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Espaço Trans do HU celebrou na terça-feira (6) um ano de atuação como local de acolhimento e aprendizado
Pensado como um ambiente de acolhimento à população transsexual, o Espaço Trans do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA) completou um ano de funcionamento. Em comemoração à data, a equipe multidisciplinar do local promoveu o I Encontro do Espaço Trans HU/Ebserh-UFAL, com o tema “Desafios e Potencialidades em Um Ano de Atuação”, na terça-feira (6). O evento contou com apresentação cultural e uma mesa-redonda abordando "Disforia de gênero e saúde mental nos pacientes trans".
Para o Gerente de Ensino e Pesquisa do HU, Eurico Lobo, a materialização do espaço trans é fruto de uma ideia exitosa e da superação de vários desafios. Para que o local consiga atender satisfatoriamente seu público-alvo, é necessário que as ações sejam coletivas e contínuas no âmbito do Hospital Universitário. “Cada um de nós individualmente pode alguma coisa, mas quando estamos unidos em uma ideia e trabalhamos fortemente, não tenho dúvida de que teremos sucesso garantido. A gestão do HU estará sempre abraçando esse projeto porque entendemos que ele é vital. É preciso dar visibilidade a todos, naquilo que somos e nos colocamos como sociedade”, afirma.
No contexto de ensino e pesquisa, o espaço trans funciona como parte do aprendizado de estudantes e residentes, para que eles tenham, em sua formação, abordagens adequadas em respeito às especificidades da população trans, e melhorem suas práticas cotidianas enquanto profissionais. “O espaço é essencial para o ensino, porque nos permite sair com uma formação tendo contato com esse público. Eu não sabia acolher, não sabia da questão de nome social. Fiz residência e não havia um local como este onde estudei”, comenta a endocrinologista do espaço trans, Izabelle Cahet.
Um dos idealizadores do espaço, o psicólogo Cauê Assis, acredita que o local é fruto de um percurso construído por pessoas que tornaram sua materialização possível, uma vez que o ambiente provê acesso à saúde a uma comunidade que não encontrava visibilidade anteriormente tanto no município de Maceió quanto no Estado de Alagoas. A abrangência das atividades começa inclusive na nomenclatura, batizando os consultórios do HU de ‘espaço’ e não apenas ‘ambulatório’. “Entendíamos que o objetivo era criar um ambiente de acolhimento e cuidado à saúde e não estritamente um local de protocolos médicos, ambulatoriais. É um espaço de encontro, de possibilidades para as pessoas trans, pensando numa saúde coletiva”, explica.
SERVIÇO
O espaço trans possui hoje 66 pacientes atendidos. Para quem deseja se somar a esse número, a porta de entrada é a Unidade Docente Assistencial (UDA) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). A pessoa interessada passa pela equipe da UDA, que encaminha, via Sistema de Regulação, ao HU. Ao chegar no Hospital, é feito um primeiro acolhimento, por assistente social, psicóloga, enfermeira e auxiliar de enfermagem. Na abordagem, os profissionais realizam uma entrevista sobre história de vida do indivíduo, em sequência, encaminham para a endocrinologista para fazer os exames e avaliações necessárias e iniciar o processo de hormonioterapia.
A equipe multidisciplinar do espaço trans do Hospital Universitário é composta por endocrinologista, enfermeira, psicóloga, assistente social, técnica em enfermagem e estagiários de Psicologia. O local, além de receber estagiários de Psicologia, que também atuam na promoção da saúde e no atendimento ao paciente, também recebe os profissionais das residências de Psiquiatria. A equipe já teve visitas de residentes de Pediatria, Psicologia e Serviço Social, e está aberta ao processo de ensino e aperfeiçoamento profissional.
Raoni Santos
Jornalista
HUPAA-UFAL