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“Cuidados Paliativos funcionam como um carinho”, diz paciente que vive essa abordagem terapêutica no HC-UFPE
“Os Cuidados Paliativos funcionam como um carinho para o nosso espírito, pois quando a gente pensa que tudo está perdido e que não tem mais como aliviar as dores, aí aparecem profissionais que caminham junto aliviando essas dores físicas e da alma nos ajudando a encontrar uma forma mais amena de viver esse momento”. Esse relato foi escrito para essa reportagem pela psicóloga Adelaide Correia, que hoje apresenta dificuldades na fala por causa da evolução da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Adelaide é uma das pacientes do Hospital das Clínicas da UFPE a vivenciar essa abordagem e estava presente no II Simpósio do HC sobre o tema, realizado no último dia 18.
De acordo com a médica clínica e geriatra do HC, Maria Magalhães, a comunidade como um todo, além dos profissionais de saúde, deve conhecer melhor a importância dos Cuidados Paliativos. Essa abordagem auxilia na prevenção e alívio do sofrimento por meio da investigação precoce, da avaliação correta e do tratamento da dor e de outros problemas físicos, psicossociais ou espirituais em pessoas com doenças incuráveis. "Esse cuidado deve ser oferecido a todos aqueles que têm uma doença que ameace sua vida, desde o momento que o diagnóstico é realizado, até a fase final de vida. Com o adequado conhecimento, a comunidade pode atuar viabilizando esse melhor cuidado mesmo nos domicílios dos pacientes, através de medidas voluntárias ou não", explica a médica, que também integra a Comissão de Cuidados Paliativos do HC.
“Os Cuidados Paliativos deram qualidade de vida e dignidade ao tratamento e ao processo de morte do meu pai”, afirma a dona de casa Rafaela Maria, filha do aposentado João da Silva, falecido recentemente, em paliação por causa de um câncer metastático.
Ainda segundo Rafaela, o acolhimento dado pela equipe de paliação do HC trouxe conforto num momento difícil para a sua família. “Quando você está com uma pessoa próxima com uma doença sem cura, é preciso sentir essa força dos profissionais. Sentir que há um cuidado com dignidade. A equipe do HC foi resiliente, não desistiu do meu pai e amenizou o sofrimento dele e de nossa família. O fardo fica mais leve quando você se sente cuidado e orientado sobre o que está acontecendo no tratamento”, ressalta Rafaela.
A terapeuta ocupacional do HC Jamylle Brito destaca que é importante estimular o desempenho de atividades significativas, a partir de habilidades e interesses pregressos ao processo de adoecimento. “Elas influenciam positivamente o bem-estar biopsicossocial de todos os envolvidos (pacientes e familiares). Seu impacto é tão significativo que elas auxiliam inclusive no manejo não farmacológico de sintomas desconfortáveis, como dor, fadiga, insônia, entre outros. O desempenho de atividades de interesse atua como meio de estímulo à melhor participação nas atividades de autocuidado, gestão da saúde e projetos de vida, que ultrapassam as barreiras da doença e das incapacidades atreladas a ela”, ressalta a profissional.
É o que acontece com Adelaide Correia, que sempre cultivou o gosto pela escrita e pela pintura. Após o diagnóstico de ELA, a psicóloga escreveu dois livros de poesias com imagens dos quadros que pinta. “Esse suporte e acompanhamento dados pela equipe de Cuidados Paliativos do HC tornam possível um equilíbrio mental para que a gente possa ter uma melhor qualidade de vida”, revela.
Desafios
Jamylle Brito destaca que, dentre os principais problemas e desafios identificados em familiares de pacientes em cuidados paliativos, está o desconhecimento relacionado a esse cuidado. “É comum eles referirem insegurança e medo de que possa haver descaso/negligência dos cuidados prestados pela equipe ao paciente. O medo das repercussões disso também no desempenho das habilidades biopsicossociais relacionadas a função do cuidado do outro e do abandono de projetos de vida, é rotineira", completa.
Sobre a Ebserh
O Hospital das Clínicas da UFPE faz parte da Rede Ebserh desde dezembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.