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SETEMBRO VERDE
Hospital das Clínicas da UFMG reúne especialistas em seminário sobre transplantes
Belo Horizonte (MG) – Mais de 200 pessoas, entre profissionais da saúde, estudantes, docentes, pacientes e seus familiares, participaram, nesta sexta-feira (20), das discussões levantadas pelo “IX Seminário de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes”, evento alusivo ao Setembro Verde, mês de conscientização do tema, que aconteceu no Salão Nobre da Faculdade de Medicina da UFMG. Neste ano, o foco da discussão foi a doação de tecidos oculares.
Em sua nona edição, o seminário reforça a importância de dar espaço para o debate da temática, contribuindo para o fortalecimento da política nacional de transplantes e a cultura da doação de órgãos e tecidos no Brasil. Durante a solenidade de abertura, o superintendente do HC-UFMG, professor Alexandre Rodrigues Ferreira, destacou o trabalho da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) na instituição. “O HC é um hospital de alta complexidade com um grande número de pacientes oncológicos que possuem muitas restrições para serem doadores. Mesmo assim, o trabalho da CIHDOTT coloca o HC-UFMG entre os cinco hospitais que participam da doação de órgãos e tecidos em Minas Gerais”, disse.Até o momento, o HC-UFMG captou, só em 2024, 34 tecidos oculares e oito de órgãos sólidos. “Parece pouco, mas quem conhece o perfil da nossa instituição sabe o quanto isso é trabalhoso. Temos uma equipe pequena, mas muito dedicada, que não perde uma abordagem à família e uma captação”, completou o gestor.
A coordenadora da CIHDOTT no HC-UFMG/Ebserh e presidente da comissão organizadora do evento, a médica Adriana Magalhães, ressaltou a importância de semear a cultura da doação de órgãos e tecidos. “Talvez as pessoas não saibam, mas existe a morte por critério neurológico, muito rara e que propicia a doação de órgãos, e aquela que acontece com 99% das pessoas e possibilita a doação de tecidos oculares, o que ainda é, porém, muito negligenciado”, explicou.
Cerca de 29 mil pessoas aguardam na fila por uma doação de córnea no Brasil, país onde, segundo Adriana, morrem, por ano, cerca de 1,2 milhão de indivíduos. “Desses, se 100 mil famílias fossem abordadas e 50% doassem as córneas, teríamos 50 mil doações, então a gente vê que existe um problema estrutural grave para enfrentarmos, por isso essa discussão aqui hoje”, afirmou.
Temas como “Doação e captação de tecidos oculares: desafio na perspectiva do banco de olhos”, “Doação e transplante de córnea – Desafios na perspectiva do cirurgião” e “Organização e funcionamento de CIHDOTTs na doação de tecidos oculares na morte circulatória” foram debatidos por especialistas na área durante quase 5h de evento. Quem deu início às discussões foi o diretor da Central Estadual de Transplante de Santa Catarina, Dr. Joel de Andrade, que ministrou à distância a palestra “Morte encefálica e comunicação familiar do diagnóstico”.
Dados
De janeiro a junho deste ano, o HC-UFMG realizou 136 transplantes, sendo 49 de córnea, 29 de medula óssea, 20 transplantes de rim, 23 de fígado e 15 transplantes de coração. No mesmo período, foram captadas na instituição 34 doações de tecidos oculares. Em Minas Gerais, cerca de 3.846 pessoas estão na fila à espera de um órgão ou tecido para transplante.
Presenças
Participaram do evento a diretora da Faculdade de Medicina da UFMG, professora Alamanda Kfoury Pereira; a professora Carla Spagnol, representando a diretora da Escola de Enfermagem da UFMG, professora Sônia Maria Soares; o coordenador do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado Júnior; e o conselheiro do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, Luis Gustavo de Freitas Trindade.
Sobre a Ebserh
O Hospital das Clínicas da UFMG faz parte da Rede Ebserh desde dezembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação e revisão: Luna Normand
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