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Equipe realiza cerca de 800 atendimentos online e presenciais até seis meses após o parto
Sala de Amamentação da Maternidade Escola da UFRJ amplia atendimento
Vitória e sua filhinha Lívia, com um mês de nascimento
Antes do nascimento, porque é nessa fase que a mulher decide se vai amamentar ou não. Já depois do parto é quando surgem todas as incertezas e dificuldades da vida real. “Quando ela vai para casa muitas coisas acontecem, os problemas surgem. Há muitos fatores que podem levar ao desmame precoce, como não saber o manejo correto, dor, ferimentos e fissuras na mama e falta de tempo. Cada mulher tem uma realidade”, aponta a coordenadora da equipe de Amamentação do Banco de Leite e chefe da Unidade de Saúde da Criança e do Adolescente, a enfermeira Sandra Valesca.
Por norma, as maternidades públicas têm o dever de acompanhar a mulher até os 28 dias após o parto. Após esse prazo, ela pode ser direcionada para a atenção primária. Foi durante o mestrado em Saúde Multiprofissional e Saúde Perinatal, na própria Maternidade Escola, que Sandra teve a ideia de ampliar os horários da sala presencial e os canais de acesso da equipe, após perceber que a falta de informação e de orientação contribuía para o desmame precoce. Então, além do modo presencial, a equipe passou a atender também via WhatsApp e Instagram.
A ampliação do atendimento serve como ferramenta de suporte para o aleitamento exclusivo do bebê até os 6 meses e continuado até os dois anos ou mais. A iniciativa vem sendo bem-sucedida pela praticidade, rapidez e disponibilidade. Hoje em dia, a equipe realiza cerca de 800 atendimentos por mês, somando as consultas presenciais e remotas.
“Atendemos mães que moram longe ou que não tem dinheiro para fazer esse deslocamento. Em muitos casos, ela pode estar com dor ou com alguma fissura e precisa que o atendimento seja rápido. Essa mulher não quer agendar uma consulta para vários dias à frente. Então, o atendimento online ajuda muito”, explica Nathalia Rocha, que é consultora em lactação com a certificação internacional IBCLC e responsável pelo atendimento online.
IBCLC (International Board Certified Lactation Consultant) atesta expertise nos cuidados e acompanhamento da amamentação. No Brasil, apenas 300 pessoas possuem esse título. Na Maternidade Escola, duas profissionais da equipe de amamentação já detêm essa chancela e mais duas estão se preparando para conseguir.
A orientação durante o pré-natal faz parte dos serviços que englobam a assistência da Maternidade Escola, como hospital com selo Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC). Estudos mostram que ações coletivas, como rodas de conversas e oficinas, têm mais chance de fazer a informação ser absorvida, por conta da interação entre elas.
“É uma fase cansativa, a ajuda delas conta muito”
Mãe de primeira viagem, Vitória Gonçalves teve sua primeira consulta na sala de amamentação um mês após o nascimento de sua filhinha Lívia. Vitória achava que não tinha leite suficiente, pois sua bebê queria sempre estar no peito. A equipe observou o ato de amamentar, orientando a melhor postura, como também indicando alguns sinais que o bebê dá, como inquietação ou muito esforço, quando seria o momento de mudar de mama. “Elas me ajudaram desde o primeiro dia a colocar minha filha no peito. É uma fase cansativa, a ajuda delas conta muito”, disse Vitória, mais aliviada depois da consulta.
Cultura da alimentação artificial contribui para o desmame precoce
Segundo Nathalia, existe uma cultura de alimentação artificial muito forte no Brasil, o que colabora para a cultura do desmame, mesmo o país sendo referência em boas práticas de amamentação nas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). A orientação às gestantes já antes do parto e a ampliação do atendimento da sala de amamentação são formas de tentar conter essa tendência. A equipe reforça que a mãe só pode oferecer outro alimento com prescrição médica, inclusive a fórmula de seguimento. A sala de amamentação fica disponível a partir da alta da puérpera.
“A gente pede à mãe que entre em contato conosco antes de tomar uma atitude por conta própria, para que o bebê não entre em risco. Muitas mulheres simplesmente não sabem da importância do leite materno, acham que tanto faz o leite ou a fórmula. Estamos ainda nesse nível de falta de esclarecimento. Orientamos também sobre higiene, para que não haja contaminação do bebê”, pontua.
O leite materno é uma questão de segurança alimentar. A fórmula de seguimento é um item caro. Diante das dificuldades com a amamentação, algumas famílias oferecem um alimento mais
barato ao bebê, o que vai afetar seu sistema gastrointestinal ou causar infecções. Para Nathalia, as pessoas idealizam muito a amamentação, só que não é nada simples. “Muitas mulheres esperam um bebê que come rapidamente e vai dormir. Só que esse é um bebê de alimentação artificial, de mamadeira. Quando elas não têm orientação, muitas preferem nem passar pelo processo. A amamentação é um assunto que precisa ser abordado também em espaços fora da maternidade”, defende a Nathalia.
Sobre a Ebserh
A Maternidade Escola faz parte do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), gerido pela Ebserh desde junho de 2024. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Claudia Holanda
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh