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ACESSO IGUALITÁRIO
E se fosse você, como lidaria com as barreiras enfrentadas pelas PCDs?
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Natal (RN) – No mês de dezembro, é celebrado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, uma data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1992, para conscientizar sobre os direitos fundamentais das pessoas com deficiência (PCDs), como acesso à saúde, à educação e ao trabalho. Mas você já ouviu falar em capacitismo? Sabe o que é e como ele pode impactar o acesso das PCDs aos serviços de saúde? O Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN), da Rede Ebserh, convida você a refletir sobre os desafios e a importância do atendimento inclusivo no Sistema Único de Saúde (SUS).
E se fosse comigo?
Imagine um homem de 53 anos, casado há 33, pai de dois filhos, que trabalhava, caminhava cerca de 15 quilômetros por semana, fazia musculação, jogava futebol todo sábado... enfim, vivia uma rotina cheia de energia. Após sentir incômodo no pé e dor nas costas, buscou ajuda médica e teve um diagnóstico inesperado: esclerose lateral amiotrófica (ELA). A doença é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta o sistema nervoso, causando paralisia motora irreversível e, até o momento, não possui cura.
Essa é a história de José Altevi Duarte Junior, contada pela voz de sua esposa, Elisângela Duarte: “Na primeira consulta deste ano, em 16 de fevereiro, ele chegou ao Hospital dirigindo e com o uso de apenas uma muleta... Hoje, 29 de novembro, ele precisou ir e voltar de ambulância”. Apesar das dificuldades, a família encontrou “um fôlego de esperança” e muito acolhimento no Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN).
José foi encaminhado para ser tratado no ambulatório especializado em ELA, referência regional e destaque pelo tratamento técnico e humanizado. “Quando passamos daquela porta, nos sentimos abraçados como família, como seres humanos. Eles não nos trataram como apenas mais um número. O cuidado e a dedicação da equipe foram além do esperado. Parecia que éramos os únicos ali”, relembrou Elisângela.
A equipe multidisciplinar oferece apoio emocional, orientações práticas e até mesmo conselhos sobre planejamento financeiro, considerando as necessidades reais dos pacientes. “Eles nos ensinaram a priorizar o que era mais urgente para o momento, sem desperdiçar recursos em algo que ainda não era necessário”, destacou Elisângela.
Um ponto que chamou atenção de Elisângela é o combate ao capacitismo no Hospital. Ela relatou: “No Huol, não vimos olhares capacitistas ou de pena. Ao contrário, eles reforçam os potenciais de cada paciente, estimulando sua autonomia e mostrando que limitações físicas não definem quem somos. O capacitismo não entra naquele lugar. Desde o segurança até o diretor, ninguém fala de forma que transpareça algum capacitismo”.
A família tem grandes planos para o início de 2025: “Nosso filho mais novo se formará na universidade e José estará na primeira fila para aplaudir. Isso só será possível graças ao empenho dos profissionais do Huol. Nossa família será eternamente grata por todo o apoio recebido”, disse Elisângela.
Desafios e conquistas no dia a dia
A psicóloga Myrna Raquel Agra de Souza, é empregada PCD há 10 anos na Ebserh, e conta quais os desafios e conquistas alcançados no dia a dia de trabalho no Huol. “Os desafios são sempre os mesmos, é fazer a gestão perceber as particularidades de cada trabalhador, que cada deficiência é única e ajustar as necessidades de cada um ao seu ambiente de trabalho. As conquistas são justamente os resultados desse olhar sobre o trabalhador, quando o mesmo consegue ser contemplado dentro da sua particularidade. Como por exemplo: uma estrutura física adequada onde ele possa estar no seu espaço de trabalho, uma carga horária flexibilizada diante de uma necessidade, entre outras. É importante sempre buscar os direitos dentro do espaço de trabalho para que possamos estar sempre equiparados aos demais trabalhadores”, disse a profissional.
Myrma Raquel ainda destaca que a acessibilidade e a inclusão no trabalho é lei e diz “para além disso, garantir que a inclusão de pessoas com deficiência é valorizar a diversidade, é garantir igualdade e respeito assegurando que todos tenham condições e mesmas oportunidades, é reduzir riscos e barreiras garantindo a segurança do trabalhador e, por fim, proporcionar engajamento e produtividade. Um funcionário que percebe que a empresa olha para ele e suas particularidades se sente mais satisfeito e empenhado”.
A estudante do curso de medicina, Maria Fernanda Almeida Silva, conta sua experiência de ensino e aprendizagem como pessoa com deficiência nos hospitais universitários do RN. Maria Fernanda já passou pelo Huol-UFRN, Mejc-UFRN e, agora, estuda no Huab-UFRN. “São ambientes extremamente acadêmicos e com ótimos preceptores, uma grande oportunidade de aprendizado tanto profissional quanto pessoal. Só é possível que pessoas com deficiência acessem e se mantenham nesses locais na presença da acessibilidade plena. Se faz necessário que essas pessoas sejam ouvidas para que melhorias sejam realizadas nesses serviços, porque a visão é diferente quando você passa diariamente por situações que pessoas sem deficiência não vivenciam”, disse Maria Fernanda.
Para garantir a integração e a acessibilidade plena, Maria Fernanda ainda enfatiza a importância da acessibilidade atitudinal. “Gostaria de destacar a importância da acessibilidade atitudinal que se trata de comportamentos, atitudes e práticas para incluir pessoas com deficiência. Fiquei muito feliz por encontrar profissionais que desempenham com excelência esse ponto, deveria haver capacitações sobre essa temática para que mais pessoas adquiram esse conhecimento”, conta a aluna de medicina.
Ações da Rede Ebserh
A Rede Ebserh tem implementado iniciativas para melhorar o atendimento às pessoas com deficiência em seus 45 hospitais universitários. Entre as ações estão a capacitação de profissionais e a adaptação de estruturas físicas. Em 2024, foram realizados dois eventos on-line organizados pelo Serviço de Relações de Trabalho (Seret).
O 1º Webincluindo abordou: “Inclusão começa em mim, em você, e vamos semeá-la em toda a Rede Ebserh”, já com participação de intérpretes de Libras do quadro de profissionais da instituição. O 2º Webincluindo, em novembro, discutiu o tema: “Vamos falar sobre capacitismo”, com a presença de Naira Rodrigues Gaspar, Diretora da Secretaria Nacional do Direito da Pessoa com Deficiência, que destacou avanços e desafios no Brasil. Além disso, está em análise um levantamento com 487 respostas de PCDs da Rede, visando desenvolver ações que atendam às suas necessidades de forma mais eficaz.
Sobre a Ebserh
O Huol, Huab e Mejc fazem parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.