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CONSCIENTIZAÇÃO
Doenças inflamatórias intestinais não têm cura, mas há tratamento efetivo
HULW oferece atendimento especializado em doenças inflamatórias intestinais, com equipe médica, nutricionista e enfermagem
Você já ouviu falar de Retocolite Ulcerativa? E de Doença de Crohn? Ambos os termos (ainda hoje estranhos para muitas pessoas) representam as duas principais Doenças Inflamatórias Intestinais (DII). Elas causam feridas internas nos tecidos e órgãos, principalmente no intestino delgado e no intestino grosso. Tais patologias não têm cura, mas o tratamento efetivo assegura uma vida com qualidade e capacidade de trabalho. Nesta quarta-feira, 19 de maio, é celebrado o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal.
Em João Pessoa, o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB), da Universidade Federal da Paraíba e vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), oferece atendimento especializado em doenças inflamatórias intestinais, com equipe médica, nutricionista e enfermagem. A assistência ocorre por meio da Unidade do Sistema Digestivo.
Médico do HULW-UFPB/Ebserh, o gastroenterologista Marcelo Vicente Toledo de Araújo esclarece que o termo “Doença Inflamatória Intestinal” compõe, na verdade, um grupo de patologias. “Tais doenças acometem o trato gastrointestinal (tubo digestivo) através de uma inflamação crônica, causada por uma desordem imunológica (imunomediada/autoimune), ainda de origem não totalmente esclarecida, representada por dois tipos principais: Retocolite Ulcerativa e Doença de Crohn”, explica.
De acordo com o também gastroenterologista Fernando Jorge Firmino Nóbrega, do HULW-UFPB/Ebserh, o estilo de vida das pessoas, com alimentação inadequada e excesso de consumo de produtos superindustrializados, pode influenciar no surgimento de doenças inflamatórias intestinais.
“Vários fatores, não totalmente elucidados, podem levar ou contribuir para o desenvolvimento das doenças inflamatórias intestinais (DII), desde fatores próprios do paciente, como os genéticos, até fatores do ambiente, em especial os dietéticos. Em contraste, uma dieta rica em fibras (frutas e verduras) aparenta ter uma relação contrária ao desenvolvimento das DII”, explica Fernando Jorge Nóbrega.
Tanto a Doença de Crohn quanto a Retocolite Ulcerativa são doenças cuja causa ainda não está totalmente conhecida. “Também por isso não têm cura, porém existe tratamento efetivo. Quando iniciado precocemente e com bom acompanhamento de especialista, o tratamento traz uma vida com qualidade e capacidade de trabalho, evitando cirurgias e outras complicações. Em muitos casos, é possível ter uma vida sem restrições”, lembra o gastroenterologista Marcelo Vicente.
Tal prognóstico também é reforçado pelo médico Fernando Jorge Nóbrega. “Apesar de doenças crônicas e sem cura, as medicações disponíveis atualmente reduzem a inflamação e habitualmente controlam os sintomas, podendo os pacientes apresentarem vida ativa e produtiva. Em casos selecionados, o tratamento cirúrgico é a modalidade terapêutica escolhida”.
QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS SINTOMAS?
Quando uma pessoa tem Retocolite Ulcerativa ou Doença de Crohn, o corpo dá sinais. E não são poucos! Os principais sintomas das doenças inflamatórias intestinais são: diarreia crônica (geralmente com mais de 30 dias), fezes com sangue, muito muco ou pus; dores na barriga (cólicas); anemia, febre e perda de peso. “Esses são os sintomas comuns e motivo para procurar um atendimento especializado. Feridas na região perto do ânus também devem ser valorizadas”, diz o médico Marcelo Vicente. Além disso, tanto a Retocolite Ulcerativa quanto a Doença de Crohn podem ter manifestações fora dos intestinos, quando afetam olhos, articulações, pele e outros órgãos.
A Retocolite Ulcerativa se caracteriza por uma doença que acomete exclusivamente o reto e cólon (intestino grosso), de uma forma contínua e mais superficial, podendo afetar apenas o reto (proctite ou retite), o cólon esquerdo (colite esquerda) ou todo o cólon simultaneamente (pancolite).
Já a Doença de Crohn pode acometer áreas da boca ao ânus, geralmente salteadas (segmentos normais entre mucosa doente) e pode ser mais profunda, causando complicações como estenoses (estreitamentos), perfurações ou fístulas (quando o intestino se comunica com outro órgão ou pele). O íleo terminal (o final do intestino delgado) é o local mais acometido. A região perto do ânus também é local comum da doença.
COMO O DIAGNÓSTICO É FEITO?
Ainda hoje, não existe algo definitivo, o chamado padrão ouro, para determinar o diagnóstico de doença inflamatória intestinal. Assim, o médico que for atender o paciente precisa levar em consideração informações da história clínica do indivíduo, exames de sangue, de fezes e de imagem (ultrassom, tomografia ou ressonância...), dentre outros. “Tudo isso auxilia na argumentação para chegar ao diagnóstico e, principalmente, associado à ileocolonoscopia (um exame que inspeciona diretamente o intestino grosso e final do delgado) com retirada de biópsias para análise microscópica”, ressalta o gastroenterologista Marcelo Vicente.
Angélica Lúcio - Jornalista HULW-UFPB/Ebserh