, por exemplo, é um método seguro e eficaz que pode ser uma opção viável para muitos homens. O Urologista e chefe da Unidade de Sistema Urinário do HC-UFPE, Fábio Vilar, destaca que a vasectomia no homem é mais simples e traz menos problemas que a laqueadura nas mulheres. “O procedimento é rápido, com anestesia local, dura cerca de 20 minutos, não necessita internamento, tem pouquíssimas complicações e rapidamente o paciente pode retornar as suas atividades habituais”, enfatizou.
Ainda conforme a legislação, a idade mínima para a realização de laqueadura e de vasectomia foi reduzida de 25 para 21 anos. “Para aqueles com pelo menos dois filhos vivos, a idade mínima é de 18 anos. Essa lei também dispensa o consentimento do cônjuge para a realização dos procedimentos, promovendo maior autonomia individual”, finalizou o urologista. Os pacientes que desejam fazer vasectomia no HC-UFPE devem participar de palestras sobre métodos contraceptivos e após 60 dias da assinatura do termo de consentimento são encaminhados para a realização o procedimento.
Sobre a Ebserh
O HUPAA-Ufal faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Paulina Oliveira, com revisão de Danielle Campos