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“Dezembro Vermelho” é mês de conscientização sobre o HIV e a AIDS
No mundo inteiro, cerca de 38 milhões de pessoas estavam vivendo com HIV em 2021, segundo o Relatório mais recente da UNAIDS. No Brasil, foram 13.501 casos notificados neste mesmo período, conforme dados do Ministério da Saúde. Já no Ceará, de janeiro a outubro de 2022, a Plataforma Integra SUS tem registradas 1.184 pessoas nesta condição. Todas essas estatísticas revelam que a infecção pelo vírus é uma realidade alarmante. Neste contexto, o Dezembro Vermelho do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh (CH-UFC) busca sensibilizar a população sobre prevenção, diagnóstico e tratamento como caminhos para enfrentar o vírus e a doença.
O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é um vírus que ataca as células de defesa do corpo, especificamente as células chamadas “CD 4”. Esse ataque enfraquece o organismo, tornando-o vulnerável a outras infecções. É comum que o indivíduo não tenha sintomas ou apresente sinais semelhantes a uma gripe comum, como febre, dor de cabeça, cansaço e inflamação na garganta. O infectologista do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) Matheus Mota explica que, desde que o paciente tenha a oportunidade do diagnóstico e faça o tratamento adequado, ele não evoluirá para o estágio de AIDS (sigla inglesa da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Essa evolução da infecção aguda pelo HIV até um possível adoecimento para AIDS costuma demorar entre 8 a 10 anos, segundo o especialista, e os sintomas tendem a se agravar neste período, apresentando diarreia, perda de peso e memória, além do adoecimento pelas chamadas “doenças oportunistas”, infecções causadas por micro-organismos que se aproveitam da imunidade baixa.
Combate ao HIV e à AIDS
Em muitas situações, pela ausência de sintomas, a pessoa não desconfia que está convivendo com o vírus. Então, sem saber, não consegue tratar e ainda pode contaminar outras pessoas. Por isso, o rastreio através do exame de sangue (em laboratório ou teste rápido) ou de saliva é extremamente importante. Essa investigação precisa ser feita de forma recorrente, para que, em caso positivo, o paciente seja encaminhado para um serviço especializado onde, com orientação médica, haverá a indicação de medicamentos antirretrovirais. Nos exames pré-natais, inclusive, essa é uma etapa necessária para que a gestante seja tratada de forma imediata, evitando a transmissão vertical de mãe para filho.
Com o avanço dos estudos nessa área, essa medicação é feita com uma quantidade reduzida de comprimidos e com menos efeitos adversos, garantindo mais qualidade de vida ao paciente. Diagnóstico e tratamento são garantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), assim como a distribuição de preservativos gratuitos nos postos de saúde. “O paciente que descobre e faz o tratamento adequado, seguindo as recomendações, tem uma expectativa de vida semelhante à população não infectada”, confirma o infectologista. Inclusive, com os devidos cuidados, é possível alcançar uma carga viral considerada indetectável, ocasião em que a pessoa já não transmite o vírus, mas recomenda-se a permanência dos cuidados preventivos.
Previna-se
O combate ao HIV e à AIDS é feito de maneira combinada. A primeira medida é buscar evitar que a pessoa se exponha ao vírus e isso é feito a partir do uso de preservativo nas relações sexuais e no não compartilhamento de seringas e de materiais perfurocortantes. Ainda não há vacina específica contra o HIV aprovada para a população, mas é muito importante manter a vacinação de outras infecções sexualmente transmissíveis em dia, por exemplo, contra o HPV e Hepatite A e B, para manter o corpo imunizado contra esses agentes.
Existem, ainda, os medicamentos de profilaxia para as situações de possível contaminação por HIV. A PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) é utilizada antes de uma situação de risco de contágio, reduzindo a possibilidade de infecção. A PEP (Profilaxia Pós-Exposição) é uma combinação de antirretrovirais após alguma possibilidade de contaminação, como em casos de violência sexual, acidente com material perfurocortante e rompimento da camisinha. A PEP deve ser administrada o mais rápido possível, pelo menos entre as duas primeiras horas ou até três dias da exposição, e o uso é feito por 28 dias. A PrEP e a PEP não substituem o uso do preservativo.
Zerar o preconceito e garantir direitos
A luta do Dezembro Vermelho é contra o vírus, mas também sobre como a pessoa que convive com HIV é vista pela sociedade. O paciente, como todo cidadão, tem o direito a uma vida comum. A Lei nº 12.984, de 2 de junho de 2014, determina como crime qualquer discriminação cometida contra a pessoa que vive com HIV. Além desse documento, também foi publicada, em 1989, a Declaração dos Direitos Fundamentais da Pessoa Portadora do Vírus da AIDS, disponível no site do Ministério da Saúde.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário Walter Cantídio e a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand, do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, fazem parte da Rede Hospitalar Ebserh desde novembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Os hospitais universitários são, por sua natureza educacional, campos de formação de profissionais de saúde. A Rede Hospitalar Ebserh não é responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país, apenas atua de forma complementar ao SUS.
Jornalista responsável: Marilia Gabriela Silva Rego (MTE 6861/PE)