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SAÚDE PÚBLICA
HU João de Barros Barreto é referência para tratamento de meningite
A vacina garantida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é a principal medida preventiva.
Brasília (DF)- A meningite, uma inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal, pode evoluir para sequelas neurológicas ou ser fatal, caso não seja diagnosticada com rapidez e tratada corretamente. Como forma de conscientizar e alertar a população para as graves consequências da doença, comemora-se no dia 24 de abril o Dia Mundial de Combate à Meningite. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal vinculada ao Ministério da Educação, que administra 41 hospitais universitários federais, conta com unidades que são referência para o tratamento da doença.
Em Belém, o Hospital Universitário João de Barros Barreto, integrante do Complexo Hospitalar Universitário da Universidade Federal do Pará (HUJBB/UFPA/Ebserh), possui uma Unidade de Diagnóstico de Meningite que funciona em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Pará, configurando-se como referência estadual.
O serviço, existente há 12 anos, e com suporte ininterrupto nos sete dias da semana, realiza, por mês, uma média de 100 atendimentos com coleta de líquido cefalorraquidiano (LCR) por punção lombar. Julius Monteiro, infectologista do HUJBB, explica que os usuários são atendidos na rede de atenção à saúde, nas urgências, ambulatórios ou clínicas e são referenciados para assistência na Unidade quando há suspeita na investigação de meningite. No local, em alguns períodos, a confirmação do diagnóstico de meningite chega a 30%.
O médico alerta que existe um grupo com maior risco de desenvolvimento da doença: “Estão mais suscetíveis pessoas com alguma deficiência imunológica, que pode ser por questão genética; transplantados, que fazem uso de medicamentos imunossupressores; infectados pelo HIV, ou que estejam com o diabetes descompensado”, pontua Julius.
O especialista aponta outros fatores que também contribuem, como, por exemplo: antecedente de trauma crânio encefálico e desenvolvimento de fístulas liquóricas (vazamento do líquido que circula ao redor do cérebro e da medula) ou agravamento por infecção como as otites, faringites e sinusites.
Prevenção é sempre o melhor caminho
Os mais frequentes agentes infecciosos são os vírus, seguidos das bactérias e microbactérias (em especial a causadora da tuberculose) além dos fungos (em especial o criptococo). Julius reforça que existem vacinas, já incorporadas ao Programa Nacional de Imunização do SUS, que conferem proteção a alguns tipos de meningite. “A vacina BCG protege na infância contra a tuberculose miliar e meningoencefálica. As vacinas contra as principais bactérias causadoras de meningite são a meningocócica e pneumocócica e a pentavalente contra o Haemophilus influenza e do tipo B. Algumas vacinas. como varicela, sarampo e caxumba, protegem contra alguns vírus que podem ocasionar meningites”, completou.
O imunizante garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é a principal medida preventiva. Em Pernambuco, o Hospital das Clínicas da UFPE (HC-UFPE/Ebserh) faz a aplicação das vacinas e trata as pessoas com meningite encaminhadas pela Secretaria Estadual de Saúde.
“A principal e mais importante forma de prevenção é a imunização de uso universal já no primeiro ano de vida, assim como reforços aos 11 e 13 anos de idade. Em alguns tipos de meningite bacteriana é possível ainda fazer o bloqueio, administrando antibióticos preventivos para os contactantes. Outras medidas gerais incluem ambientes limpos e ventilados e evitar aglomerações, especialmente em grupos de risco”, destaca o coordenador da área assistencial de Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) do HC-UFPE, Paulo Sérgio Ramos.
O coordenador da DIP também enfatiza que o tratamento precisa ser precoce. “São administrados antibióticos injetáveis num período de 7 a 14 dias. É muito importante que o tratamento já comece na unidade de saúde onde ocorra o diagnóstico, antes mesmo de transferência para um centro terciário, como o HC”. Já as meningites virais não têm um procedimento específico, sendo recomendada a medicação para aliviar sintomas como febre e dores.
Em Araguaína (TO), o Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT/Ebserh) também é referência no atendimento à meningite para toda a região, seja viral ou bacteriana, e recebe os pacientes por meio de encaminhamento da Rede de Atenção à Saúde (RAS). O paciente já chega regulado com a suspeita clínica ou com o diagnóstico confirmado, seguindo todo o fluxo para o paciente em isolamento. Em 2022, tiveram 26 casos notificados como suspeitos e destes um foi confirmado. Os pacientes tinham uma faixa etária que variava de 1 a 92 anos.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Danielle Morais, com revisão de Felipe Monteiro
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh