Atividade física é aliada na prevenção de doenças e recuperação de pacientes

Belém (PA) - Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, globalmente, um em cada cinco adultos e quatro em cada cinco adolescentes não praticam atividade física suficiente. No Brasil, o cenário é ainda mais preocupante: cerca de 47% dos adultos são sedentários. Entre os jovens, esse índice atinge impressionantes 84%, conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O sedentarismo, combinado a hábitos alimentares inadequados, é um dos maiores fatores de risco para diversas doenças, como hipertensão, diabetes e câncer.

Diante disso, o Dia Mundial da Atividade Física, celebrado neste domingo (6), ressalta a importância de manter o corpo em movimento. A prática regular de exercícios melhora o condicionamento físico e reduz o risco de adoecimento. Além disso, gera benefícios para a saúde mental, aliviando o estresse e a ansiedade. Os exercícios também fortalecem músculos e ossos, auxiliam na prevenção de quedas e fraturas e aumentam a flexibilidade e o equilíbrio.

No Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), integrante do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA) e vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o Laboratório de Avaliação e Reabilitação das Disfunções Cardiovasculares Oncológicas e Respiratórias (LACOR) desempenha um papel estratégico na promoção da saúde por meio da atividade física. O espaço, que faz parte da Unidade de Reabilitação Física da instituição, recebe cerca de 300 pacientes por mês, todos atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa oferece serviços de reabilitação pulmonar, cardiovascular e oncológica.

Segundo Saul Rassy, fisioterapeuta do LACOR, a fisioterapia associada à prática de exercícios físicos é fundamental para a recuperação das funções comprometidas dos pacientes. "A reabilitação vai além do conceito de cura. Nosso objetivo é restaurar a capacidade funcional das pessoas, permitindo que eles retomem suas atividades cotidianas com mais independência e qualidade de vida, como caminhar, subir escadas e realizar tarefas simples, mas essenciais para o dia a dia", explica.

Independência na velhice

Uma das pacientes atendidas no Hospital Barros Barreto é a aposentada Maria Helena Jastes, de 81 anos. Diagnosticada com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), ela realiza atividades físicas toda semana, incluindo alongamentos e exercícios aeróbicos e de memória. A idosa mora sozinha e tem orgulho da própria autonomia. “Faço tudo sem o auxílio de ninguém: pago contas, vou às compras, ao médico, ao banco. Sou bastante independente e isso se deve muito à prática de atividades físicas”, garante.

Carinhosamente chamada de Dona Maria pelos profissionais da unidade hospitalar, ela é paciente do LACOR há mais de 10 anos e observa melhorias constantes na saúde. "Quando faço os exercícios, sou outra pessoa, muito mais alegre e disposta. A atividade física ajuda no controle da minha condição pulmonar e também reduz as dores nas pernas e as câimbras, que tanto me atormentavam", detalha.

A interação com outros pacientes e com a equipe de saúde também tem sido uma importante fonte de motivação para a aposentada. "O ambiente é acolhedor. Adoro o contato com os outros pacientes e com os profissionais que nos atendem. Compartilhamos histórias de vida e sempre temos momentos de descontração", conta.

Campo de formação profissional

Estudante do 8º semestre de Fisioterapia na UFPA e estagiária do LACOR há um ano, Bruna Beckman destaca que os pacientes em reabilitação no espaço não possuem comorbidades disfuncionais, o que possibilita o uso de exercícios aeróbicos e de resistência para melhorar o condicionamento cardiorrespiratório deles. "Não são pacientes internados. Aqui, podemos focar na recuperação funcional deles, o que é um grande diferencial do nosso trabalho", afirma.

A acadêmica também valoriza a interação com os pacientes idosos, uma área nova na formação dela. "Eles são falantes e amam participar dos exercícios em grupo. Também sempre compartilham suas histórias de vida. Essa troca tem sido muito valiosa para o meu crescimento como profissional e como pessoa", completa.

LACOR

O Laboratório de Avaliação e Reabilitação das Disfunções Cardiovasculares Oncológicas e Respiratórias atende pacientes encaminhados por outros setores do HUJBB, além daqueles que chegam via Sistema de Regulação do SUS. O espaço também tem parcerias com instituições públicas (como a UFPA) e empresas esportivas para desenvolver pesquisas e proporcionar formação contínua a futuros profissionais nas áreas de Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Medicina.

O LACOR conta com diversos equipamentos de ponta, essenciais para um atendimento especializado e de alta qualidade para os usuários. Entre eles, o dinamômetro isocinético, único aparelho desse tipo no estado do Pará e um dos três disponíveis na região Norte do Brasil, que avalia de forma detalhada o desempenho muscular, potência, geração de energia e força em movimentos específicos.

O espaço também dispõe de um moderno analisador metabólico e de gases, que possibilita a realização de testes de esforço submáximo e máximo, com ênfase na análise das trocas gasosas e no comportamento do metabolismo corporal. O equipamento é capaz de medir diretamente parâmetros respiratórios, como a capacidade de consumo de oxigênio pelos pulmões (VO2), a produção de dióxido de carbono, a frequência respiratória e a ventilação pulmonar.

Sobre a Ebserh 

O CHU-UFPA faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

Por George Miranda, com edição de Alexsandra Jácome.

Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh.