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CAPACITAÇÃO
Referência no tratamento do pé torto congênito, Humap-UFMS sedia simpósio
Campo Grande (MS) - O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), filiado à Rede Ebserh, foi o anfitrião do evento sobre o tratamento do pé torto congênito (PTC), no último sábado (25). Essa foi a terceira edição dos Simpósios de Avaliação do Programa de Treinamento Erradicando o Pé Torto no Brasil, iniciativa que recebeu médicos ortopedistas pediátricos representantes de todo o território nacional, em especial da Região Centro-Oeste, para serem capacitados. O Humap é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e realiza seus atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O PTC é uma alteração nos ligamentos, músculos, tendões e ossos do pé que acontece ainda na gestação e que se caracteriza pelo pé direcionado para baixo, com a parte da frente virada para dentro e para cima, apontando para a outra perna, dificultando o andar e outras atividades da criança. Em metade dos casos, acomete os dois pés.
Desde 2009, o Humap aplica o Método Ponseti, padrão-ouro internacional para o cuidado desse problema. “O Método de Ponseti não tem alto custo nem necessita de tecnologia de ponta, por vezes onerosa. Ele é baseado em manipulações artesanais feitas por mãos treinadas e no uso de órteses com resultado melhor do que as técnicas de manipulações e gessos convencionais”, explica a médica e coordenadora do Projeto Erradicando o Pé Torto no Brasil, Monica Paschoal Nogueira.
O Simpósio, então, promoveu a capacitação de ortopedistas e residentes em ortopedia, incluindo os do hospital-escola da Ebserh sobre este método. “Somos gratos a essa parceria. Ajudamos a fazer a diferença na vida dessas pessoas (crianças e seus pais), melhoramos o nosso ensino, capacitamos profissionais e devolvemos isso tudo à sociedade”, afirmou a superintendente do Humap-UFMS, Andrea Lindenberg. A ortopedista pediátrica do Humap-UFMS Juliana Pupin destacou que esse treinamento teve como objetivo erradicar o PTC, pois o procedimento é relativamente simples na fase de diagnóstico e com excelentes resultados funcionais para a criança e durante o decorrer do seu crescimento.
Crianças são atendidas durante simpósio que treinou médicos e residentes em tratamento do PTC no Humap-UFMS/Ebserh
Incidência do pé torto congênito
Pelas estatísticas mundiais, um a cada mil bebês nascem com o pé torto, sendo uma das condições mais comuns entre as más-formações congênitas. A ortopedista pediátrica do Humap-UFMS Marina Juliana Figueiredo explicou que o ideal é iniciar o tratamento até os três meses de idade, mas que nunca é tarde para começar. “A diferença será o tempo que, em pacientes mais velhos, podem ser necessários outros procedimentos cirúrgicos, além da tenotomia (cirurgia que corta um tendão)”, explicou a especialista.
No Hospital Universitário, além de Pupin e Figueiredo, outros dois ortopedistas pediátricos aplicam o Método Ponseti atualmente: Waldir Albaneze e Leonardo Queiroz. Marina Figueiredo contou que, em média, pelo menos 30 consultas por mês para essa alteração ortopédica são realizadas, entre primeira avaliação, trocas de gessos, cirurgias e retornos para acompanhamento da “botinha” (órtese utilizada para evitar o reaparecimento do problema, com dois sapatinhos abertos e uma barrinha de conexão).
Mais sobre o Programa
O Programa de Treinamento Erradicando o Pé Torto no Brasil é uma parceria do Rotary Internacional com a Ponseti Internacional Association, que promove o treinamento de ortopedistas pelo Método de Ponseti nas cinco regiões brasileiras.
Esse tratamento leva o nome do seu criador, o professor e ortopedista espanhol Ignacio Vives Ponseti, que desenvolveu a técnica há mais de 50 anos. O Método é dividido em três fases: a correção, em que são realizadas manipulações suaves, seguidas de um gesso modelado que progressivamente leva o pé para a sua posição normal; a prevenção do retorno da deformidade, que é marcada pelo uso da órtese de abdução; e o acompanhamento, etapa que avalia o crescimento da criança para que qualquer reincidência seja diagnosticada e tratada rapidamente, algumas vezes com a necessidade de procedimentos cirúrgicos.
Em parceria com o Programa, atua a organização de mães de crianças com PTC, Primeiro Passo, ajudando no conserto de órteses usadas para serem doadas a crianças de famílias em vulnerabilidade, que não têm condições financeiras para compra de uma nova. A organização ajuda também a transmitir pelo Brasil o conhecimento sobre o Método Ponseti e sobre a rede de tratamento.
Sobre a Rede Hospitalar Ebserh
O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap) faz parte da Rede Hospitalar Ebserh desde dezembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, a os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Hospitalar Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do País.
Por Moisés Holanda, com revisão de Marília Gabriela Silva Rêgo
Coordenadoria de Comunicação Social