Notícias
DEZEMBRO VERMELHO
Profissionais da rede Ebserh ressaltam pioneirismo e avanços do SUS no combate ao HIV e às ISTs
Teresina (PI) - O Dezembro Vermelho é uma campanha que chama a atenção para as medidas de prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos das pessoas vivendo com o vírus HIV, a Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis. A data, criada pela Lei 13.504/2017, é uma forma de gerar mobilização nacional para ressaltar esses direitos e os avanços do Sistema Único de Saúde (SUS) na prevenção e tratamento desses pacientes e mobiliza os hospitais gerenciados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) que participam desta luta.
Hospitais públicos brasileiros são pioneiros no combate e tratamento e, de acordo com o médico infectologista e referência em genotipagem para HIV da Rede Nacional de Genotipagem (Renageno) do Ministério da Saúde, Julius Monteiro, esse pioneirismo trouxe resultados. “Até 2030 esperamos atingir a meta 95-95-95, tendo como objetivo de alcance de 95% de pessoas diagnosticadas pelo HIV/Aids; dentre essas, pelo menos 95% em uso da terapia antirretroviral, e dentre esses, pelo menos 95% com carga viral suprimida”, explicou o profissional, que atua no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB/Ebserh).
De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil 92% das pessoas em tratamento já atingiram o estágio de estarem indetectáveis, ou seja, estado em que a pessoa não transmite o vírus e consegue manter a qualidade de vida sem manifestar os sintomas da Aids. Essa conquista é resultado de uma série de ações que incluem a testagem em todos os níveis de atenção à saúde, a oferta de melhor tratamento disponível, com mais fácil adesão e a incorporação de medicamentos de primeira linha para tratar os pacientes.
Especialistas da Rede Ebserh ressaltam também as estratégias combinadas de prevenção, começando pelo uso de preservativo masculino e feminino, gel lubrificantes e das profilaxias pré e pós exposição. Essas ações, em conjunto, fazem parte da mandala de prevenção combinada, que é oferecida pela rede pública. Além disso, há uma série de avanços que garantem a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV/Aids.
Entre esses avanços, a disponibilidade de antirretrovirais mais seguros, com menos interações medicamentosas e menos efeitos colaterais, o que permite uma maior adesão ao tratamento; a descentralização do cuidado à pessoa vivendo com HIV/Aids; a oferta de exames mais modernos para rastreio de doenças que possam atingir esses pacientes e a promulgação por lei de garantia do sigilo das informações.
A médica infectologista do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI/Ebserh), Thallyta Antunes, ressaltou a evolução ao longo dos anos da qualidade do tratamento, hoje mais acessível, de pacientes infectados. “O atendimento dos pacientes com HIV no SUS evoluiu bastante durante os anos. Os medicamentos são todos fornecidos pelo SUS e apresentam boa tolerância, com poucos efeitos adversos. A testagem rápida para HIV é difundida em todas as unidades básicas de saúde, centros de testagem anônima e laboratórios de análises clínicas”, pontuou a infectologista.
Quadro ainda é preocupante
Apesar dos avanços, o quadro ainda é preocupante. De acordo com o infectologista Matheus Westin, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG/Ebserh), do total de pessoas que vivem com HIV, nem todos conhecem seu diagnóstico. “A gente tem conhecimento do diagnóstico de 90% do total de pessoas estimadas vivendo com HIV e a meta é de que cada país conheça 95% das pessoas vivendo com HIV”, explicou.
O assunto ainda é muito permeado por preconceito, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento. A desinformação ainda e um grande inimigo. Percebe-se, por exemplo, um aumento no número de jovens que não usam preservativos, o que tem disseminado ainda mais as ISTs. “O tema é cercado por estigma e pelo discurso moral. Mais do que falta de informação, falta uma discussão mais séria e não polemizada e atravessada por questões morais e religiosas. Não há problema no discurso moral, mas do ponto de vista da saúde pública a gente precisa que as pessoas sejam tratadas com mais naturalidade para que todos tenham acesso a esses avanços e conquistas”, disse.
A enfermeira Teresa Gomes, coordenadora do Ambulatório de Doenças Infecciosas e Parasitárias do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes/Ebserh), ressalta a importância do debate aberto pelo Dezembro Vermelho. “É uma data que, historicamente, é marcada como uma campanha global para combater o preconceito e a desinformação”, disse a profissional, lembrando que essa desinformação se combate com ciência e informação de qualidade.
Para os profissionais da Rede Ebserh, portanto, os hospitais universitários, inseridos no SUS, têm toda a linha de cuidado para as pessoas que precisam de diagnóstico, testagem, tratamento e acompanhamento, oferecendo estes avanços na ciência que contribuem para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e, ao mesmo tempo, combater o estigma e o preconceito. O que é preciso é combater a informação de má qualidade e lutar diariamente para que as pessoas sigam tendo acesso aos serviços.
Sobre a Ebserh
O HU-UFPI faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde novembro de 2012. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Sinval Paulino e Joseane Pinto, com edição da Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social
Ebserh