Notícias
GARANTIAS DE DIREITOS
Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ é símbolo de reivindicações para esta população
Salvador (BA) – O Brasil lidera pelo 14º ano consecutivo o ranking mundial de países que mais mata pessoas trans, de acordo com o dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras. Ainda de acordo com o documento, a expectativa de vida dessas pessoas no país é de 35 anos. Dessa forma, iniciativas que garantam o acesso à qualidade de vida e cidadania da população trans são formas efetivas de modificar esse cenário.
O Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, comemorado nesta sexta-feira, 28, é símbolo de reivindicação por direitos dessa população. Nesse contexto, as duas unidades hospitalares da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Maternidade Climério de Oliveria e Hospital Universitário Professor Edgard Santos, ambas da Universidade Federal da Bahia) têm dado passos importantes e pioneiros na garantia de direitos reprodutivos, de inclusão e cidadania.
O Hupes-UFBA/Ebserh vem abrindo caminhos para serviços inéditos na saúde pública do estado baiano através do Ambulatório Transexualizador. Específico para a população transgênero, o equipamento possui equipe multidisciplinar comprometida com o atendimento humanizado e oferece serviços como hormonização, fornecendo medicações necessárias em consonância com as diretrizes do Ministério da Saúde (MS).
“O Dia Internacional do Orgulho é importante para que as pessoas saibam que as pautas trans existem, que a gente deve prestar mais atenção às demandas e especificidades da população trans, o que exige um cuidado e uma formação especiais”, explicou a médica endocrinologista Luciana Oliveira do Hupes-UFBA/Ebserh e coordenadora do Ambulatório Transexualizador.
Pioneirismo no SUS
A cirurgia de redesignação sexual é um dos principais procedimentos no processo de transição de gênero. O Hupes-UFBA/Ebserh é referência estadual neste tipo de procedimento. A primeira cirurgia foi feita em agosto de 2023 e até junho de 2024 outras duas cirurgias foram realizadas na unidade.
Além disso, o Ambulatório realizou em abril de 2024 a primeira cirurgia de transição vocal (glotoplastia) pelo SUS em uma mulher trans na Bahia. A cirurgia é feita através de um procedimento minimamente invasivo por dentro da boca, sem cortes externos. A partir do remodelamento das cordas vocais, o número de vibração desses tecidos musculosos é reduzido, produzindo uma voz mais aguda.
“Eu costumo falar que essa cirurgia não muda vozes, muda vidas”, destaca Erica Campos, otorrinolaringologista que realizou o primeiro procedimento cirúrgico do tipo no Ambulatório do Hupes-UFBA. “Isso porque existem muitos estigmas relacionados à voz. Pessoas trans sofrem violências desde o momento que acordam, seja dando bom dia na padaria, sofrendo ali alguns estigmas da transfobia pela sua qualidade vocal. E para as meninas trans é um desafio mais especial porque a terapia hormonal não muda de maneira significativa a voz”, explica a médica, que reforça a importância do procedimento ser oferecido no Sistema Único de Saúde.
Caderneta garante inclusão de homens trans
Com o propósito de aprimorar sua capacidade assistencial na área de atenção à saúde durante e pós a gestação, a MCO-UFBA/Ebserh desenvolveu o projeto “Transgesta”. Trata-se de um programa voltado às pessoas que se reconheçam e se declarem transexuais, travestis, transgêneros, intersexo e outras denominações que representam formas diversas de vivência e de expressão de identidade de gênero, tornando-se referência em atendimento à população trans na Bahia em 2021.
Dentro do programa “Transgesta”, a MCO-UFBA/Ebserh desenvolveu, neste ano, um instrumento inédito no SUS que garante um acompanhamento mais assertivo para homens trans gestante. Trata-se de uma caderneta que tem como objetivo promover inclusão social, visibilidade e pertencimento, além de produzir dados qualitativos e quantitativos sobre gestações transmasculinas.
Sobre a Rede Ebserh
Desde outubro de 2012, o Hupes-UFBA e a MCO-UFBA são filiados à Rede Ebserh. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Elizabeth Souza e Luiz Carlos Lima