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ASSISTÊNCIA HUMANIZADA
Cuidados paliativos buscam melhorar qualidade de vida de pacientes e familiares.
A desinformação afeta a adesão ao cuidado, mas a atuação dos profissionais tem desconstruído mitos.
Belém (PA) - O segundo sábado de outubro, 12, foi escolhido para conscientizar a população sobre a importância dos Cuidados Paliativos. A data, celebrada mundialmente, reforça que a escolha dessa abordagem está longe de ser “Quando não há mais nada a fazer”. Pelo contrário, é quando ainda há muito a ser feito pela qualidade de vida do paciente e seus familiares. É quando é possível vê-lo na sua integralidade no que se refere aos cuidados físicos, psicológicos, sociais e espirituais. Os hospitais da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) contam com equipes preparadas para oferecer um atendimento multidisciplinar, seja na infância ou nos indivíduos com as idades mais avançadas. Em maio deste ano, foi aprovada a Política Nacional de Cuidados Paliativos do SUS e a expectativa é melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doenças graves que ameacem a vida, dando mais dignidade, controle da dor e de outros sintomas que causam sofrimento. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 625 mil pessoas precisam de cuidados paliativos e a estratégia irá ampliar esse cuidado.
O olhar integral e o acesso desde o diagnóstico faz a diferença
A enfermeira paliativista Cínthia Castro, do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB/Ebserh), esclarece que “os cuidados paliativos devem ser feitos por uma equipe multiprofissional com atuação interdisciplinar. Precisa ser uma equipe que olhe e cuide do paciente, considerando todas as suas dimensões físicas, psicossociais, espirituais, culturais, respeitando a individualidade, os valores de vida, a condição social, preferências e sua família”.
Cínthia acrescenta que esses cuidados não devem ser implementados somente na fase final de vida, e sim desde o diagnóstico. “É elegível para esse tipo de cuidado todo paciente que tenha uma doença com prognóstico de vida ruim ou reservado, seja a curto, médio ou longo prazos e cujo prognóstico seja ruim com o passar dos anos ou dos meses”, afirma.
No HUJBB, o Serviço de Cuidados Paliativos Oncológicos atua há 12 anos. Hoje, a equipe é formada por médicos paliativistas, enfermeiras, assistente social, psicóloga e auxiliar de enfermagem. “Nossa equipe atende no ambulatório de Cuidados Paliativos, faz interconsulta hospitalar multidisciplinar, visita domiciliar e, neste ano, iniciamos a teleconsulta. Discutimos os casos dos internados e dos que estão em casa”, comenta.
Paliativismo na Pediatria
No Rio Grande do Norte, a Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN/Ebserh) possui uma equipe de cuidados paliativos em Perinatologia, chamada Cuidando da Vida, criada em 2017. Multidisciplinar, atua junto com equipe de assistência na UTI neonatal, voltada para pacientes graves da UTI com doença ameaçadora de vida. “Em algumas situações conseguimos acompanhar gestantes desde o pré-natal, quando têm diagnóstico de gestação de fetos com malformações congênitas graves. Nosso objetivo é ampliar o campo de atuação”, frisa a médica neonatologista, Anna Christina Granjeiro.
Ela pontua que existem diferenças entre cuidados paliativos para adultos e crianças de uma forma geral, e que na infância, as condições perinatais são as principais indicações, incluindo prematuridade extrema, malformações congênitas e asfixia ao nascer, entre outros.
Mas a desinformação é grande. “Precisamos ampliar a discussão dentro dos serviços de saúde e da sociedade. Estamos conseguindo desconstruir alguns mitos que envolvem cuidados paliativos por meio da atuação da Comissão, mas ainda há um longo caminho a percorrer”, relata. Ela frisa que, no início, os pais têm dúvidas, mas quando se explicam os objetivos dos cuidados paliativos eles costumam entender e aceitam.
A médica reforça que esses cuidados não excluem tratamentos curativos ou modificadores de doença quando há indicação de serem realizados. “As duas abordagens (curativa e paliativa) têm que estar associadas, porque cuidados paliativos vão ajudar a cuidar do sofrimento imposto pela doença e pelos tratamentos para doença, melhora a qualidade de vida do paciente”, disse Christina. Ela pontua também que “se o paciente vier a óbito, o suporte ao luto da família é incluído na assistência, mas cuidados paliativos não é só para quem está morrendo”. Entre as atividades realizadas para o alívio do sofrimento estão conferências familiares, planos de cuidados e organização de momentos significativos para o paciente.
Estratégias de comunicação auxiliam na abordagem dos cuidados paliativos
No Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (HU-UFSCar) um grupo de trabalho desenvolveu o Protocolo de Comunicação de Notícias Difíceis. Ele já foi publicado e está disponível para consulta dos profissionais do hospital na intranet.
Bruna Mendes, médica geriatra do HU-UFSCar, ressalta que o protocolo atende a necessidade de aprimorar a comunicação na assistência à saúde e almeja qualificar os cuidados prestados aos pacientes. “A comunicação bem realizada estreita o vínculo entre pacientes, familiares e equipe. Além disso, sabemos que a comunicação é uma habilidade treinável e entendemos que muitos profissionais de saúde infelizmente não tiveram capacitação em comunicação ao longo de suas formações. Por tudo isso, o protocolo ganha importância”, comenta.
Segundo a médica, “É por meio de uma comunicação atenta e interessada que conhecemos as reais necessidades, vontades e valores daquele de quem cuidamos. E assim damos espaço para que sua autonomia seja respeitada ao longo de seu adoecimento”, finaliza.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Danielle Morais, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh