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SETEMBRO AMARELO
Informação, escuta, empatia e tratamento são armas na prevenção do suicídio.
Ambiente laboral merece atenção de gestores e de colegas.
Publicado em
10/09/2024 16h35
Atualizado em
12/09/2024 16h01
Belém (PA) – Uma epidemia silenciosa. Assim pode ser definido o aumento de casos de suicídios no Brasil e em outros países de média e baixa renda. O mais recente Boletim Epidemiológico elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, do Ministério da Saúde, revela crescimento de 42% de casos entre 2010 e 2021 no país, dados que incluem crianças e adolescentes. Especialista do CHU-UFPA reforça a importância da informação, da escuta, da empatia e do tratamento para ajudar as pessoas em sofrimento psíquico. Afinal, o suicídio pode ser prevenido. Esse é o foco da campanha Setembro Amarelo, que terá ações no HUJBB e HUBFS, nos dias 18 e 19 de setembro desse mês, respectivamente. O lema da campanha este ano é “Se precisar, peça ajuda!”. Confira aqui a programação. E se o comportamento de crianças e jovens pode acender o sinal de alerta nas pessoas do entorno, o mesmo cuidado vale para o olhar com os colegas de trabalho - com quem compartilhamos tantas horas diárias. Um ambiente laboral ruim ou nocivo pode gerar adoecimento emocional, assim como potencializar uma vulnerabilidade já existente.
“É imprescindível falar sobre o tema do suicídio no ambiente de trabalho, onde interagimos com outras pessoas. Esse tema pode e deve ser abordado de forma clara e transparente, apresentando às pessoas a importância do autocuidado, do olhar para si e para o outro. Ao falar sobre isso, precisamos também ratificar a importância de dialogarmos abertamente sobre a saúde mental e emocional, no intuito de quebrar o estigma que o assunto carrega”, explica a psicóloga organizacional do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA), Fernanda Almeida.
A psicóloga destaca alguns sinais que podem sugerir o sofrimento psíquico de um indivíduo, como: alterações no sono e a dificuldade em se desligar totalmente, o desinteresse em interagir com outras pessoas e mudanças bruscas e significativas no humor. Ela defende que é importante estar atentos às pessoas e ao perceber alguns desses sintomas, ter a disponibilidade para conversar e demonstrar apoio.
“A escuta é uma importante ferramenta. Mesmo que você não saiba o que falar, é possível ouvir e acolher sem julgar. Na sequência, é possível direcionar para o tratamento com profissionais especializados e para canais como o Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo telefone 188. Caso a pessoa verbalize uma ideação suicida, acompanhe-a nas primeiras 24-48 horas após a crise”, comenta Fernanda Almeida.
Estudos recentes têm apresentado cada vez mais a correlação entre ambiente laboral pouco saudável e o aumento de doenças mentais. “O assédio no local de trabalho e os Fatores de Riscos Psicossociais no Trabalho (FRPT) - como rebaixamento de cargos ou funções, avaliação negativa de desempenho e ameaças de perda do emprego, por exemplo - aparecem como fonte de desequilíbrio e de vulnerabilidade para o desfecho suicida”, afirma a especialista.
Medidas preventivas com ações de conscientização, existência de uma rede de apoio com profissionais da psicologia e da psiquiatria e a disponibilização de canais de atendimento são estratégias de suporte no ambiente laboral. “É importante também incentivar para que as pessoas estejam atentas às outras, considerando os sinais que podem ser percebidos, mas independentemente de qualquer sinal, perguntar e importar-se de forma genuína com seu colega de trabalho”, complementa a psicóloga organizacional.
Sobre a Ebserh
O CHU-UFPA faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Moisés de Holanda, colaboração de Fernanda Pacheco e revisão de Danielle Campos.
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh