Abril pela Segurança do Paciente 2024
Tema: O cuidado materno e neonatal seguro
A redução da mortalidade materna e neonatal são considerados desafios globais para a Organização Mundial de Saúde. O Cuidado Materno e Neonatal Seguro são temas trabalhados desde a campanha mundial em 2021, a partir da criação da Aliança Nacional para o Parto Seguro e Respeitoso. Essa aliança estabelece dez pilares que devem ser trabalhados pelas instâncias deliberativas e organizações de saúde:
1. Equidade: Os princípios da equidade e da não discriminação apresentam um papel relevante nas políticas, programas e ações referentes ao cuidado em saúde seguro e respeitoso e à redução da mortalidade materna. Importante garantir o cuidado à saúde equitativo, com especial atenção a mulheres em situação de extrema vulnerabilidade social.
2. Respeito: As mulheres no contexto do pré-natal, parto e pós-parto devem ser tratadas de forma respeitosa e em conformidade com seus direitos à vida, à saúde, à privacidade, à integridade física e à não discriminação, sendo vedada a realização de práticas não indicadas, abusos, desrespeito e maus-tratos durante o todo o período gestacional, trabalho de parto e pós-parto em toda a rede de atenção à saúde.
3. Redes de atenção: O fortalecimento das Redes de Atenção à Saúde Materna e Neonatal é essencial para garantir o acesso ao cuidado continuado, equitativo, seguro, integral e multiprofissional a toda mulher no contexto do pré-natal, parto e pós-parto.
4. Parto Adequado: A redução do número de cesarianas sem indicação clínica e a promoção do parto normal são medidas fundamentais para ofertar à mulher e aos neonatos o cuidado em saúde oportuno, seguro e respeitoso, durante todo o período gestacional, durante o trabalho de parto e puerpério.
5. Prevenção à Mortalidade Materna: Para a prevenção dos danos e óbitos maternos devem ser estabelecidos cuidados oportunos, através de políticas, protocolos e procedimentos com identificação dos riscos, fatores contribuintes e ações, ferramentas ou pactos baseados em evidências clínicas e de qualidade, garantindo processos assistenciais seguros às gestantes, parturientes e puérperas.
6. Pré-Natal: Toda mulher tem direito a um pré-natal com o olhar integral para a sua saúde e do neonato. Reafirmamos que seja garantido o número mínimo de consultas, exames indicados conforme a idade gestacional, educação em relação à gravidez, preparação ao parto e puerpério minimizando as dúvidas, medos e mitos com relação ao futuro, também é o momento de identificação de condições de risco e condições ameaçadoras à vida da gestante e do neonato, assim como planejamento do trabalho de parto, evitando desfechos não esperados, internações e procedimentos cirúrgicos desnecessários.
7. Prevenção da prematuridade: É consenso mundial que a identificação dos fatores de risco para o parto prematuro é o primeiro passo para a prevenção. Devemos conhecer as comorbidades prévias da gestante e desencorajar o uso de álcool, drogas e cigarro durante o período gestacional, sendo fatores que aumentam as chances de um nascimento prematuro. A saúde materna e a identificação de condições especificas do feto são determinantes para a prevenção da prematuridade.
8. Letramento: A capacidade da gestante de acessar, compreender, analisar e usar informações em saúde na tomada de decisão sobre seu cuidado e na sua transição pela rede de atenção à saúde é fundamental para contribuir com a sua segurança no pré-natal, parto e puerpério.
9. Empoderamento e engajamento: Todas as interações com as gestantes devem promover o engajamento para o autocuidado, a sua participação ativa nas tomadas de decisão, assim como na busca ativa de informações acerca de sua condição. A gestante deve ser empoderada para tornar-se a protagonista durante a gestação e o parto.
10.Participação da família e comunidade: A gestante tem direito à presença de um acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, nos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde, da rede própria ou conveniada. O direito ao acompanhamento da gestante durante o pré-natal, parto e puerpério garante a continuidade do cuidado seguro e respeitoso.
Saiba mais em:
- PR 326 Assistência ao parto
- PR 215 Indução do trabalho de parto
- PR 108 Assistência ao recém-nascido em sala de parto
Tema 04 - Prevenção de Quedas
A queda é um incidente que ocorre frequentemente em instituições de saúde, ela é multifatorial e suas consequências afetam o paciente, familiares, a própria instituição de saúde além dos órgãos financiadores de serviços de saúde. A ocorrência de uma queda pode aumentar o tempo de permanência hospitalar, gerar ansiedade e insegurança no paciente e equipe assistencial, interferir na continuidade do cuidado e impactar negativamente na mobilidade do paciente, aumentando o risco de uma nova queda. Segundo o Relatório Nacional de Incidentes Relacionados à Assistência à Saúde, a queda em ambiente de saúde foi o quarto incidente notificado com maior frequência no Brasil e o terceiro tipo de incidente que resultou em óbito do paciente em ambiente hospitalar e ambulatorial (ANVISA, 2023).
Para reduzir o risco e a ocorrência de quedas dos pacientes internados e ambulatoriais torna-se essencial a avaliação do risco através do uso de escala validada (ex: Morse), a presença de sinalização que indique o risco de queda ( uso da pulseira amarela para pacientes classificados com alto risco de queda), além da observação contínua dos fatores relacionados ao ambiente e aos pacientes que aumentam a vulnerabilidade para queda.
Saiba mais:
Tema 03 - Uso seguro de Medicamentos / Estoques intermediários
Estima-se que o gasto global causado por erros de medicação seja de US$ 42 Bilhões por ano segundo Organização Mundial de Saúde( OMS). Considerada a terceira prioridade dentro dos desafios globais de segurança do paciente. Os estudos evidenciam que danos relacionados ao uso de medicamentos correspondem a 50% de todos os danos evitáveis, além do ônus econômico e psicológico decorrentes. Conhecer os medicamentos, verificar sistematicamente os itens de segurança de administração, obedecendo sempre a regra dos 9 certos, e perguntar ao paciente se ele compreendeu o que está sendo realizado torna-se fundamental para a garantia de um cuidado mais seguro.
Sobre o controle de estoques intermediários de medicamentos psicotrópicos, a legislação vigente estabelece a guarda sob chave ou outro dispositivo que ofereça segurança, com barreiras contra acesso indevido além de fluxo padronizado para dispensação e devolução dos medicamentos psicotrópicos à farmácia. Associado a esse item torna-se necessário também o controle de acesso aos medicamentos no carro de emergência, com registro de conferência abrangendo todos os itens, data da última limpeza, teste de equipamentos, número de lacre e responsável pela conferência.
Por isso, desenvolver e implementar estratégias e mecanismos que promovam o gerenciamento e o uso seguro de medicamentos é uma das Metas Internacionais de Segurança do Paciente e prioridade atual nas ações globais em prol da qualidade assistencial e segurança do paciente.
DOCUMENTOS RELACIONADOS:
- PL 010: Gerenciamento e uso de medicamentos
- NO 022: Melhoria da segurança de medicamentos de alta vigilância
Tema 02- Limpeza de superfícies, mobiliário em uso pelos pacientes e equipamentos
As infecções relacionadas à assistência à saúde representam um risco substancial à segurança do paciente em serviços de saúde. Há evidências mostrando que vários patógenos como Staphylococcus aureus resistente à meticilina, Enterococos resistente à vancomicina e outros contaminam superfícies e equipamentos (bombas de infusão, barras protetoras das camas e estetoscópio e outros) mais frequentemente manuseados pelos profissionais e pacientes. (ANVISA,2010).
A terceira temática a ser abordada na ação em rede pelo Abril pela Segurança será a "Limpeza de superfícies, mobiliário em uso pelos pacientes e equipamentos", uma vez que o correto processo de limpeza e desinfecção de superfícies pode evitar a disseminação e a transferência de microrganismos nos ambientes dos serviços de saúde, os quais colocam em risco a segurança dos pacientes e dos profissionais.
Documentos relacionados:
ITT AMB 01.5: Limpeza e desinfecção concorrente do leito e perileito do paciente
ITT AMB 02.1 : Limpeza e desinfecção da superfície do local de preparo dos medicamentos
ITT AMB 03.2 : Limpeza e desinfecção de equipamentos eletrônicos
Tema 01 - Identificação correta do paciente /Identificação de almotolias, pomadas e medicamentos multidose
A primeira temática a ser abordada na ação em rede pelo Abril pela Segurança será a "Identificação do Paciente", uma vez que a correta identificação assegura o básico: que o cuidado/ tratamento e serviço seja prestado à pessoa correta, prevenindo erros que podem ocorrer desde a admissão até a alta do serviço, em todas as fases do diagnóstico e do tratamento.
Uma das estratégias utilizadas para a correta identificação do paciente é o uso da pulseira branca, devendo esta estar legível e conter pelo menos os dois identificadores padronizados (nome completo e data de nascimento).
Todos os documentos do prontuário, físico e eletrônico, e demais impressos utilizados na assistência ao paciente (ex.: rótulos de soroterapia, rótulos de medicamentos e frascos de exames, etc) devem conter os elementos de identificação padronizados na Instituição.
É importante ressaltar que a correta identificação do paciente não se restringe ao uso adequado da pulseira padronizada, abrangendo os diversos momentos e tecnologias de cuidado em saúde.
A efetiva conferência da identificação do paciente pela equipe assistencial é a principal barreira para mitigar os riscos relacionados e ela deve ser empregada nos seguintes momentos:
- Admissão (incluindo recebimento de pacientes de outra instituição).
- Transição de cuidados (ex.: passagem de plantão, transferência interna (incluindo temporária) e externa.
- Administração de medicamentos.
- Administração de sangue, hemocomponentes e hemoderivados.
- Coleta de sangue e/ou amostra biológica para realização de exame laboratorial.
- Entrega da dieta.
- Realização de procedimentos invasivos.
- Transporte de pacientes para realização de propedêutica.
- Realização de propedêutica diagnóstica complementar, invasiva ou não.
- Sempre que o recém-nascido for entregue à mãe ou responsável legal (em caso de impossibilidade da mãe) deve ser realizada a conferência dos dados do RN e da mãe. Caso a mãe não esteja internada, deve ser solicitado documento oficial que comprove o nome da mãe e deve ser realizada a confirmação com os dados existentes na pulseira do recém-nascido.
- Antes dos atendimentos pelos profissionais de saúde.
- Alta.
BOAS PRÁTICAS
Normas para participar da seleção de boas práticas em segurança do paciente
Seleção de Boas Práticas de ações de qualidade assistencial e segurança do paciente tem por objetivo estimular, reconhecer as práticas e ações relacionados ao tema. Poderão participar equipes que apresentarem práticas reais adotadas e resultados que melhoraram a qualidade dos serviços e aumentaram a segurança assistencial.
Critérios:
I- Estar vinculado aos protocolos assistenciais com resultados de impacto para qualidade assistencial/ segurança do paciente;
II- Alinhamento da prática relatada com os princípios e as diretrizes da Segurança do Paciente;
III- Capacidade da experiência de gerar aprendizados e melhorias replicáveis na Instituição.
Envie sua boa prática para o e-mail: stgq.hc-ufmg@ebserh.gov.br
Tema 04 - Prevenção de Queda
Tema 05 - Alarmes sonoros e visuais
Tema 06 - Parto seguro
Tema 07 - Transição de cuidado segura _ Comunicação