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Dezembro Vermelho
Neste mês de combate às ISTs, médico do HDT-UFT esclarece dúvidas sobre HIV/Aids
![Fachada do HDT dezembro vermelho foto: Daianni Parreira](https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-norte/hdt-uft/comunicacao/noticias/neste-mes-de-combate-as-ists-medico-do-hdt-uft-esclarece-duvidas-sobre-hiv-aids/whatsapp-image-2023-12-01-at-15-14-27.jpeg/@@images/9b0d5deb-ed3f-4e11-9d1b-2b7f7215f405.jpeg)
Araguaína (TO) - Para marcar o Dezembro Vermelho, mês dedicado à conscientização sobre o HIV/Aids e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (IST), o médico Thiago Vieira Alves Borges, do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT), esclareceu algumas dúvidas sobre o tema, principalmente sobre as características da infecção e da doença (que são dois estágios diferentes), o tratamento e as formas de acompanhamento. “O Dezembro Vermelho é importante para mostrar estas informações e para combater o preconceito”, disse o médico, residente de Infectologia do hospital.
De acordo com o chefe do setor de Farmácia Hospitalar do HDT-UFT, Juliano da Silva Ferreira, hoje são 1.699 pacientes com HIV cadastrados na instituição, que oferece tratamento e acompanhamento especializado para pacientes infectados, encaminhados pela rede básica, após exame positivo.
Entrevista com o médico Thiago Borges, residente de Infectologia:
Qual a importância de um dia mundial dedicado à prevenção e combate ao HIV/Aids?
O 1º de Dezembro é o Dia Mundial de Combate à Aids, que tem o objetivo de chamar a atenção sobre a doença, desde a prevenção até o tratamento, além, é claro, de tentar acabar com o preconceito em relação ao HIV. Hoje, são cerca de 39 milhões de pessoas em todo o mundo convivendo com o HIV, segundo dados de 2022, e a cada ano surgem um milhão de novos casos. Então, é importante mostrar que a pessoa que convive com HIV tem uma vida normal. É uma doença que possui tratamento e hoje em dia não é considerada uma sentença de morte, é possível conviver bem com a doença.
Qual a diferença entre HIV e Aids?
Há uma diferença importante entre HIV e Aids. A pessoa, ao ser infectada pelo vírus, pode permanecer com HIV por vários anos sem desenvolver sintomas. Dizemos que ela está vivendo com o HIV. Já o estágio da Aids é a fase mais avançada da infecção, quando a pessoa apresenta infecções oportunistas, como uma tuberculose ou pneumonia grave em decorrência do HIV, devido à imunidade estar baixa.
Quais os sintomas?
Então, a infecção apresenta vários estágios. Na fase inicial, a pessoa pode permanecer assintomática ou apresentar sintomas que são semelhantes a uma gripe, uma febre, um mal-estar. Ou, com o decorrer da infecção e do tempo, pode apresentar um cansaço, emagrecimento, quadro de diarreia, gripes frequentes, quadros de pneumonia leve, que são sintomas inespecíficos. Na fase mais avançada, surgem as infecções oportunistas, como a tuberculose ou pneumonia mais grave, isso em decorrência da destruição das células de defesa do organismo e à queda da imunidade.
Como é feito o tratamento? Houve mudança na medicação? Quando o vírus fica indetectável?
Atualmente o tratamento do HIV é feito com o uso de três substâncias: dolutegravir, tenofovir e lamivudina, que são distribuídas em dois comprimidos, um com dolutegravir e um com tenofovir e lamivudina. Esses comprimidos são tomados sempre nos mesmos horários todos os dias.
O que aconteceu agora e está sendo ofertado pelo SUS é que o dolutegravir e a lamivudina, somente estas duas substâncias, os estudos mostraram que têm alta eficácia no combate ao vírus HIV. Então, foi retirado o tenofovir. São duas substâncias em comprimidos separados e que foram unificadas em um só comprimido. Então, a pessoa com HIV que está em tratamento e que possua a indicação passará a tomar somente um único comprimido em dose diária. Isso tem o potencial de melhorar muito a adesão ao tratamento.
Durante o acompanhamento do tratamento da pessoa com HIV, são feitos exames específicos nos serviços especializados, como o exame de carga viral, que identifica a quantidade de vírus no sangue. O objetivo é que a carga viral fique não detectável e para isso é preciso ter uma boa adesão ao tratamento, com a medicação sempre nos mesmos horários todos os dias. Não há um prazo definido para que a carga viral fique não detectável, mas a experiência tem mostrando que no decorrer de alguns dias ou alguns meses com o uso regular da medicação, o exame se apresente não detectável.
Quando é necessário realizar o teste?
O SUS disponibiliza gratuitamente o teste para diagnóstico do HIV. Estes testes são rápidos e podem ser feitos por qualquer pessoa, estão disponíveis nas unidades básicas de saúde e são indicados principalmente para aquelas pessoas que tiveram, por exemplo, uma relação sexual desprotegida. É importante ressaltar que o vírus do HIV pode demorar até 30 dias para aparecer no exame, a chamada janela imunológica. Então a pessoa que teve uma relação sexual desprotegida, é importante que faça novamente o teste 30 dias após esta exposição.
Como pode ser feita a prevenção ao HIV/Aids e outras ISTs?
A principal forma de prevenção do HIV e de outras ISTs é pelo uso do preservativo em todas as relações sexuais, seja camisinha feminina ou masculina. Há outros métodos de prevenção à infecção pelo HIV, como a Prep, a Profilaxia Pré-exposição, que consiste em um comprimido para que organismo esteja preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. A pessoa se prepara antes de ter uma relação sexual de risco. Essa pessoa que deseja o uso da Prep deve procurar o serviço de saúde especializado para ver se ela possui a indicação de uso.
Além da Prep, existe a PEP, que é a Profilaxia Pós-exposição, ou seja, para aquela pessoa que teve uma relação sexual desprotegida e deseja se prevenir. Isso em 72 horas após a relação, então ela deve procurar um serviço de saúde especializado. É claro que a realização de exames para detecção do HIV e outras IST são métodos eficazes porque quanto mais precoce o diagnóstico mais breve é realizado o tratamento e o acompanhamento.
Sobre a Ebserh
O HDT-UFT faz parte da rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Sinval Paulino, com revisão Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social