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CONEXÃO BRASIL - FRANÇA
MEAC realiza Fórum de Analgesia Peridural no Parto
Fortaleza (CE) – Troca de experiências entre maternidades brasileiras e francesas foi o ponto alto do Fórum de Analgesia Peridural no Parto, realizado na manhã desta quarta-feira, dia 19, no Auditório da Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP) do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh (CH-UFC). O evento reuniu as equipes multiprofissionais para compartilhamento das boas práticas de analgesia numa parceria entre a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC) e a Maternidade Maria Amélia Buarque de Holanda, no Rio de Janeiro, as duas únicas representantes brasileiras nessa inciativa; a Maternidade Jeanne de Flandre, em Lille, e a Maternidade Regional do Centro Hospitalar Universitário de Angers, ambas da França. O encontro faz parte do Projeto “Ampliação do acesso à analgesia peridural em trabalho de parto em Maternidades Brasileiras”, coordenado pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), apoiado pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) e financiado pela Embaixada da França e Ministério da Saúde francês.
Por meio de videoconferência e com tradução simultânea, o coordenador do projeto, Damien Subtil, de Lille, explicou que, historicamente, o Brasil mantém um número elevado de cirurgias cesarianas, se comparado à França. Essa estatística também é alta para a mortalidade materna, sendo 6,5 vezes maior que a taxa francesa entre os anos de 1990 a 2017. Numa busca por diminuir essas incidências e ofertar mais segurança, a anestesia peridural é uma alternativa, trazendo mais conforto para a mulher em trabalho de parto, diminuindo as dores naquele momento. Emilie Sobac, representante do Ministério da Saúde da França, complementou ressaltando importância dessa cooperação internacional entre as instituições, se constituindo como um projeto prioritário.
Anne-Sophie Bouthors, anestesista da Maternidade Jeanne de Flandre, também participou da transmissão. Entre as explicações sobre os aspectos mais técnicos da aplicação da analgesia, sua fala esteve marcada pelo incentivo de ampliar os números de forma progressiva dessa oferta no Brasil, com paciência e dedicação. Segundo ela, a França demorou cerca de 40 anos para alcançar o patamar que está hoje, demonstrado nas estatísticas apresentadas por Damien.
Entre as medidas propostas pelo projeto estão previstos o incentivo a formação humanizada de oferta e aplicação da analgesia pela equipe de saúde e o contato com as experiências francesas de forma aproximada, com maternidades que atendem casos de gestação de alto risco, perfil semelhante ao da MEAC. Por esse motivo, em dezembro de 2022, entre os dias 13 e 21, o médico obstetra Zeus Peron, chefe do Setor Materno-Infantil, a enfermeira obstetra Mariana Firmiano, coordenadora do serviço de enfermagem do Centro Obstétrico, e o médico anestesiologista Manoel Cláudio Azevedo já estiveram na França conhecendo o trabalho desenvolvido em Lille e em Angers.
Segundo Zeus, a ida foi importante para conhecimento das boas práticas vivenciadas na França, trazendo os ensinamentos de integração dos profissionais para a realidade brasileira: “Começamos a fazer reuniões com toda a equipe multiprofissional, entendendo que o processo não começa somente na sala de parto, quando a mulher vai dar à luz, mas desde o pré-natal, com informação sobre a analgesia peridural. Isso proporciona um parto vaginal de qualidade e mais confortável, com menor dor”.
Resultados na MEAC
Durante o evento, o anestesiologista Manoel Azevedo apresentou os resultados do projeto na Maternidade-Escola. A ampliação do número de analgesia tem envolvido um plano de ação que considera evidências científicas, ajustes de processos e assistência interdisciplinar. As medidas, articuladas entre gestão e as equipes, compreende os atendimentos e trabalho educativo nos ambulatórios e na Casa da Gestante, Bebê e Puérpera. As discussões desses processos também avançam no âmbito de ensino, sendo apresentados nas Sessões Clínicas das Residências da MEAC. Todos esses esforços já registraram o aumento de analgesias realizadas desde a implementação do projeto. De janeiro a março de 2022, foram realizadas 48 analgesias na MEAC. Já no mesmo período de 2023, esse número subiu para 80, um aumento de 66%.
A conferência finalizou pela manhã, mas, durante a tarde da quarta e manhã da quinta-feira, dia 20, foram realizadas reuniões para discussão dos resultados e reflexão de expectativas futuras entre o superintendente substituto do CH-UFC Edson Lucena, a gerente Administrativa, Eugenie Neri, o gerente de Ensino de Pesquisa, Renan Montenegro, e as coordenadoras do Projeto no Brasil, Maria do Carmo Leal (Fiocruz/MS) e Mônica Neri (Instituto de Saúde Coletiva/UFBA).
Maria do Carmo ressaltou que os resultados da MEAC são muito promissores e que o destaque está, principalmente, na atuação do trabalho em equipe que tem sido realizado. Mônica Neri complementou afirmando que ficaram impressionadas com o desempenho da Maternidade-Escola em função do curto espaço de tempo de implementação da proposta, reconhecendo, nos direcionamentos da MEAC, esforços no sentido de, segundo ela, “Qualificação, atenção ao parto e alívio da dor, para que o momento do parto, que é o momento mais precioso da vida da mulher e da família, também seja acompanhado de conforto”.
Conexões locais
Para compartilhamento de experiências e divulgação do incentivo à analgesia peridural, foram convidadas a participar do Fórum representantes do Hospital Geral Dr. César Cals, do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), da Associação Brasileira de Enfermeiros Obstetras (Seção Ceará), da Sociedade Cearense de Ginecologia e Obstetrícia, da Sociedade de Anestesiologia do Estado do Ceará e da Área Técnica da Saúde da Mulher da Secretaria de Saúde de Fortaleza.
Sobre a Rede Ebserh
A Maternidade-Escola Assis Chateaubriand faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Marília Rêgo, com revisão de Danielle Campos
Unidade de Reportagem
Coordenadoria de Comunicação Social
Ebserh