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DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL (DTG)
Maternidade da Rede Ebserh no RJ é o terceiro centro de referência em DTG mais importante do mundo
Foto: Wavebreak Media LTD
Rio de Janeiro (RJ) – A Doença Trofoblástica Gestacional (DTG) é uma gravidez anormal com proliferação exagerada da placenta, que pode evoluir para câncer. Nos dez anos de existência, o ambulatório da Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ME-UFRJ) já atendeu milhares de pacientes para tratamento dessa doença, acumulando mais duas mil mulheres curadas, sendo o terceiro serviço mais importante do mundo no tratamento de DTG, de acordo com a plataforma Expertscape. A ME faz parte do Complexo Hospitalar da UFRJ, administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
O ambulatório para tratamento da DTG foi criado na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro em 1960 e transferido para a Maternidade Escola em 2014, levando toda sua experiência e casuística. Os atendimentos nos dois centros somam mais de 10 mil casos. A Maternidade Escola atende, em média, 250 novas pacientes por ano, totalizando cerca de 2500 casos ao longo desses 10 anos.
A DTG é uma anomalia na placenta, denominada gestação molar ou mola hidatiforme, quando na condição benigna; e neoplasia trofoblástica gestacional, quando maligna; como explica o coordenador do ambulatório na Maternidade Escola, o professor Antônio Braga. “Por um erro na fertilização, desenvolve-se só a placenta. Essa placenta irregular é chamada de mola hidatiforme e precisa ser retirada do útero, pois pode evoluir para um câncer de placenta. Algumas vezes, pode haver um embrião, porém é sempre malformado e nunca sobrevive”, explica Braga, que tem desenvolvido estudos inovadores sobre a doença e ocupa a terceira posição mundial nesse campo do conhecimento, também de acordo com a Expertscape.
Doença pode evoluir rápido
A DTG pode ser identificada no primeiro trimestre da gestação, com exame de ultrassonografia.
Ao constar a suspeita do diagnóstico de mola, a mulher pode ser encaminhada da rede pública ou privada para Maternidade Escola da UFRJ. O tratamento precisa ser ágil, pois essa doença pode progredir rapidamente. “Todas as doenças da gravidez têm uma instalação e evolução muito rápida, porque a gravidez é um estado de crescimento muito acelerado. Por isso que a mulher precisa ser precocemente diagnosticada e encaminhada de todos os lugares do estado do Rio de Janeiro para a maternidade escola, para ser acompanhada e tratada”, alerta Braga.
Uma vez que a mola foi retirada do útero, a mulher precisa ser acompanhada toda semana para monitorar o marcador tumoral da doença, que é o hormônio beta hCG. Se a taxa cai, a doença está evoluindo para a remissão espontânea. Mas se os níveis se mantêm ou começam a subir, indica que a doença evoluiu para o câncer da placenta e a paciente precisa fazer quimioterapia. No entanto, como afirma Braga, com a intervenção adequada, pode ser curada completamente.
O tratamento é a cirurgia para aspiração da mola - que resolve 80% dos casos - e quimioterapia, necessária em cerca de 20% das ocorrências. “Porém, mesmo as que precisam de quimio, quando tratadas precocemente, mais de 98% delas vão se curar. As pacientes são bem acolhidas e orientadas. Elas se sentem motivadas, têm esperança”, pontua Braga.
Pacientes têm confiança no tratamento
Eduarda Oliveira, 27 anos, e Regiane Vieira, 41 anos, estão sendo tratadas na maternidade. Ambas vêm de outras cidades do estado do Rio de Janeiro para fazer o acompanhamento. Eduarda mora em Duque de Caxias, fez a aspiração da mola há pouco tempo e está sendo avaliada. “Não conhecia essa doença, mas aqui soube que tem cura. O tratamento é excelente e os médicos cuidam da gente muito bem”, comenta.
Regiane mora em Angra dos Reis. Ela também já fez a aspiração da mola e vai precisar prosseguir o tratamento com quimioterapia. “Eu levo 3 horas para chegar aqui, mas não quero tratar em outro lugar. Tenho segurança nos médicos daqui, estou confiante que vai dar tudo certo”.
A incidência da DTG
Apesar de pouco conhecida, o Brasil tem uma incidência relativamente alta da doença. Com base no estudo Diagnosis and Management of Molar Pregnancies, na Europa, a DTG acomete uma a cada duas mil mulheres que engravidam. Nos Estados Unidos, acomete uma a cada mil mulheres que engravidam. Já no Brasil, acontece uma gravidez molar entre 200 e 400 gestações. Significa dizer que no Brasil, essa doença é 5 a 10 vezes mais comum do que na Europa e nos Estados Unidos, embora não se saiba as causas.
Sobre a Ebserh
A Maternidade Escola faz parte do Complexo Hospitalar da UFRJ, gerido pela Ebserh. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Claudia Holanda, com edição de Danielle Campos.
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh