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Sem diminuir atendimentos, HC-UFTM reduz a taxa de ocupação no PS e a espera por internação e exames
Uma redução de 42% na taxa de ocupação do Pronto-Socorro (PS) entre agosto e novembro de 2021, sem diminuir a taxa de admissão. Tempo de espera por internação 61,5% menor no período, além de 37,5% menos pacientes no PS necessitando de ventilação mecânica. O tempo de espera para realização de exames de tomografia caiu 75%; de ultrassom, 62,5%; de raios X, 50%; e de exames laboratoriais, 41,6%. Esses são alguns dos avanços conquistados pelo Setor de Urgência e Emergência do Hospital de Clínicas da UFTM ao fim da primeira etapa do projeto Lean nas Emergências, executado em parceria com o Ministério da Saúde e o Hospital Sírio Libanês.
Os números foram apresentados em cerimônia aberta ao público na manhã de 1.º de dezembro, e demonstram os efeitos das ferramentas de gestão implantadas após dez oficinas quinzenais, envolvendo toda a área assistencial do Hospital de Clínicas. A instituição é uma das 20 unidades hospitalares brasileiras (entre mais de 610 inscritas) selecionadas para fazer parte do quinto ciclo do projeto Lean. A fase de acompanhamento seguirá pelos próximos 12 meses, com foco na manutenção das melhorias alcançadas.
Para a superintendente do HC-UFTM, Ana Lúcia de Assis Simões, o fim da primeira etapa representa um trabalho realizado com muito empenho e dedicação, e que traz ganhos relevantes para as condições de assistência ao paciente e de trabalho para os profissionais que atuam no PS. “Isso não tem preço, conseguir melhorar essa dinâmica de trabalho, diminuindo a exposição ao estresse físico e psicológico. O Pronto-Socorro do Hospital de Clínicas é referência para casos de urgência vindos de 27 municípios. Precisamos direcionar um olhar atento e humanizado a esse setor, para que a gente possa proporcionar uma forma de trabalho mais digna e um atendimento mais humanizado”, definiu.
Ainda de acordo com a superintendente, “o projeto Lean é uma semente que foi plantada, e como toda semente precisa ser cultivada para prosperar. Vamos cuidar com muito carinho desses novos fluxos de trabalho. O Pronto-Socorro é estreitamente relacionado com as diretrizes e políticas da Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba. É preciso estreitar esse diálogo com a rede [SUS]. Não somos o único prestador, e por isso precisamos alinhar uma forma de trabalho comprometida com todos os demais parceiros. Essa semente vai frutificar, para ficar no passado aquela imagem de PS lotado”, disse, estimulando uma salva de palmas aos profissionais da saúde diretamente atuantes nas urgências e emergências, bem como a todos que abraçaram as propostas do Lean na instituição.
Conforme a gerente de Atenção à Saúde do Hospital de Clínicas, Andreia Duarte de Resende, o projeto trouxe uma filosofia de trabalho diferente para a instituição, com métodos que potencializam o uso dos recursos humanos e a gestão do tempo. “Implantamos uma otimização de processos, sem aumento de custos. Um trabalho construído a muitas mãos. Várias cabeças pensantes, pessoas que colaboraram ativamente na identificação das oportunidades de melhoria. A dinâmica cotidiana do atendimento em urgências deve naturalmente causar oscilações nas taxas de ocupação, cabendo ao serviço adotar tempestivamente as medidas necessárias para corrigir os desvios”, explicou.
Segundo o chefe do Setor de Projetos Estratégicos em Saúde do HC, Lucas Vieira Fernandes Corrêa, existem gatilhos que indicam o início de situações de utilização excepcional da capacidade operacional no PS. “Diante desses sinais, devem ser reforçadas as ações ordinárias e adotadas medidas adicionais para estimular a eficiência necessária e combater a causa identificada. Para dar continuidade aos resultados, é preciso o engajamento de toda a equipe”, afirmou.
Corrêa exemplificou algumas das medidas que considera mais relevantes para que tenham sido alcançados os resultados expressivos do período entre agosto e novembro de 2021: combate aos desperdícios de tempo em espera; às movimentações desnecessárias de equipes, com reordenação de rotas e segmentação física de atendimentos conforme a gravidade dos casos; aos transportes repetitivos de materiais, com dinamização do processo de controle de estoques; e aos processos que não agregam valor ao atendimento, e que podem ser eliminados.
Já o chefe da Unidade de Pronto-Socorro do HC, Wanderson Borges Tomaz, salienta que uma importante ferramenta adotada foi o mapeamento dos processos de trabalho, acompanhando o trajeto do paciente desde a admissão até a saída. O profissional esclarece que se trata de um mapa de fluxo de valor voltado a otimizar o tempo de espera por exames, resultados e altas, reorganizando o ambiente e padronizando condutas. “Foram definidas tarefas, prazos e responsáveis para solucionar 56 oportunidades de melhoria, hierarquizadas a partir de uma matriz de relevância, para o paciente se sentir mais feliz e acolhido. Isso aumenta a segurança do atendimento e a satisfação dos profissionais”, detalha Tomaz.
A melhoria dos processos de alta, assumindo a noção de que o processo de desospitalização deve ser compartilhado com o paciente durante todas as etapas da internação (criando uma trajetória previsível para o usuário), foi destacada, por sua vez, pela responsável técnica médica pelo Setor de Urgência e Emergência, Patrícia Naves de Resende. “Essa é uma medida que humaniza a experiência de internação vivenciada pelo paciente, e complementa os ganhos de agilidade proporcionados pelo giro de leitos mais dinâmico pactuado com as enfermarias do complexo hospitalar”, avalia.
Para manutenção dos resultados alcançados, foram estabelecidas ações de monitoramento contínuo, incluindo a criação de um comitê de acompanhamento quinzenal, um escritório de gestão de altas e uma área de conforto ao paciente que já recebeu alta, fora da ala assistencial, destinada àqueles que esperam por transporte para retorno aos municípios de origem e já não precisam permanecer em leito.
Unidade de Comunicação HC-UFTM