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MÊS DA CIÊNCIA E DO PESQUISADOR
Pesquisadores do HUAC-UFCG falam sobre resultados de estudos desenvolvidos
Campina Grande (PB) – A ciência salva pessoas, melhora a qualidade de vida e traz uma série de benefícios à população Brasil afora. Isso é tão relevante que ganhou até uma data: o 8 de julho, quando se comemora o Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico. Para celebrar a importância dos seus cientistas e pesquisadores, o Hospital Universitário Alcides Carneiro, da Universidade Federal de Campina Grande (HUAC-UFCG), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), ouviu pesquisadores que desenvolvem estudos para melhorar a vida das pessoas.
O desafio das Doenças Raras
A geneticista Paula Frassinetti atua no Hospital Universitário Alcides Carneiro, da Universidade Federal de Campina Grande (HUAC-UFCG), e, desde 2012, dedica-se a pesquisas sobre doenças raras, um desafio seja pela dificuldade diagnóstica, seja pelo número reduzido de pacientes e pela inexistência de um tratamento específico para a maioria delas. “Ao estudar essas doenças, tem sido possível gerar conhecimento e divulgá-los, o que tem levado a um diagnóstico mais precoce de algumas delas em nossa região. A precocidade do diagnóstico é fundamental para a resposta ao tratamento específico”, ensina Paula Frassinetti.
Para a pesquisadora, a grande abrangência e capilaridade do SUS dimensionam bem a sua importância para a ciência nacional. “É muito gratificante quando os resultados de pesquisas nacionais (com ou sem parceria internacional) são incorporadas ao SUS e beneficiam os nossos pacientes”, comenta a geneticista.
Fungos no ambiente hospitalar
O Professor do curso de Farmácia da UFCG e pesquisador no HUAC-UFCG, Egberto Santos Carmo, destaca a pesquisa intitulada “Sazonalidade fúngica anemófila como parâmetro da qualidade do ar das unidades de terapia intensiva do HUAC”, que foi um projeto de iniciação científica do Programa de Iniciação Científica (PIC 2023-2024), realizado com o bolsista Julihermes Avelar de Macedo Filho.
“Resolvi desenvolver essa pesquisa por alguns motivos: as doenças infecciosas fúngicas estão aumentando no mundo, são muitas vezes negligenciadas e a qualidade do ar, pode trazer riscos à saúde dos pacientes, em especial aqueles imunossuprimidos e em Unidade de terapia Intensiva (UTI)”, explica Egberto Santos.
Segundo o pesquisador, com esse estudo, é possível aferir se as condições do ar das unidades de terapia intensiva adulta e pediátrica estão em acordo com as normas da ANVISA, em termos de quantidade de fungos. Egberto apresenta os seguintes dados obtidos pela pesquisa: a contagem de unidades formadoras de colônias apresentou uma variação de 21,7 a 67,4 UFC/m³, e a relação entre o ambiente externo e interno (I/E) variou de 0,16 a 0,61, atendendo as diretrizes estabelecidas pela legislação vigente. Os resultados indicaram que os fungos mais prevalentes foram Cladosporium spp., Trichosporon spp., Trichoderma spp. e Penicillium spp. Com poucas espécies com potencial patogênico aferido por experimentos.
A pesquisa foi desenvolvida no HUAC-UFCG, nas UTI adulto e pediátrica, nos meses julho e outubro de 2023 e janeiro de 2024. Em relação às contribuições da pesquisa para a ciência, Egberto destaca o conhecimento da epidemiologia de fungos de um ambiente hospitalar, “mais precisamente de um setor tão delicado como UTI, permite que estratégias de controle de infecções relacionadas à saúde possam ser tomadas ou melhoradas. Nesse caso, contribuímos com informações que, de certa forma, tranquilizam os setores, sob o ponto de vista da presença de fungos do ar”, afirma.
Realidade virtual no manejo da dor
A pesquisadora e professora da UFCG, Anajás Cantalice, desenvolve a pesquisa intitulada “Realidade Virtual no manejo da dor de crianças e adolescentes em tratamento oncológico”, que faz parte do Programa de Iniciação Científica (PIBIC).
A pesquisa desenvolvida se deu pela motivação em verificar na prática clínica do cuidado a crianças com câncer, a dificuldade por parte dos profissionais em implementar procedimentos próprios do tratamento, como punções venosas, curativos, administração de quimioterápicos, entre outros. Segundo Anajás, esse fato gera o questionamento se é possível utilizar alguma estratégia que minimize o medo, as tensões e facilite o cuidado para essa faixa etária. “Observando que a maioria das crianças optava por utilizar telas para relaxamento, pensamos em unir a ferramenta ao cuidado e verificar se, de fato, alcançamos o objetivo de alívio e cuidado mais humanizado”, explica Anajás Cantalice.
Além das atividades lúdicas tradicionais, a Realidade Virtual (RV) representa uma forma de distração para reduzir a dor, ansiedade e angústia durante a realização de algum procedimento, como a quimioterapia. A pesquisa é realizada no HUAC-UFCG, com as crianças e adolescentes que se enquadram nos critérios de elegibilidade na oncologia pediátrica. Ao todo, foram avaliadas 34 crianças.
“Observou-se na avaliação da frequência cardíaca, saturação de oxigênio, temperatura que houve diminuição significativa da temperatura e dor no grupo que utilizou realidade virtual, se comparado ao grupo controle, ou seja, o que manteve o cuidado convencional”, disse Anajás Cantalice.
HUAC como campo de pesquisa
Sobre a importância do hospital ser campo de prática de pesquisa, a Chefe da unidade de Gestão da Pesquisa e Chefe Substituta do Setor de Gestão da Pesquisa e Inovação Tecnológica em Saúde do HUAC-UFCG, Karoll Moangella Andrade de Assis, destaca os hospitais universitários, como o Hospital HUAC, têm a missão de fazer um elo entre a academia e a prática clínica, proporcionam um ambiente de aprendizagem e para o desenvolvimento de pesquisas.
“Buscamos sempre incentivar nossos colaboradores no desenvolvimento de pesquisas no ambiente de trabalho em que estão inseridos, oportunizando o avanço do conhecimento científico. Para isso, oferecemos cursos de capacitação, participação em comissões avaliativas de projetos de pesquisa e orientação no desenvolvimento de projetos. Acreditamos que a integração entre ensino, pesquisa e assistência à saúde é fundamental, não apenas beneficiando a comunidade acadêmica, mas também trazendo melhorias significativas para a qualidade dos serviços prestados à população”, ressalta Karoll Moangella.
Dia da ciência e do pesquisador
Egberto Santos comenta que a data merece ser lembrada para que a sociedade conheça a importância dos investimentos em pesquisas que trazem contribuições para a saúde da população.
O pesquisador realiza um agradecimento. “Gostaria de agradecer a parceria do Hospital, assim como a sensibilidade das equipes que permitiram que a pesquisa fosse desenvolvida, e parabenizar a equipe da Gerência de Ensino e Pesquisa pela gestão do edital PIC que nos permitiu desenvolver este trabalho”, finaliza.
Para Anajás Cantalice, a data representa um marco para a relevância do profissional no desenvolvimento da sociedade. “Diversos estudiosos inquietos, questionadores, se esforçam diariamente para buscar soluções para problemas de ordem prática, filosófica, social que geram enorme impacto no dia a dia das pessoas, se debruçam sobre leituras, pensam em métodos, aprendem estratégias de avaliações, alcançam resultados que transforma a forma de pensar e de viver”, destaca a profissional.
Sobre a Ebserh
O HUAC-UFCG faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde Sugestão de legenda: Os diferentes tipos de alergias trazem impactos no dia a dia do paciente.