Notícias
PESQUISA
Estudo revela desafios da participação masculina em internações de crianças no Humap
Fonte: Freepik
Um estudo recente conduzido pela acadêmica de psicologia Letícia Oliveira Bortoloto, sob a orientação do docente Alberto Mesaque Martins, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), trouxe à tona questões importantes sobre a participação masculina na internação pediátrica no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), da Rede Ebserh.
Publicado na revista Perspectivas Experimentais e Clínicas, Inovações Biomédicas e Educ ação em Saúde (PECIBES), periódico interdisciplinar concebido pelo Humap, o artigo intitulado “E quando os homens cuidam? Narrativas de profissionais de saúde sobre a participação masculina na internação pediátrica” revela que, apesar das mudanças no modelo de paternidade, os homens ainda enfrentam barreiras significativas para se envolverem nos cuidados de saúde dos filhos.
O estudo destaca que, culturalmente, o cuidado é associado ao âmbito feminino, e os homens são incentivados a demonstrar força e virilidade. A pesquisa ressalta que, no Brasil, o machismo e a estrutura patriarcal reforçam a necessidade dos homens de provar sua virilidade, muitas vezes através de comportamentos de risco. Mesmo com a evolução do papel paterno, as mulheres continuam sendo as principais cuidadoras durante o adoecimento dos filhos.
A pesquisa utilizou a metodologia qualitativa e entrevistou profissionais de saúde do Centro de Terapia Intensiva (CTI) e da Enfermagem Pediátrica do Humap. Foram realizadas 11 entrevistas com profissionais de ambos os sexos, que ressaltaram a importância do cuidado como parte do papel paterno. No entanto, a realidade cotidiana ainda reflete o modelo de masculinidade hegemônica, onde os homens são vistos como provedores e protetores, enquanto as mulheres são as principais cuidadoras.
Os profissionais de saúde relataram que o trabalho é a principal barreira para a participação dos homens no cuidado dos filhos. Além disso, o estudo aponta para a característica de estrutura dos serviços de saúde, predominantemente feminina, e a necessidade de maior preparo das equipes para lidar com as especificidades dos homens no intuito de facilitar a participação masculina. Os entrevistados apontaram que os homens têm dificuldades em realizar cuidados básicos, como alimentação e higiene, devido à falta de prática.
O estudo conclui que é urgente pensar em ações que facilitem a inclusão dos homens-pais nos serviços de saúde, respeitando suas necessidades e promovendo um ambiente mais inclusivo. A visita ampliada foi destacada como uma ação facilitadora, permitindo maior participação dos homens no processo de adoecimento dos filhos.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.