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CONSCIENTIZAÇÃO
Beijo: exemplo de carinho e de risco à saúde
Embora seja uma demonstração de afeto, a prática pode transmitir doenças
Belém (PA) - Compartilhado entre amigos, familiares e casais, o beijo é uma expressão universal de carinho, respeito e amor. O ato faz parte do nosso cotidiano e também está presente nos livros, filmes, novelas e músicas. E sabia que existe um dia dedicado a ele? Sim, é isso mesmo: o Dia Internacional do Beijo é celebrado neste domingo, 13 de abril. No entanto, apesar de parecer uma demonstração inofensiva, o gesto apresenta potenciais riscos à saúde, uma vez que envolve a troca de saliva, um fluido que pode carregar bactérias, vírus e fungos.
Por isso, é importante estar atento às ações preventivas para evitar diversas doenças, incluindo infecções respiratórias. Para entender melhor os cuidados necessários, ouvimos quatro especialistas do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), integrante do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA) e vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que abordam diferentes perspectivas dessa prática milenar.
De acordo com o infectologista Julius Monteiro, o beijo é uma via potencial para a transmissão de doenças, especialmente quando a pessoa está infectada ou com lesões visíveis na boca. "A saliva contém uma grande quantidade de micro-organismos, tornando possível a transmissão de doenças como a mononucleose, herpes e até mesmo doenças respiratórias, como a gripe e a covid-19", alerta.
A paciente de 25 anos, J.P.S., que preferiu não se identificar nesta reportagem, sabe bem os transtornos que essa prática pode causar. Ela foi diagnosticada com mononucleose, também conhecida como ‘doença do beijo’, uma infecção viral provocada pelo vírus Epstein-Barr (EBV). Tudo aconteceu após um encontro marcado por meio de um aplicativo de relacionamento. "Fui surpreendida pela rapidez com que os sintomas apareceram. Comecei com uma dor de garganta insuportável, seguida de febre alta e uma fraqueza extrema. Parece que meu corpo perdeu a energia de repente", relembra.
Após o episódio, a jovem redobrou os cuidados com a saúde. “Agora sou muito mais cautelosa e penso duas vezes antes de me envolver com alguém. A sensação de vulnerabilidade que isso me causou mudou totalmente a forma como vejo as relações, até mesmo com amigos e familiares. Estar saudável é a minha prioridade", garante.
Para evitar casos assim, o infectologista Julius Monteiro ressalta que a higiene bucal é indispensável. "É importante que as pessoas evitem o beijo caso apresentem sintomas de infecções, como febre ou lesões abertas na boca", orienta. Ele destaca, ainda, que “manter uma boa saúde imunológica e realizar consultas regulares a especialistas também são medidas necessárias para uma boa saúde”.
Relação entre o beijo e a saúde da pele
O beijo pode representar, ainda, riscos dermatológicos, com ênfase na pele dos lábios e ao redor da boca. A dermatologista Rossana Veiga alerta que, embora doenças como o herpes labial sejam comumente associadas ao beijo, o contato próximo também pode transmitir outras infecções virais, como a síndrome mão-pé-boca, causada pelo vírus Coxsackie. "Altamente contagiosa, essa doença afeta com mais força as crianças e se propaga por contato com secreções contaminadas", diz.
Ao beijar, as pessoas podem sofrer irritações ou reações alérgicas devido ao contato com substâncias presentes em batons, hidratantes e outros produtos aplicados na pele. "Em algumas situações, a proximidade leva ao ressecamento ou reações alérgicas, caso a pele entre em contato com substâncias irritantes", explica.
Além disso, o beijo pode transmitir outras doenças virais, como o exantema de Boston, sarampo e rubéola, que afetam a pele e causam sintomas como febre, erupções e dor de garganta. Para prevenir complicações, a dermatologista recomenda “manter a pele bem hidratada, evitar o beijo em caso de lesões visíveis ou sintomas gripais e, se necessário, buscar orientação médica em caso de manifestações suspeitas”.
Cuidados redobrados com os bebês
Beijar crianças, sobretudo bebês, exige cuidados a mais devido à vulnerabilidade do sistema imunológico infantil. Segundo a pediatra Bianca Garcia, chefe da Unidade de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do HUJBB, o ato de carinho pode transmitir doenças como faringites, resfriados, herpes e até a mononucleose para os pequenos. "Bebês com menos de seis meses são mais suscetíveis a complicações graves, como o vírus sincicial respiratório, que afeta os pulmões das crianças", afirma.
Por conta disso, Garcia recomenda evitar o beijo na boca, bochecha e mãos de bebês. A profissional também sugere que o melhor é fazer carinho em outras regiões, como nos pés ou na cabeça da criança e tomar precauções, como lavar as mãos e evitar contato se estiver doente. “Desta forma, demonstramos nosso afeto de forma segura e saudável”, aconselha.
Uma boca saudável para um beijo saudável
O cirurgião-dentista Arnaldo Gonçalves, chefe da Unidade de Saúde Bucal do Barros Barreto, explica que a troca de saliva favorece a transmissão de bactérias e vírus que afetam a boca, contribuindo para o desenvolvimento de problemas como gengivite e cáries, que devem ser avaliados por um odontólogo.
O risco, segundo ele, aumenta para quem usa aparelhos ortodônticos ou próteses dentárias. "Pessoas com aparelhos ortodônticos devem estar ainda mais atentas, pois resíduos podem ficar acumulados nos bráquetes, causando problemas de saúde bucal. O mesmo vale para quem utiliza próteses dentárias, que precisam ser higienizadas corretamente", alerta.
Para prevenir complicações, Gonçalves recomenda manter uma boa rotina de higiene oral e evitar beijar em caso de lesões ou inflamações na boca.
Calma: você não precisa parar de beijar!
Quando praticado de forma saudável e consensual, o beijo pode ser uma excelente maneira de estreitar laços afetivos e gerar inúmeros benefícios para a saúde. Além de ser uma demonstração de carinho e intimidade, o gesto ativa diversas reações químicas no corpo que promovem o bem-estar físico e mental.
O ato também pode aliviar o estresse, melhorar o humor e até fortalecer o sistema imunológico. O simples ato de beijar libera endorfinas, dopamina e oxitocina, substâncias que proporcionam prazer e felicidade, criando uma sensação geral de relaxamento e satisfação. Fique atento às dicas e, caso esteja tudo certo, é só aproveitar. Feliz Dia do Beijo, leitor e leitora!
Sobre a Ebserh
O CHU-UFPA faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por George Miranda, com edição de Ludmila Wanbergna.
Unidade de Imprensa e Informação Estratégica da Ebserh.
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh.