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SETEMBRO VERDE
Doação de órgãos salva e aumenta expectativa de vida de transplantados
Em 2002, a decoradora Nell Cruz, hoje com 74 anos, precisava de um fígado. Foram nove meses de espera até receber o novo órgão que permitiu a continuidade de sua vida nesses 20 anos. Já o agricultor Rony Figueiredo, de 56 anos, é transplantado de rim, há 30 anos. Nell e Rony vivem bem graças à doação de órgãos, tema vivenciado no “Setembro Verde” para conscientizar a população sobre o valor deste gesto e reforçar a importância de avisar a família sobre o desejo de ser doador após a morte. A campanha tem, ainda, um dia ápice, em 27 de setembro, quando é celebrado o Dia Nacional da Doação de Órgãos.
O cirurgião do aparelho digestivo Huygens Garcia, chefe do Serviço de Transplante de Fígado do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, esclarece que o esforço da campanha é o de diminuir a fila de espera pelos transplantes e isso só é possível quando há doação de órgãos.
Quem pode ser doador de órgãos?
A doação de órgãos pode ser feita a partir de um doador vivo, mas apenas para alguns órgãos: o pulmão e o rim, porque existem dois em cada organismo; e o fígado, pelo alto potencial de regeneração. Neste caso, parentes próximos do doador podem ser beneficiados (pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos). Se não houver parentesco, o procedimento somente ocorre com autorização judicial. Em vida e independente de familiaridade, também é possível ser doador de medula óssea.
A doação entre familiares é caso de Rony. Ele recebeu o rim de sua irmã, Valéria Figueiredo, hoje com 51 anos. “Minha irmã dividiu a vida dela comigo”, disse ele. Valéria conta que queria ver o irmão continuar a juventude e vida adulta vivendo bem. “Eu acho muito importante a empatia. Se colocar no lugar do outro, sentir a dor do outro. A partir disso, eu vi que poderia ajuda-lo sendo a doadora dele”.
No caso de indivíduo falecido por morte cerebral, múltiplos órgãos podem ser doados, como: rins, coração, pâncreas, fígado, intestino, córneas, além de ossos, cartilagem, tendões, pele, veias e artérias. Serão realizados exames para verificar as condições dos órgãos e se há possibilidade de serem doados. Infecções bacterianas e virais e doenças crônicas, como diabetes, podem comprometer o órgão, impedindo a doação.
O especialista também explica que o diagnóstico de morte cerebral é seguro e irreversível, seguindo protocolos regulamentados pelo Conselho Federal de Medicina e realizados por médicos diferentes até a conclusão do laudo. Quando a atividade cerebral deixa de existir, em apenas alguns dias, todo o corpo, que está sento mantido por aparelhos e medicamentos, também irá, inevitavelmente, parar. Por isso, é importante que a doação ocorra em tempo hábil. A morte é sempre um tema delicado e uma situação de sofrimento para a família, mas a decisão pela doação é um sinal de esperança para quem aguarda por um novo órgão.
Após o transplante, Rony realizou sonhos: casou-se, teve um filho que hoje tem 22 anos e está concluindo o curso de medicina. A sua luta pela maior visibilidade da temática já dura três décadas: “Desde que adoeci, minha vida tem sido estimular a doação de órgãos”, ressaltou. Já Nell, no mesmo ano em que recebeu o fígado, se tornava avó. Com a vida reestabelecida por meio do transplante, ela conta que é feliz por ter a oportunidade de acompanhar o nascimento e crescimento dos netos e, mais recentemente, da bisneta. A decoradora expressou o que a doação significa para quem precisa: “Eu me sinto cada vez mais grata pela vida que eu pude ter. Eu queria que todas as famílias entendessem que somos uma semente e que, se plantarmos no outro, vai ‘vingar’. O transplante é isso. Eu digo e repito: doar órgãos é um ato de amor muito infinito”.
Legenda: Rony, com sua esposa Doralucia Bezerra e seu filho Saulo Bezerra. A união do casal já dura 25 anos.
Legenda: Nell e seu esposo, Carlos Alberto.
Saiba mais:
A Lei que trata sobre o processo de doação de órgãos e tecidos é a de Nº 9.434/2007, regulamentada pelo Decreto Nº 9.175, de 18 de outubro de 2017. Ela institui o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), trata sobre o consentimento familiar e também a respeito da garantia de preservação da aparência do corpo após a doação.
A fila de transplante é nacional e respeita os critérios médicos de compatibilidade de cada órgão, como grupo sanguíneo, tempo de espera e gravidade. Quem está na cadastrado, pode acompanhar a sua situação no site do SNT.
Serviço
O HUWC é referência em transplantes de fígado, rim, pâncreas, córnea e medula óssea, tendo a marca de primeiro hospital a realizar transplante renal no Norte e Nordeste, em 1977. É também o primeiro a realizar o transplante de fígado, em 2002, no Ceará.
Informações para acesso aos serviços de transplantes do hospital universitário:
- Transplante hepático: Pessoas que residem no estado do Ceará, podem agendar consulta pelos números: (85) 3366-8581 e 3366-8235 ou ser encaminhados pelos postos de saúde. Pacientes de outros estados são agendados pelo Tratamento Fora do Domicílio (TFD), recurso concedido pelo SUS.
Transplante renal: Para acesso ao serviço, o paciente que vive em Fortaleza pode ser encaminhado pelos postos de saúde ou trazer a documentação completa para marcar presencialmente no HUWC: comprovante de residência no nome da pessoa, do cônjuge (acompanhado da certidão de casamento ou união estável) ou dos pais (se for menor de 18 anos), RG, CPF e, se tiver, o cartão do SUS. Para moradores de outros municípios do Ceará, é preciso marcar diretamente no hospital.
- Serviço de Transplante de Córnea no HUWC: O agendamento de consultas é feito via regulação da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza para pacientes que residem na Capital e Região Metropolitana. Moradores do interior precisam procurar a Secretaria Municipal de Saúde da sua cidade para solicitar o acesso dentro das vagas que o HUWC disponibiliza. Ao ser realizado o atendimento e sendo confirmada a indicação cirúrgica, o paciente irá preencher um formulário para entrar no sistema de receptores regulado pela Central Estadual de Transplantes. O Ambulatório de Oftalmologia do HUWC funciona de segunda à sexta, das 07h às 17h. Para mais informações, o contato é (85) 99245-2835 / (85) 3366-8168.
- Ambulatório de Transplante de Medula Óssea (TMO): Pacientes já atendidos pelo Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, que tenham indicação para o transplante, serão encaminhados ao Ambulatório de TMO do HUWC, localizado nas dependências do Hemoce. Pessoas que desejem a primeira consulta e são de Fortaleza ou Região Metropolitana, devem realizar a marcação presencialmente com ficha médica de encaminhamento. Se a pessoa residir em cidades do interior do Ceará ou morar em outro Estado, o agendamento é feito via e-mail (tmo.huwc@gmail.com), anexando a guia de encaminhamento.
Jornalista responsável: Marília Gabriela Silva Rêgo
Unidade de Comunicação Social
Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh
ucs.ch-ufc@ebserh.gov.br | (85) 3366.8577