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ENTREVISTA
Novo superintendente busca equilíbrio e parcerias
Cláudio César da Silva estava à frente da Pró-Reitoria de Administração e Infraestrutura da UFMS antes de ser indicado à Superintendência do HUMAP
No início deste mês o professor doutor Cláudio César da Silva assumiu a superintendência do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Ex-aluno do curso de Administração da UFMS, Cláudio iniciou sua jornada na Universidade como auxiliar administrativo, através de concurso público, trabalhou como técnico, assistente de direção, diretor da prefeitura universitária, diretor de educação à distância e recentemente havia assumido a pró-reitoria de administração e a pró-reitoria de infraestrutura, que se transformaram neste ano numa única pró-reitoria, a Proadi (Pró-Reitoria de Administração e Infraestrutura). Cláudio também foi diretor administrativo do HUMAP-UFMS por três vezes.
Fez especialização em recursos humanos, planejamento, mestrado e doutorado na área de administração. Sua tese de doutorado foi sobre gestão estratégica de pessoas e comprometimento em organizações hospitalares.
Também trabalhou como consultor independente, atendendo muitas empresas no estado de Mato Grosso do Sul e em outros estados, sempre na área de desenvolvimento humano.
Nesta entrevista, Cláudio César da Silva fala um pouco sobre as expectativas, desafios e impressões iniciais do Hospital Universitário.
- Quais as expectativas do Sr. em relação ao trabalho no HUMAP?
Estou assumindo a direção do HUMAP num momento muito difícil, pois estamos no final do ano e início de um novo ano, períodos muito difíceis na administração pública. O hospital encontra-se em desequilíbrio econômico e financeiro. O Hospital gasta mais do que arrecada.
Hoje estamos com dívidas com fornecedores de insumos e medicamentos, com empresas que prestam serviços terceirizados, com empresas que fornecem energia elétrica e água. Então é um momento bastante delicado. Mas estou extremamente motivado. Acredito que o Hospital está hoje com uma infraestrutura boa do ponto de vista de estrutura administrativa com a chegada da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, que faz a gestão do HUMAP desde 2014).
Temos uma estrutura administrativa fortalecida, mais pessoas habilitadas e capacitadas do que antes. Então temos condições de, juntos, fazermos um trabalho que prime pela eficiência, que é fazer mais com menos.
Se trabalharmos com bastante comprometimento, tentando verificar onde podemos diminuir as nossas despesas, fazendo uma gestão econômica e financeira equilibrada, com certeza poderemos avançar muito no hospital.
Minha expectativa é bastante positiva. Quero investir nas questões de humanização, de melhoria do atendimento, tentando mobilizar e estimular todas as nossas lideranças a fortalecerem a transformação do hospital, transformando em um hospital bastante humano, onde haja conforto, afetividade e carinho, tanto no atendimento aos pacientes quanto na nossa convivência enquanto profissionais.
Também quero valorizar a questão do hospital universitário, ou seja, o hospital ensino, melhorar mais os vínculos entre o hospital e as faculdades da UFMS para que possamos fortalecer o ensino e a pesquisa.
- Quais as primeiras impressões em relação ao HUMAP?
As primeiras impressões foram muito boas, porque eu já havia passado aqui pelo HUMAP em alguns períodos e a última vez que estive na diretoria administrativa foi em 2008. São praticamente 10 anos que eu fiquei ausente. Era outra estrutura, não havia a Ebserh. Hoje nós temos uma estrutura administrativa boa, que valoriza as lideranças, então temos condições de exigir e nos dedicar mais.
Tive ótima impressão em relação aos empregados públicos da Ebserh, que vieram somar. Um grupo extremamente jovem, mas com muita vontade.
Também percebi nos funcionários públicos que estão cedidos pela UFMS uma vontade muito grande de oferecer sua contribuição para que possamos tirar o HUMAP da crise.
Claro que estamos muito preocupados em levar o hospital para um estágio de equilíbrio. Mas a primeira impressão é muito boa, porque se a equipe está disposta a enfrentar o desafio e vencê-lo, significa que temos muita chance de sermos vitoriosos.
- Quais as prioridades da atual gestão?
Num curto espaço de tempo estudar em profundidade a razão do hospital estar em desequilíbrio, o que está faltando, com o dinheiro que estamos recebendo da contratualização o que é que podemos fazer, o que podemos enxugar ou cortar sem prejudicar a qualidade dos nossos serviços. Esta é a prioridade.
Num segundo momento precisamos resgatar a imagem do nosso hospital perante a sociedade. Visitar a classe política, a sociedade organizada, as autoridades dos órgãos de controle que possam nos auxiliar, para que possamos fazer uma gestão extremamente transparente e com o apoio da sociedade.
Nós sabemos que os recursos são escassos, por isso temos que lutar pelo equilíbrio e pelas parcerias, porque sem parcerias e sem ajuda da classe política e da sociedade não vamos conseguir novos recursos para poder fazer as reformas que hospital necessita.
Para 2018 a prioridade é fazer a reforma do centro cirúrgico, da central de materiais e da clínica médica para poder desafogar o nosso pronto atendimento médico.
- Qual a importância da UFMS e da Ebserh para o HUMAP? Como o Sr acredita que deve ser a relação entre as três instituições?
A relação deve ser pautada por respeito, confiança e comprometimento. O HUMAP é um hospital de extrema importância para a cidade de Campo Grande e para o estado de Mato Grosso do Sul. A sociedade necessita do HUMAP e a Universidade também, como campo de estágio, de formação dos profissionais.
A Ebserh veio para somar, para ajudar os hospitais universitários do Brasil a efetuarem uma gestão mais eficiente, para compartilhar um conhecimento que os agentes públicos podem ter e que antes nós não tínhamos. Por isso fico muito contente com a criação da Ebserh, porque ela é fundamental para o desenvolvimento dos hospitais universitários, que são organizações complexas e de ensino, que requerem um outro tipo de gestão. São hospitais caros, porque o papel deles, além de atender a sociedade, é também de formar profissionais altamente especializados na área da saúde.
Por isso entendo que a relação entre HUMAP, UFMS e Ebserh deve ser de parceria, onde todos têm seu papel e a soma destes papéis pode trazer grandes benefícios para o ensino, para a formação e para o atendimento à população.