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Trabalho de iniciação cientifica do HUGV-Ufam é premiado no 2º ciclo do PIC da Ebserh
Manaus (AM) – Um trabalho do Programa de Iniciação Cientifica do Hospital Universitário Getúlio Vargas, da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ficou em 3° lugar, em nível nacional, no Programa de Iniciação Científica (PIC), desenvolvido em parceria entre a Ebserh e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O trabalho "Tendência Temporal da Mortalidade Materna no Brasil no Período de 2000 a 2022", teve como bolsista a estudante de Medicina, Luana Silva de Oliveira e orientação do professor Ronilson Ferreira Freitas, do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Ufam.
A premiação do trabalho aconteceu no último dia 9 de outubro, no Webinário de Iniciação Científica e Tecnológica da Rede Ebserh, marcando o encerrando do segundo ciclo do Programa de Iniciação Científica (PIC) e do primeiro ciclo do Programa de Iniciação Tecnológica (PIT), programas desenvolvidos em parceria entre a Ebserh e o CNPq.
A gerente de Ensino e Pesquisa do HUGV-Ufam, Roberta Lins Gonçalves, expressou orgulho da equipe do hospital pela conquista no PIC/HUGV-Ufam/Ebserh, da estudante Luana Silva de Oliveira e seu orientador, Ronilson Freitas. O estudo premiado utilizou dados secundários do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) para calcular a Razão de Mortalidade Materna (RMM), considerando causas diretas, indiretas e não especificadas. A pesquisa revelou que, apesar da tendência decrescente em algumas causas desse tipo de mortalidade, como complicações relacionadas a abortos e infecções, a RMM geral permaneceu estacionária no período analisado.
Para a gerente, o estudo destaca a importância de melhorar a qualidade do atendimento e reduzir atrasos internos nos sistemas de saúde para alcançar as metas de redução da mortalidade materna até 2030. “Esse trabalho evidencia o compromisso do HUGV-Ufam com a pesquisa de excelência e sua contribuição para a melhoria da saúde na Amazônia. Também destaca ainda o papel fundamental da Ebserh, e dos órgãos de fomentos, como o CNPq, na pesquisa e inovação tecnológica para melhorar a vida das pessoas”.
A aluna do 9º período de Medicina da Ufam, Luana Silva, falou sobre a importância de estudar a mortalidade materna: “Analisamos esse tema porque é uma temática que percebemos ser extremamente importante de ser discutida devido aos altos índices de mortalidade no nosso país, que tem um sistema público com muitas ferramentas para acesso à saúde de qualidade voltada às mulheres grávidas”.
Para ela, foi um estudo que acrescentou muito conhecimento à sua formação acadêmica, tanto no quesito educacional, como no processo de escrita, apresentação e desenvolvimento teórico, quanto, como futura profissional, que vai lidar com todas essas questões de saúde pública na atenção à saúde da população.
Sobre a premiação, ela destacou: “É um tema muito relevante, mas não esperávamos esse alcance. Ficamos muito felizes com a colocação, principalmente pela visibilidade nacional sobre uma temática tão necessária a ser discutida no nosso país. Os resultados foram desfavoráveis em relação às metas governamentais e é necessário falar sobre isso”, disse Luana.
Mortalidade Materna
A Organização Mundial de Saúde (OMS), na 10ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID10), definiu como mortalidade materna “a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais”.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a mortalidade materna configura-se na atualidade como um problema de saúde pública mundial, correlacionada diretamente a desigualdades sociais e qualidade do acesso à saúde.
Sobre a Pesquisa
De acordo com o professor Ronilson Ferreira Freitas, foi um estudo realizado utilizando dados secundários do SIM, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), coordenado pelo Ministério da Saúde, onde foi calculada a razão da mortalidade materna.
Ele explicou que foram consideradas causas diretas, indiretas e não especificadas. Os óbitos diretos foram: gravidez que termina em aborto, causas hipertensivas na gravidez, parto ou puerpério, hemorragias obstétricas, infecções relacionadas à gravidez, outras complicações obstétricas e complicações não antecipadas (relacionadas à anestesia). Já as causas indiretas, sendo compostas por apenas um grupo, que engloba todas as complicações não obstétricas e morte por causas não especificadas (causas desconhecidas).
“Foi possível observar que a RMM total, no período estudado, foi estacionária. Ao analisar a RMM direta, gravidez que termina em aborto, causas hipertensivas, infecções relacionadas à gravidez e causa indireta, observou-se uma tendência decrescente”, disse o professor. Ainda, segundo Ronilson Freitas, para o grupo de causas diretas, que incluem hemorragias obstétricas, outras complicações obstétricas, complicações não antecipadas e as causas desconhecidas, observou-se uma tendência estacionária.
O professor Ronilson, aponta um motivo para essa tendência: a falta de eficiência dos serviços de assistência à saúde materna, tanto durante a gravidez (pré-natal), parto e puerpério. “Um outro fator que pode estar associado à tendência observada, foi o período da pandemia de Covid-19, visto que nos anos de 2021 e 2022, a mortalidade materna aumentou consideravelmente”, completou.
Sobre a Ebserh
O HUGV faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.