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CELEBRAÇÃO E AFETO
O DNA da amizade: Laços invisíveis que nos aproximam
Investir em relações genuínas e de apoio mútuo é essencial para o bem-estar e a saúde mental de todos
Nesta matéria você verá que:
A genética pode influenciar na formação das amizades
A importância das amizades para saúde mental
Ações locais que estimulam amizade nos hospitais da Rede Ebserh
Brasília (DF)- No Dia da Amizade, celebrado em 20 de julho, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) convida a refletir sobre os laços que nos unem aos amigos. Muito além de afinidades superficiais, a ciência revela que há uma força invisível, talvez até transcendental, que pode aproximar duas pessoas: a genética. Estudos sugerem que nossa tendência a formar amizades pode ter raízes profundas no DNA, uma descoberta que adiciona uma camada de complexidade e beleza às relações humanas.
O médico geneticista do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC), Carlos Grangeiro, explica que "a similaridade genética é uma marca evolutiva que nos une com todos os seres vivos que já passaram ou vivem neste planeta. Nos humanos, por exemplo, 99,9% das letras que formam o nosso DNA são completamente iguais, e esses 0,1% de diferenças é o que nos torna diferentes uns dos outros, inclusive dos nossos pais e irmãos." Segundo ele, essas conexões genéticas são como fios invisíveis que reforçam a coesão social e ajudam a formar laços duradouros.
Essa ideia é fascinante e revela que, mesmo sem perceber, somos atraídos por aqueles que compartilham semelhanças genéticas conosco. Um estudo de 2014, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou que amigos tendem a compartilhar mais similaridades genéticas do que estranhos. Ou seja, nossa rede de amigos pode ser, em parte, uma expressão de nossos próprios genes. "Os mecanismos biológicos envolvidos são os evolutivos, pois a própria sobrevivência das espécies é garantida pelos laços de amizade, já que sobreviver em grupo é mais fácil do que de forma independente", afirma o médico.
A diversidade genética dentro de um grupo de amigos também desempenha um papel crucial nas dinâmicas sociais e na coesão do grupo. "A diversidade, seja ela molecular (genética) ou social, é o que nos garante a sobrevivência como grupo, pois podemos responder de formas distintas às ações do meio ambiente sobre nós", diz Carlos. "A homogeneidade nos empobrece e nos enfraquece, diminuindo o nosso arsenal de respostas e defesas frente às ações da seleção natural."
A importância das amizades para a saúde mental
A psicóloga do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio), Priscila Cassemiro, reforça a importância das amizades para a saúde mental e o bem-estar geral. “Uma frase antiga diz que ‘os amigos são a família que a gente escolhe’, e apesar de a nossa família ser de fato importantíssima na nossa formação, boas amizades também têm um grande impacto na nossa vida como um todo e na nossa saúde”, afirma Priscila.
Pesquisas sugerem que amizades saudáveis e estáveis são essenciais para nosso bem-estar e longevidade. Priscila explica que pessoas com amigos próximos têm menos chances de sofrer com ansiedade e depressão. “Além disso, essas pessoas também têm menor risco de morrer por várias causas, incluindo doenças crônicas e problemas cardíacos. Por outro lado, o isolamento social aumenta o risco de morte prematura”, destaca a psicóloga.
Ela enfatiza que não é necessário ter muitos amigos para obter esses benefícios, mas sim amizades de qualidade que proporcionem suporte e companhia. “Em momentos de dificuldade, como uma doença grave ou a perda de um ente querido, muitas vezes tudo o que precisamos é alguém que nos conheça tão bem que saiba exatamente se aquele é o momento de um abraço ou de só ficar sentado ao lado”, explica Priscila. Poder falar sobre situações difíceis também ajuda a diminuir o sofrimento e a entender os próprios sentimentos, enquanto amigos oferecem novas perspectivas e alternativas para lidar com os desafios.
Priscila conclui ressaltando a importância de investir tempo nas amizades, mesmo em um mundo com um ritmo frenético. “Criar e manter uma amizade demanda uma escolha consciente de dedicar tempo e atenção a alguém, mas o resultado é realmente surpreendente”, finaliza.
Ações locais que estimulam a amizade nos hospitais da Ebserh
Mesmo que a tendência a formar amizades tenha raízes genéticas, os hospitais da rede Ebserh têm implementado ações que estimulam a amizade e a colaboração entre os colaboradores, reforçando esses laços importantes.
A chefe da Divisão de Gestão de Pessoas do Hospital Universitário Alcides Carneiro da Universidade Federal de Campina Grande (HUAC-UFCG), Alexandra Batista, destaca o Programa de Qualidade de Vida no Trabalho Cuidar de Quem Cuida. “O objetivo desse programa é promover mudanças na vida cotidiana e hábitos de vida mais saudáveis para o colaborador. Integrá-los no projeto foi essencial, pois ele foi elaborado por pessoas de todas as áreas. O programa inclui ações como pilates, sessões de cinema com discussões temáticas e o eixo de retorno ao trabalho, que acolhe colaboradores que ficaram afastados por mais de 30 dias, proporcionando um ambiente de reintegração e acolhimento.”
No Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS), a ex-servidora Elza Soares Miranda fala sobre a Associação Beneficente. “Nosso trabalho é auxiliar pacientes e acompanhantes em situação de vulnerabilidade durante o período de internação, fornecendo kits de higiene pessoal, enxovais para recém-nascidos e apoio emocional. A atenção e o carinho dos voluntários são fundamentais para a recuperação física e emocional dos pacientes e suas famílias.”
A chefe da Unidade de Desenvolvimento de Pessoal do Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco (HU-Univasf), Rúbia Salete Castro, apresenta o programa Nossa Saúde Vale +, criado em 2021. “Este programa visa amenizar os efeitos da pandemia na saúde mental e na qualidade de vida no trabalho dos colaboradores. Dividido em quatro pilares – Movimente-se, Alimente-se, Acolha-se e Reinvente-se – o programa promove atividades físicas, orientação alimentar, fortalecimento da saúde mental e práticas sustentáveis. Desde então, já realizamos várias turmas e continuamos a apoiar nossos colaboradores.”
Essas iniciativas demonstram como, além da genética, os ambientes hospitalares podem estimular e fortalecer os laços de amizade e colaboração. Em um mundo cada vez mais conectado, investir em relações genuínas e de apoio mútuo é essencial para o bem-estar e a saúde mental de todos.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Felipe Monteiro