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Abril é o mês de conscientização sobre a Doença de Parkinson
Os grandes avanços na ciência possibilitaram melhor compreensão da Doença de Parkinson, descrita pela primeira vez em 1817 pelo médico inglês James Parkinson. Trata-se da segunda doença neurodegenerativa mais frequente no mundo – atrás apenas do Alzheimer –, que afeta principalmente os movimentos, causando rigidez e lentidão. Embora ainda sem cura, medicamentos e terapias podem ajudar a lidar com os sintomas e melhorar a qualidade de vida. O dia 11 de abril é considerado o Dia Mundial do Parkinson, mas o tema é amplamente debatido durante todo o mês, o chamado “Mês da Tulipa Vermelha”.
A doença afeta 1% da população mundial com mais de 60 anos, índice que cresce com o avançar da idade. No Brasil, estima-se de cerca de 200 mil pessoas tenham diagnóstico de Parkinson, de acordo com o Ministério da Saúde. A condição ainda não pode ser identificada na sua fase pré-clínica ou pré-motora – não há exames para detectar o Parkinson, por isso a demora/dificuldade no estabelecimento do diagnóstico, que segue como um desafio para médicos e pacientes. Atualmente, a neuroimagem funcional – mais precisamente com a cintilografia com Trodat – auxilia na confirmação da doença em casos que geram dúvidas, mas o diagnóstico é essencialmente clínico.
“O principal sintoma é a lentidão dos movimentos, a chamada bradicinesia, mas para fechar o diagnóstico é preciso ter lentidão e mais um destes sintomas: tremor, rigidez ou instabilidade postural”, afirma a neurologista especialista em distúrbios do movimento, Sarah Teixeira Camargos. Ela integra a equipe do Ambulatório de Distúrbios do Movimento do Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh, um dos maiores serviços de Minas Gerais.
Sarah explica que além de afetar a parte motora, o Parkinson causa sintomas não-motores, tais como distúrbios do sono, constipação, perda do olfato e alterações psiquiátricas como crises de ansiedade e depressão. “É uma doença muito individual. Há uma linha evolutiva e grande parte dos pacientes seguem essa linha, mas nem todos são iguais”, assegura.
Tratamento
A detecção precoce é a chave para ajudar a reduzir as complicações que podem encurtar a expectativa de vida, já que ainda não há uma cura para o Parkinson. O controle dos sintomas é feito por meio de fisioterapia, fonoaudiologia e exercícios físicos, que melhoram a capacidade funcional, e de medicamentos. “Não existe nada melhor do que a levodopa (precursor da dopamina descoberto na década de 1970, que revolucionou o tratamento do Parkinson). Ainda hoje é o tratamento mais eficaz, mas há outras estratégicas, principalmente fora do Brasil. Há, por exemplo, a duodopa, que é a levodopa liberada através do intestino; a apomorfina, um agonista dopaminérgico administrado via subcutânea; e o implante de marca-passo cerebral”, ressalta.
Estudos mais recentes buscam terapias modificadoras do curso da doença, capazes que retardar ou até prevenir o surgimento do Parkinson. Em grande parte das pessoas, a causa é multifatorial, ou seja, há uma interação entre fatores ambientais, mutações genéticas e envelhecimento. “Mas há uma pequena porcentagem de casos, cerca de 10%, relacionados à hereditariedade”, completa.
Cerca de dois mil pacientes já passaram pelo Ambulatório de Distúrbios de Movimento do HC-UFMG/Ebserh, que existe desde a década de 1990. A equipe é composta por seis neurologistas especialistas em distúrbios do movimento e 20 residentes. As consultas são reguladas pela Centra de Marcação da Prefeitura de Belo Horizonte, por isso o primeiro passo para ser atendido é procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua residência.
Redação: Luna Normand (Jornalista do HC-UFMG/Ebserh)