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CONSCIENTIZAÇÃO
Outubro Rosa: veja mitos e verdades sobre o câncer de mama
No mês de conscientização sobre o câncer de mama, o Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), da Universidade Federal da Bahia e vinculado à Rede Ebserh (Ufba/Ebserh), compilou as principais informações que você precisa saber sobre a doença. O câncer de mama é o segundo tipo de câncer de maior incidência no mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a previsão é de que ele afete mais de 66 mil mulheres entre 2020 e 2022. Veja o bate papo com Carlos Frederico Benevides, oncologista do hospital, sobre mitos e verdades que permeiam o tema.
O que é o câncer de mama?
O câncer de mama é um crescimento desordenado das células da glândula mamária que pode culminar com o tumor e com a metástase, que é a proliferação desse tumor para outros órgãos. É uma doença letal. Quando se faz o rastreamento, pode-se detectar as pessoas em uma fase mais precoce da doença, quando as lesões estão começando a se desenvolver.
Quais são os fatores de risco?
A história familiar é um risco muito bem estabelecido. Mulheres que têm casos de câncer de mama em parentes, como mães, avós e tias, têm um fator de risco maior. Nunca amamentar é outro fator de risco para a doença, porque a mama feminina só amadurece por completo quando a mulher gesta e amamenta. Outro fator relacionado é a obesidade e o sedentarismo. O tabagismo é mais um fator, porque existem substâncias cancerígenas no tabaco.
Quais são os sinais e sintomas da doença?
A doença pode ser assintomática, daí o papel do rastreamento, que é pegar casos em que a mulher não tem sintoma nenhum. Também é necessário lembrar que o autoexame é importante para a mulher se conhecer, mas não há estudos que mostram que ele tenha a eficiência do rastreamento. Alguns sinais da doença são nódulos na mama, retração mamilar, eliminação de secreção, alterações na textura da pele e na coloração.
Qual é a importância do Outubro Rosa?
Temos o rastreamento populacional e o oportunístico. O populacional é o de campanhas como o Outubro Rosa. Já o rastreamento oportunístico é quando o médico, numa consulta de rotina ou check-up, detecta um risco e eventualmente oferece um exame de rastreamento ao paciente. O princípio dos rastreamentos populacionais é que eles têm como base a evidência de que, de fato, aquele teste diagnóstico reduz a mortalidade. Fazer rastreamento para câncer de mama, na população indicada, reduz o risco de morte. Como há evidências sobre o benefício, os governos estimulam o período de campanha nacional. Assim, o indivíduo que só faria o rastreamento de forma oportunística, ou seja, quando estivesse passando no médico, pode ter mais acesso aos exames.
Quem deve fazer a mamografia?
A faixa etária que está definida pelo Ministério da Saúde vai dos 50 até os 69 anos. Esse público deve fazer a mamografia a cada dois anos. Rastrear essa população comprovadamente gera benefícios. Há campanhas não vinculadas às normativas do Ministério da Saúde que estimulam mulheres com 40 anos a já começarem a fazer o rastreamento, mas os estudos não são claros quanto aos benefícios do procedimento para essa população.
É importante lembrar que a realização de procedimentos não necessários também pode trazer malefícios. É necessário entender qual é o risco da radiação na mama de uma mulher que nunca vai desenvolver a doença. Quando se vê que uma faixa etária tem mais benefício do que malefício com o teste, recomenda-se a mamografia.
O autoexame não é eficaz para detectar a doença?
Existe a crença de que o autoexame é eficaz porque, tempos atrás, existiu uma campanha que recomendava que o método era a melhor maneira para se detectar os nódulos. Entretanto, estudos mostraram que o exame médico ou o autoexame podem não ser eficazes para detectar nódulos pequenos. Nisso, a mamografia é superior. Hoje, o autocuidado faz parte do conhecimento da mulher, mas não faz parte da política de rastreamento.
O câncer de mama também acomete homens?
Sim. Entretanto, como a glândula mamária é menos desenvolvida no homem, a incidência do câncer de mama é muito menor neles do que nas mulheres. Por isso, não há uma recomendação de rastreamento populacional em homens. Eles devem passar pelo rastreamento oportunísticos, ou seja, de acordo com o risco, quando se souber de casos de câncer na família ou de predisposições hereditárias.
Pode falar sobre alguns mitos que giram em torno do câncer de mama?
Quando se mapeiam os mitos sobre o câncer de mama, encontramos muita coisa. Existem mitos sobre o uso de desodorante, o tipo de sutiã ou a utilização do aparelho celular. Não há nenhuma evidência que leve a crer que esses sejam fatores de risco para o câncer de mama.
Gostaria de falar mais alguma coisa sobre o tema?
Temos observado que a população mais jovem tem tido mais câncer de mama. Embora a incidência não seja muito relevante, mulheres mais jovens estão sendo diagnosticadas com a doença. Isso me parece ter uma relação com hábitos que são modificáveis, como alimentação e cuidado com a saúde. As pessoas parecem estar confundindo cuidado com a saúde com usar suplementos e hormônios para “ficar mais forte”. Isso na verdade gera riscos. A mulher, em geral, precisa respeitar o processo de envelhecimento como algo normal e buscar ter uma vida saudável e o mais natural possível.