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Bolsistas do HDT-UFT realizam projeto que valoriza a inclusão e igualdade de acesso à informação à comunidade surda
O projeto “Aliança Tecnológica: o Instagram como suporte para a divulgação, em libras, de vocabulário da área da saúde e ferramenta de inclusão social do surdo no contexto HDT/Araguaína”, já disponibilizou os primeiros vídeos, produzidos pelas estudantes de medicina da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), e bolsistas do Programa de Iniciação Tecnológica (PIT/Ebserh) do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT), Ana Carolina Sousa e Camila Fagundes, sob supervisão da professora Esmeralda Queiroz e colaboração da professora surda Stefânia Steves, que ministra a disciplina de libras.
Para ter acesso aos vídeos e demais informações sobre o projeto, basta acessar o perfil @saudeelibras no Instagram. A previsão é de que as gravações e atualização ocorram quinzenalmente pelo período de um ano.
A estudante Ana Carolina explica que inicialmente pensaram na possibilidade de um atendimento individualizado, no qual o médico e o paciente pudessem se comunicar de forma direta, sem a necessidade de um intérprete, acerca dos sintomas e um possível diagnóstico. Contudo, o fato de libras deixar a grade obrigatória e se tornar optativa se tornava um desafio para esse fim.
“Assim, estudamos formas de se difundir a língua de sinais para as duas classes, de maneira igualitária, utilizando as tecnologias digitais de informação e comunicação como nossas aliadas. Nossa expectativa no desenvolvimento e aplicação do projeto é justamente conseguir fazer, por meio de divulgações digitais, a aproximação da comunidade surda no sistema de saúde”, comentou.
Para compreender melhor o projeto, a estudante Camila Fagundes concedeu breve entrevista:
Vocês fizeram alguma capacitação em libras?
Resposta: sim, a capacitação é um processo contínuo e o mais interessante é o aprendizado que estamos tendo na própria execução do projeto. Está sendo uma experiência de aprendizado riquíssima. E como é um projeto de iniciação, é um desafio para nós, mas um desafio que faz muito sentido.
Acreditamos que o aprender fazendo impacta no aprendizado de maneira mais eficaz que uma capacitação isolada. E no caso do nosso projeto, temos que buscar conhecimentos multidisciplinares como o tecnológico e a Língua de Sinais Brasileira – a Libras. Então, são saberes muito específicos, mas exequíveis para a proposta do nosso projeto.
Que público o projeto pretende atingir?
Resposta: o projeto tem como público principal os profissionais da saúde e as pessoas com surdez. Contudo, como o suporte de divulgação do projeto é uma rede social, ele tem uma abrangência que não se restringe ao público específico para quem foi pensado inicialmente. E isso é que é bacana, pois é um projeto feito por nós estudantes, mas que atinge um público que está em outros contextos da sociedade. E quem ganha com isso são as pessoas surdas porque têm no projeto, de certa forma, mais um espaço de divulgação de um conteúdo em sua língua.
O projeto está disponível a todas as pessoas interessadas, independentemente de sua área de atuação, colaborando para que a integração e a comunicação possam ser feitas por todas as camadas.
Qual o objetivo principal dessa iniciativa?
Resposta: o projeto Aliança Tecnológica tem como objetivo promover a acessibilidade comunicativa na área da saúde para a comunidade surda e o engajamento dos profissionais dessa área. Assim, buscamos alcançar o objetivo do projeto por meio da divulgação de vídeos no Instagram, nos quais são apresentados os sinais, em libras, das doenças, juntamente com uma legenda explicativa sobre cada uma delas.
Dessa forma, os profissionais da saúde podem aprender a se comunicar com os pacientes surdos de forma mais eficiente, compreendendo os sinais das doenças e seus respectivos significados. Isso será um gatilho para que a comunidade surda tenha melhor acolhimento e acessibilidade aos serviços da saúde.
Como tem sido a rotina de gravação de vídeos?
Resposta : bom, a gravação de vídeos tem considerado vários fatores da rotina do projeto: estudos e pesquisas e treinamentos sobre técnicas de vídeo gravação e legendas, sobre os sinais a serem gravados, de conciliação de horários de todos os membros e do nosso no curso de medicina, da colaboradora e da orientadora.
Essa foi a parte inicial e demandou bastante tempo porque precisávamos estar totalmente satisfeitas com o que estávamos produzindo e no início era comum a refazer gravações, edições etc. Agora, em geral, as gravações costumam ser realizadas às quartas-feiras, e temos tentado uma regularidade quinzenal e já temos um acervo pronto até a próxima gravação.
Há algo mais que queiram informar sobre o projeto?
Resposta: além do objetivo principal, é importante destacar que o projeto valoriza a inclusão e a igualdade de acesso à informação. Por meio dos vídeos em libras com legendas explicativas, buscamos promover a conscientização sobre a importância da inclusão e incentivar outras iniciativas a adotarem abordagens similares.
Divulgando sinais, em Libras, das doenças e explicações por meio de legendas, o projeto pode ter um impacto educacional significativo. Uma vez que os vídeos oferecem uma oportunidade de aprendizado tanto para os profissionais da saúde, que podem adquirir conhecimentos específicos sobre a comunicação com a comunidade surda, quanto para a comunidade surda, que pode ampliar seu entendimento sobre diversas doenças.
Estamos comprometidas em aprender e melhorar nossos conhecimentos em libras, a fim de oferecer um conteúdo cada vez mais enriquecedor e inclusivo, contribuindo para a construção de um sistema de saúde mais inclusivo e equitativo. E com isso já pensamos em dar continuidade ao projeto. Mas isso é algo para depois.
Sobre a Rede Ebserh
O HDT-UFT faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Texto: Daianni Parreira (UCR14/Rede Ebserh)