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SAÚDE PÚBLICA
Estratégias da MCO-UFBA fortalecem o enfrentamento da mortalidade materna
28 de maio chama atenção para uma importante temática de saúde pública: é o Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna, trazendo luz aos diferentes problemas e situações clínicas que podem causar a morte de gestantes. A Maternidade Climério de Oliveira, da Universidade Federal da Bahia (MCO-UFBA), é uma instituição com papel ativo nesse combate, desenvolvendo assistência segura, ações de monitoramento e capacitações sobre esse assunto. A Maternidade é vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Como explica Leonildo Silva, chefe da Unidade de Centro Obstétrico e Processamento de Material Esterilizado e vice-presidente da Comissão Hospitalar de Mortalidade Materna da MCO-UFBA, o conceito de morte materna se refere ao óbito da pessoa que gesta desde toda a gravidez até 42 dias após o parto, independentemente da duração em semanas e da localização (por exemplo, se for ectópica, quando o óvulo não se implanta no útero).
As principais causas de morte materna, elenca Leonildo, são as síndromes hipertensivas (pré-eclâmpsia, eclâmpsia e hipertensão grave), as hemorragias, sejam durante a gestação (ruptura uterina, descolamento prematuro de placenta), durante e/ou após o nascimento. A terceira causa, é a presença de infecções, que evoluem para a sepse (infecção generalizada), e, como quarta causa, o aborto. É importante mencionar, conforme salienta o enfermeiro, que a mortalidade materna é também um reflexo da desigualdade social enfrentada em nossa sociedade, pois grande parte das vítimas são pessoas negras, com baixa escolaridade e enfrentam situação de pobreza.
Observando o contexto local, no Boletim Epidemiológico publicado em dezembro de 2023 pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB), dados referentes ao período de 2017 a 2022 registram 796 mortes maternas neste período, sendo 102 em 2022. Na MCO-UFBA, de 2014 a 2023, ocorreram cinco óbitos maternos. A Maternidade, então, desenvolve um cuidado que passa pelo pré-natal, momento de investigação de algum problema gestacional, e presta assistência imediata e adequada diante da gravidade de cada situação. “As nossas ações consistem em agir precocemente na intervenção, prevenção da ocorrência de complicações e transferência imediata para outra instituição caso seja necessário”, diz Leonildo.
Estratégias desenvolvidas para combater a morte materna
A Comissão Hospitalar de Mortalidade Materna da MCO-UFBA foi criada em 2008 e, desde então, tem monitorado e atuado no enfrentamento desse tipo de problema. Desde 2018, por exemplo, o grupo começou um projeto de análise de todas as pacientes transferidas, observando todas as ocorrências de óbitos, mas também do chamado near miss materno, que é quando a pessoa apresenta um estado crítico de saúde, mas sobrevive às complicações do parto. “Para este projeto, foram analisados mais de 250 casos de 2013 a 2018, e estamos trabalhando no banco de dados para escrever um artigo científico sobre isso, na perspectiva de sugerir a inclusão do Descolamento Prematuro de Placenta como Condição Potencialmente Ameaçadora a Vida (CPAV)”, salienta o vice-presidente da Comissão.
A paciente Mary Luce Souza, de 40 anos, é um dos casos recentes de luta pela vida após uma gestação de alto risco e complicações no pós-parto (near miss). Desde o início da gravidez sendo acompanhada pela MCO-UFBA, diante de um quadro de pré-eclâmpsia e descolamento de placenta, ela precisou passar pelo parto de urgência cesariano, dando à luz Benjamim Almeida, no dia 1º de fevereiro de 2024, com 31 semanas e três dias de gestação. O bebê ficou internado na Maternidade até o dia 16 de abril, inicialmente na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), recebendo todos os cuidados. A mãe, por sua vez, apresentou queixas de fortes dores abdominais no puerpério, quando foi diagnosticada com uma interrupção do fluxo sanguíneo (isquemia mesentérica aguda) no intestino delgado, tendo sido necessária uma cirurgia para remoção de grande parte afetada, feita pela equipe de cirurgia geral que foi acionada pela urgência da ocorrência.
Após o procedimento, Mary Luce foi transferida para a UTI do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), também vinculado à UFBA e à Ebserh. Hoje, já recuperada e com seu filho, Mary Luce contou que os momentos vividos foram de superação e agradeceu pela assistência recebida. “O atendimento da Climério de Oliveira foi maravilhoso. Eu só tenho a agradecer pois me senti completamente acolhida. É como se fosse uma família. Os profissionais da Maternidade foram também me visitar no Hospital Universitário e eu criei um vínculo muito grande”, relata.
Assim como no acompanhamento do caso de Mary Luce, a Comissão prepara um parecer de avaliação de cada paciente com suspeita de CPAV ou near miss, faz relatório anual e realiza reuniões com a gestão e as chefias das unidades para melhorias, além de promover debates em eventos da área. Inclusive, para o dia 9 de julho, está sendo programada um seminário sobre “Deterioração clínica de pacientes com foco na sepse”, às 14h, com transmissão também on-line. Mais informações serão divulgadas em breve.
Sobre a Ebserh
A Maternidade Climério de Oliveira faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Marília Rêgo
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh