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CONHECIMENTO
Comportamento alimentar é tema de Simpósio de Nutrição Hospitalar no HC
O comportamento alimentar sob as mais variadas abordagens foi o tema central do I Simpósio de Nutrição Hospitalar e Terapia Nutricional, realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE), na manhã desta sexta-feira (5), no anfiteatro 1. O evento também celebrou a conclusão da 1ª turma da especialização lato sensu “Nutrição Hospitalar e Terapia Nutricional” e a apresentação da 2ª turma. A pós-graduação é realizada numa parceria entre o HC e o Centro Acadêmico da Vitória (CAV) da UFPE.
Na abertura, a gerente de Ensino e Pesquisa do HC, Claudia Marques, ressaltou a parceria com o CAV-UFPE e a importância do assunto. “Estamos muito felizes e gratificados com essa, que foi a nossa primeira parceria na construção de uma especialização, e abordando a nutrição que tem um papel tão decisivo na saúde das pessoas”, destacou a gestora.
A coordenadora da especialização e professora de Nutrição do CAV-UFPE, Eduila Couto, explicou que o comportamento alimentar é a base para a compreensão da relação do indivíduo com o ato de comer, daí a escolha do tema do Simpósio. “Por meio da avaliação dos determinantes externos e internos, podemos avaliar como eles influenciam as escolhas alimentares e a relação do comer com as emoções e com as memórias envolvidas neste processo, por exemplo”, pontuou.
O evento foi composto por três palestras, que formaram a mesa-redonda. Além disso, houve a entrega das declarações de conclusão do curso para os 26 formandos e a apresentação da 2ª turma, que já tem formulário de pré-matrícula e demais informações sobre o curso, disponíveis no perfil oficial da especialização no Instagram. O simpósio contou com a participação de alunos concluintes, docentes e preceptores da especialização.
Palestras
A professora do CAV-UFPE Lisiane Oliveira abriu as palestras do evento com o assunto “Eixo Cérebro-Intestino-Microbiota: papel no controle do comportamento alimentar”, abordando a interação desses elementos interferem no jeito de as pessoas se alimentarem.
“Uma microbiota intestinal (micro-organismos que habitam o órgão) desequilibrada leva à obesidade e a obesidade gera a microbiota desequilibrada num ciclo vicioso. E para melhorar a microbiota é necessário o uso de prebióticos (alimentos ricos em fibras, como cereais integrais, frutas e legumes) e probióticos (alimentos fermentados, como iogurte natural, kombucha, kefir, entre outros)”, explicou Lisiane Oliveira.
“Comportamento alimentar e prevenção de transtornos alimentares” foi a palestra ministrada pela também professora do CAV-UFPE Luciana Orange. A especialista informou que 70 milhões de pessoas sofrem de transtornos alimentares no mundo, contingente que precisa ser tratado. “A gente precisa perguntar ao paciente como é o consumo de alimento dele. Fazer com que ele reflita sobre a relação que tem com a comida para cuidar melhor dessa pessoa”, comentou.
Fechando as palestras do evento, a nutricionista do HC Renata Pereira falou sobre “Comportamento alimentar aplicado ao âmbito hospitalar”, com uma série de informações, como o alto número de pacientes com desnutrição hospitalar, de 40% a 60%, no momento da admissão hospitalar, com o aumento na prevalência conforme a duração da hospitalização vai aumentando, de acordo com estudo realizado com 30 mil pacientes na América Latina, incluindo o Brasil.
Um outro estudo, este em escala mundial e com 91 mil pacientes, sinalizou que 53% deles comeram a metade ou menos das refeições no hospital, gerando ou ampliando a desnutrição, um grave problema de saúde pública mundial. “Essa desnutrição hospitalar aumenta o tempo de hospitalização, atrasa o processo de cicatrização, traz mais custos hospitalares e aumenta o risco de complicações cirúrgicas e infecciosas, além de ampliar a mortalidade”, explicou Renata Pereira, que elencou uma série de causas, como a condição clínica do paciente, o tratamento, a mudança de ambiente, determinantes sociais e psicológica, além da atratividade da comida hospitalar.
“É preciso trazer a nutrição comportamental para o ambiente hospitalar. Mostrar ao paciente que o profissional de saúde se importa com ele, entendendo o seu quadro de saúde e deixar a comida mais agradável e adotar práticas alimentares humanizadas, como fazemos aqui no HC (com comidas típicas em festividades como São João e Fim de Ano)”, afirmou Renata Pereira.
Sobre a Ebserh
O HC-UFPE faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Moisés de Holanda