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Práticas Integrativas
Praticantes de reiki no HC-UFTM relatam benefícios dessa terapia complementar sobre a ansiedade e a insônia
Luz azul, verde, violeta, música relaxante e tranquilidade. Esses são alguns dos elementos que compõem o ambiente no qual acontecem as sessões de reiki no Núcleo de Práticas Integrativas e Complementares (Nupic) do Hospital de Clínicas da UFTM. Essa modalidade terapêutica advém da medicina tradicional oriental, tendo sido elaborada pelo monge japonês Mikao Usui na década de 1920.
De acordo com a terapeuta de reiki Elaine Aparecida de Moura Alves, que atua como voluntária do Nupic nas segundas-feiras à tarde, a prática utiliza a imposição das mãos para promover uma canalização de energia vital que resultaria no equilíbrio energético necessário ao bem-estar físico e mental do paciente. Com as mãos paradas e em formato que lembra uma concha, essa energia seria direcionada aos sete chakras, que representam na tradição oriental os centros energéticos do corpo físico: coronário (topo da cabeça); frontal (entre as sobrancelhas); laríngeo (garganta); cardíaco (peito), plexo solar (abdômen), esplênico (pelve) e básico (base da espinha dorsal).
“Durante a sessão, o reiki vai atuar para equilibrá-los ou alinhá-los. Quando um chakra está desalinhado, acontecem algumas disfunções no nosso corpo”, justifica Alves. Sob a perspectiva do reiki, esse equilíbrio seria a manutenção de um mesmo nível de energia em cada chakra. Já o alinhamento corresponderia a um desbloqueio da conexão entre os mesmos, a partir da crença de que funcionam em conjunto, não isoladamente.
Alves contextualiza que o reiki é frequentemente confundido com outras práticas holísticas e até mesmo religiosas, mas se fundamenta em preceitos diferentes. “O reiki não envolve religião. É uma troca de energia. É como se a gente fosse um condutor. No momento em que estamos fazendo a imposição de mãos eu vou transferindo a minha energia para você”, define.
No Nupic, atualmente cinco pacientes praticam o reiki. Para cada um, é previsto um ciclo com dez sessões, durando de 40 minutos a uma hora. Segundo o Núcleo, os principais motivos que levam os usuários a buscar essa terapia, no âmbito local, são insônia, depressão, enxaqueca, ansiedade e síndrome do pânico.
A estudante Emilliana Nascimento Silva, de 17 anos, relata conviver com dificuldades para dormir e ansiedade, há algum tempo. “Eu às vezes acordava às quatro horas da manhã, e até o resto do horário que eu tinha para dormir, ficava despertando o tempo todo... às vezes demorava de meia hora a uma hora para voltar a dormir. E tinha vez que não conseguia de jeito nenhum”, relembra.
Para ela, as sessões de reiki resultaram em mais qualidade de vida e autoconhecimento. “Eu deito e descanso tranquila, durmo melhor agora, não fico com sono durante o dia. Estou menos ansiosa. Quando ficava muito nervosa, às vezes tinha falta de respiração, tremor, e hoje consigo controlar mais”, diz Silva. A jovem pontua, ainda, que a descoberta do reiki foi uma surpresa. “Eu nunca tinha ouvido falar sobre, conhecimento zero, comecei a fazer... nossa, foi muito bom. Às vezes eu passo um tempo sem fazer, por exemplo, quando estão de férias. Parece que até muda, sabe? A gente sente falta de fazer”, afirma.
A cirurgiã-dentista Daniela Aparecida Delfino Dalalilo, de 46 anos, é outra praticante do reiki no Nupic. Os motivos são parecidos com os de Emilliana: insônia e ansiedade. Assim como a estudante, ela desconhecia a terapia e se surpreendeu com a melhora para os problemas que a levaram ao Núcleo. Dalalilo acredita que o processo de cura depende de cada pessoa e que a prática integrativa e complementar é mais uma opção para otimizar o tratamento convencional. “Num período que a gente fica mais ansiosa, busca alguma coisa que acha que vai te fazer bem, alguma cura que venha mais de dentro de você mesmo. Então foi isso que me trouxe essa vontade de buscar a cura”, argumenta.
O recesso de fim de ano interrompeu as sessões do Nupic. Essa quebra foi percebida pela dentista: “Passou a voltar um pouquinho a ansiedade e a não dormir tão bem. Antes de começar eu tinha o hábito de acordar, às vezes, entre quatro ou quatro e meia [da madrugada] e já começar a pensar no outro dia, o que eu tinha para fazer. E eu já estava dormindo bem melhor, aí [com a interrupção] voltou um pouquinho isso, não com tanta intensidade. Aí você percebe ‘nossa, como está fazendo falta’”, revela.
Dalalilo avalia que a oportunidade oferecida pelo Nupic fez a diferença na vida dela. Ademais, torce para que as pessoas estejam disponíveis para usar e se comprometer com as práticas integrativas e complementares: “Eu acho superimportante, ainda mais por conta dessa pandemia. Muitas pessoas desenvolveram uma ansiedade maior. Ter essas alternativas como tratamento é essencial e seria muito importante outras pessoas conhecerem”, opina.
O oferecimento de práticas integrativas e complementares no Sistema Único de Saúde (SUS) é regulamentado por uma política nacional específica, oficializada em 2006 e atualizada em 2017 e 2018, quando passou a reconhecer 29 práticas consideradas alternativas pela Organização Mundial da Saúde. Tais práticas, no âmbito do SUS, não são substitutivas da medicina convencional.
O Hospital de Clínicas da UFTM formalizou em 2018, por meio da criação do Nupic, o oferecimento de terapias integrativas na instituição, com atendimentos vinculados ao referenciamento dos pacientes via serviços de saúde pública da região Triângulo Sul de Minas Gerais. O Núcleo funciona na Unidade Dona Aparecida do Pênfigo, parte integrante do complexo hospitalar, localizada à Rua João Alfredo, 437, no bairro Abadia, em Uberaba/MG.
Unidade de Comunicação Social HC-UFTM