“Gosto de dar parabéns pessoalmente a cada paciente de alta”

“Fui convidado pela Divisão Médica para atuar na UTI [Unidade de Terapia Intensiva] Covid19, por meio das médicas Luciana e Cristiane, devido à minha experiência como médico intensivista. Aceitei prontamente o convite e me senti até um pouco orgulhoso, lisonjeado por ter sido lembrado. Não pensei duas vezes: assim que abriu a unidade, eu estava já na primeira equipe. A unidade Covid-19 é bem peculiar, porque trata de alguns pacientes muito graves—alguns mais, outros menos—com especificidades que nunca foram vistas. Além do acometimento respiratório, que todo mundo já sabe, a gente percebe muito acometimento renal, cardíaco e hematológico. Aliás, acredito que a maioria dos acometimentos são hematológicos, o que representa mais uma vantagem, na minha área, de trabalhar na UTI Covid-19. Na verdade, somos uma equipe multidisciplinar: temos endocrinologista, cirurgião, infectologista, intensivista, nefrologista, enfim, todo um time que dá um grande suporte de assistência. Não tenho nada do que me queixar: é um ambiente ótimo para trabalhar. Todos os recursos de que necessitamos são diariamente garantidos. Posso dizer tranquilamente que, dentre as UTIs da rede do SUS [Sistema Único de Saúde] de Sergipe, a UTI Covid-19 do HU-UFS é uma das melhores. Apesar de estar gostando de trabalhar na UTI Covid-19, espero que isso acabe logo e a gente possa comemorar com os aprendizados adquiridos. Creio que aprendemos, ao longo dos últimos meses, que somos muito vulneráveis. É sempre possível que surja um problema novo, desconhecido, e que afete negativamente as nossas vidas. Ficamos tristes com os que morreram e felizes com os que se recuperaram. Também tivemos muitas surpresas positivas. Dei alta para pacientes os mais diversos: com mais de 90 anos; portador de várias comorbidades; até mesmo entubado há mais de 15 dias. Gosto de dar parabéns pessoalmente a cada paciente de alta. Acho que o maior aprendizado é esse: devemos sempre comemorar todas as vitórias”.