Texto e fotos - Jaime Araújo

O Hospital Universitário Alcides Carneiro, nos seus 70 anos de existência, com toda certeza já ajudou muitos pacientes e já modificou o destino e os rumos de muitas pessoas. Quantas emoções vividas no interior destas paredes, quantos destinos já modificados, quantas momentos já vivenciados de dor, conforto ou alegrias.

Relato aqui minha experiência particular com o serviço.

Minha formação acadêmica até o momento foi toda realizada na Universidade Federal de Campina Grande. Menino que nunca saiu do interior e de cidades pequenas, fiz meu curso de Medicina no campus Cajazeiras da UFCG e sempre vi o Alcides Carneiro como um hospital de referência para muitas especialidades e também para o ensino.

Quando decidi fazer Residência em Infectologia, o HUAC foi uma das minhas primeiras opções e cá cheguei para fazer minha Residência Médica em 1º de março de 2015. A cidade maior, a complexidade dos casos e o tamanho do hospital assustaram no início, mas a boa acolhida por parte de funcionários, preceptores e colegas foi pouco a pouco transformando o HUAC na minha segunda casa, onde passava quase 60 horas da minha semana nas suas dependências. Como Residente passei por quase todos os setores do hospital e construí laços importantes com muita gente querida. Foram muitas emoções vividas dentro deste espaço de ensino. Sem dúvidas posso dizer que o HUAC para mim foi grande escola, minha segunda casa e também tenho a sensação de que procura fazer excelência dentro do serviço público, além do ensino.

Doloroso foi para mim o dia em que finalizei a Residência em 28 de fevereiro de 2018. Nostálgico como já sou, passei neste dia umas 3 horas caminhando pelos corredores e espaços por onde havia passado naqueles três anos de convivência intensa. Cada pedaço daquelas paredes, cada papel , cada pasta, cada coisa e cada pessoa carregava e trazia à tona um conjunto de várias lembranças, lembranças boas, lembranças ruins, mas no fim a consciência do dever e da missão cumpridas.

Veio o concurso da EBSERH e com ela minha convocação para assumir a vaga como Infectologista, sendo contratado em 1º de novembro de 2018, junto com o querido colega e amigo de Residência João Paulo Ribeiro Machado. Encarei como mais um desafio. Afinal estava assumindo, agora como especialista, um serviço de Infectologia de alta complexidade e referência em HIV/AIDS e doenças infectocontagiosas para mais de 100 municípios. Grande desafio! Gratificante foi também a oportunidade de retornar à casa que me formou enquanto especialista. As relações de amizade já construídas foram ímpares para o novo processo. Fiquei também extremamente feliz ao ser indicado como Supervisor do Programa de Residência Médica que foi responsável pela minha formação. O momento mais marcante até o momento enquanto agora funcionário do HUAC foi sem dúvidas o período de funcionamento da UTI COVID, da qual fui coordenador. Foram 3 meses intensos, de vitórias, de emoções, de preocupações, muitas vezes de embates, de incertezas, de dúvidas, mas sem dúvidas foi uma experiência de valor ímpar, sobretudo porque a UTI COVID ocupou o espaço da ala E - Infectologia, setor de minha convivência diária desde 2015.

Termino dizendo que o HUAC continua sendo minha segunda casa e tenho orgulho de poder vivenciar essa história iniciado no longínquo 1950.

Jaime Araújo - Infectologista