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DIABETES
Dia Mundial de Combate ao Diabetes: uma em cada dez pessoas tem a doença
Você conhece alguém que tem diabetes? Se sua resposta foi negativa, saiba que você é uma pessoa de sorte. Pois, atualmente, o número de diabéticos no mundo é de 537 milhões, entre adultos na faixa de 20 a 79 anos. Ou seja, 1 em cada 10 pessoas dessa faixa etária apresenta a doença. Esse dado é ainda mais expressivo quando comparado com o ano de 2019, quando o número mundial de diabéticos, na mesma faixa etária citada, era 463 milhões. Ou seja, em dois anos houve um aumento de 16% na incidência da doença. A previsão é que, se as taxas continuarem em ascendência, em 2030 haja 643 milhões de adultos com diabetes e, em 2045, 784 milhões.
Apesar do número expressivo de diabéticos, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF – sigla em inglês), quase a metade desse grupo não sabe de sua condição. Por isso, se você respondeu que não conhece alguém com diabetes, muito provavelmente a razão para isso é a desinformação, acompanhada do diagnóstico tardio.
De acordo com a Dra. Sandra Regina Xavier Santos, médica endocrinologista e chefe do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU/Ebserh), os sintomas do diabetes do tipo 1, doença autoimune, são mais agudos. Geralmente, o paciente produz muita urina e tem sede em excesso, além de um emagrecimento perceptível, “o que chama mais atenção do paciente, do familiar e do médico”. Já o diabetes do tipo 2, de caráter genético, geralmente começa assintomático. “Quando se fecha o diagnóstico, muitas vezes o paciente já está diabético há muito tempo e não sabia. Esse tipo de diabetes é o mais difícil de manejo, porque, muitas vezes, o paciente já tem as complicações porque fez o diagnóstico tardio”, explica Sandra.
Esse desconhecimento é extremamente preocupante quando confrontado com os dados de mortalidade: o diabetes foi responsável direto por 6,7 milhões de mortes em 2021. Em outras palavras, uma morte a cada 5 segundos. Vale ressaltar que nesses números estão excluídas as mortes causadas por outras enfermidades, mas que tiveram suas complicações agravadas pelo diabetes. “As complicações mais importantes e mais vistas no caso do diabetes do tipo 2, mal controlado ao longo da vida, são a retinopatia, a nefropatia, neuropatia diabética periférica e autonômica, e a cardiopatia”, informa Sandra. De acordo com a médica, essas complicações “são as quatro mais importantes e que dificultam o manejo do diabetes futuramente”.
Além dos dados já citados, a 10ª Edição do Atlas Diabetes 2021 (que terá seu relatório completo divulgado em 6 dezembro deste ano pela IDF), também evidenciou que grande parte (81%) dos casos de diabetes está localizada nos países de média e baixa renda. No Brasil, segundo informações da 9ª edição do Atlas, em 2019 existiam cerca de 16,8 milhões de diabéticos. Com esses números, o país ocupou o 5º lugar no ranking dos dez países com maior número de pessoas com diabetes. Nos primeiros quatro lugares estão China, Índia, Estados Unidos e Paquistão, respectivamente.
Diante desse panorama alarmante, é imprescindível compreender quais são as medidas de prevenção e diagnóstico do diabetes. Como pontua Sandra, “a implicação maior do diagnóstico tardio do diabetes seria a presença das complicações, que são crônicas e irreversíveis”. Sendo assim, quando ocorre o diagnóstico precoce da doença, torna-se possível prevenir tais desdobramentos “através do tratamento, da orientação de mudança de estilo de vida e dos vários tratamentos farmacológicos que nós temos no momento”, explica.
De acordo com Sandra, as consultas regulares ao médico endocrinologista e às demais especialidades correlacionadas favorecem o acompanhamento da doença e a prescrição de um tratamento eficaz. No HC-UFU existem ambulatórios especializados em diabetes do tipo 1 e do tipo 2. Somado a isso, há também o laboratório de gestação de alto risco, direcionado às gestantes diabéticas. No hospital, os atendimentos são individualizados, o que viabiliza não somente a particularidade de cada paciente, como o aprendizado dos residentes e alunos, que é “uma das prioridades do HC-UFU”, ressalta a médica e também docente da UFU.
Com o tratamento correto e com a mudança de hábitos, tais como alimentação saudável e prática de exercícios físicos, o paciente diagnosticado com diabetes pode alcançar bons níveis de qualidade de vida. A boa alimentação, por exemplo, facilita a regulação dos níveis glicêmicos: “há uma grande gama de alimentos que são destinados propriamente aos diabéticos, sem açúcar, de sabor muito agradável e que pode melhorar muito o cardápio do paciente diabético”, salienta Sandra. Além disso, “a perda de peso, de 7 a 10% do seu peso corporal, coloca esse paciente praticamente dentro das metas glicêmicas e de colesterol que nós precisamos”, finaliza.