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Ex Gerente de Ensino e Pesquisa do Humap se aposenta
De novembro de 2017 a janeiro de 2021, a professora Maria de Fátima Meinberg Cheade, foi a Gerente de Ensino e Pesquisa do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), da Rede Ebserh. Mas esse é apenas uma parte de uma carreira ilibada, marcada por dedicação, pioneirismo, força de vontade e abnegação. No último dia 17 (sexta-feira), ela participava da mesa redonda da Semana de Enfermagem do hospital e anunciou a publicação de sua aposentadoria, após 40 anos de trabalho intenso e ativo.
No relato em vídeo sobre os 45 anos de federalização da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), ela conta sua trajetória profissional, numa história exemplar para ensino, pesquisa e assistência.
“Eu estou na universidade há 40 anos, então tem muita coisa para contar, muita coisa para lembrar, muitos agradecimentos a fazer. Cheguei aqui em 16 de abril de 1984, vinda de um concurso público da Universidade Federal de São Paulo e lá era professora. Trabalhei um ano e meio, mas meu marido teve uma oportunidade de começar o serviço médico do Banco do Brasil e mudamos para cá. Queríamos um lugar mais sossegado do que São Paulo e fui tentar achar emprego aqui e não consegui minha transferência na época, então deixei meu concurso e aqui eu entrei como enfermeira no Humap”, conta Fátima. Ela relata que escolheu o hospital porque era universitário: “eu sou de uma família de professores, professores primários, a família do meu pai e da minha mãe. E os homens mexiam com gado. Eu sou original de Barretos, com característica no interior de São Paulo. Então para mim, entrar na universidade representava ter alunos, representava o ensino, representava meu desenvolvimento profissional. Mas eu não me conformava que aqui não tinha o curso de enfermagem. Eu percebi que nós tínhamos todas as condições e vim trabalhar no hospital universitário”.
Na época eram poucas enfermeiras: seis, sete. Cada uma dividiu o hospital em dois ou três setores e com a falta de profissionais de nível médio de formação elas começaram a trabalhar. “Eu fui a primeira enfermeira do centro cirúrgico e primeira enfermeira do centro material. E assim fui me desenvolvendo. Eu tinha experiência em pacientes graves e em centro cirúrgico e pronto socorro”, explica a professora.
Em 1987 ela foi nomeada chefe de enfermagem e nesse período inaugurou o pronto-socorro do Humap, durante uma greve da Santa Casa. Ela foi se destacando porque queria sempre o melhor e não media esforços para realizar reuniões, treinamentos, melhorar a situação dos trabalhadores, do atendimento de enfermagem e do Hospital Universitário.
“Eu tive uma oportunidade de acompanhar uma visita do MEC no hospital e nessa visita eu já era chefe de enfermagem, sempre me destaquei na chefia porque eu tinha bons relacionamentos, eu tinha um bom contato com os funcionários e nessa visita eu perguntei por que aqui não tem o curso de enfermagem? Conversei com os avaliadores e eles falaram, é só você conversar com MEC, ter uma proposta ao MEC. E aí eu fiz um documento e, lógico que eu avisei o nosso diretor, que era o Dr. João Pereira da Rosa, e nós fizemos, eu fiz esse documento como chefe de enfermagem e 3 meses depois para minha surpresa eu fui chamada na Reitoria e com a proposta do curso de enfermagem”.
Foi dado o prazo de 3 meses para fazer um programa, um projeto e ela trabalhou nisso com outras profissionais: “nós montamos uma comissão onde estavam Miriam Mandetta, estava a professora Elizabete Zalés que já era professora aqui docente do curso de medicina, e a professora Maria Lúcia Ivo. Então nós nos debruçamos no projeto juntamente com uma técnica de assuntos educacionais e montamos um projeto da nossa experiência, dos nossos contatos, um projeto bem audacioso de prática social para o curso de enfermagem e com essa proposta tivemos que fazer várias remodelagens ao curso, mas nós conseguimos a aprovação”. Com essa aprovação, em 1991 o curso de enfermagem começou e Fátima foi a primeira enfermeira concursada: “fizemos o concurso público e eu fui a primeira que ingressei no curso como professora do curso. A professora Vilma já tinha vindo, já tinham outros professores que vieram agregando e o curso começou. Então foi uma etapa muito importante do Humap na minha vida e eu tenho agradecimentos enormes a esse hospital”.
Ela relata que, outra coisa relevante também no hospital, foi o contato com a educação permanente e com a educação continuada.
“Eu montei aqui a educação continuada e o telessaúde. Nós tivemos uma etapa muito significativa do Hospital Universitário que me permitiu conhecer o Estado de Mato Grosso do Sul. “Em 86 e 87 que nós criamos aqui o centro formador de infecção hospitalar, fomos a primeira comissão de infecção hospitalar e eu juntamente com a professora Celeste da faculdade de medicina, nós éramos coordenadores e professores deste centro treinamento. Tinha o professor Osvaldo e vários outros profissionais que foram agregado ao controle de infecção hospitalar e que traziam sua experiência para o Centro de Treinamento. Então isso foi uma coisa relevante e também, todas as ações de organização do hospital que nós tivemos”. Nesse momento começaram a desenvolver o curso de enfermagem. Foi feito um planejamento junto com professoras da universidade Ribeirão Preto , Semírames e a Maria Emília, que vieram ajudar a montar um plano de trabalho, a identificar como seria o curso. Não só na etapa, mas a proposta dele toda, do projeto pedagógico. “A carência era muito grande pois nós fomos o primeiro curso do Estado, então isso foi muito importante. Outra coisa importante foi que nós já começamos com a credibilidade do curso da Universidade Federal e contando também com toda a ajuda dos departamentos da área da saúde, da área de medicina, da área da farmácia e de outros departamentos, pois nós estávamos iniciando aqui essa parte do ensino dentro da Universidade Federal”, explica Fátima. A maioria dos profissionais era especialistas, então foi ofertado um mestrado Inter com a Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de enfermagem e nove professores foram matriculados e fizeram o mestrado em enfermagem. Fátima participou da evolução do curso em metodologias ativas, em que a proposta foi mudar o currículo, trazer uma coisa a mais, onde o aluno se apropriasse do seu estudo, da sua investigação. Ela participou ativamente no Humap, foi diretora administrativa, chefe de enfermagem, toda a parte de Recursos Humanos, de formação.
“Nessa educação é importante relatar que nós participamos também de várias ações com outros hospitais. Na inauguração do Hospital Regional, eu ajudei na formação de recursos humanos e assim por diante. Mas em 1999 eu estava na diretoria do Hospital Universitário e nós recebemos um edital para iniciar a residência multiprofissional e eu nunca tinha vivenciado residência, muito menos multiprofissional. Aqui a gente tinha residência médica, isso eu participava, mas como enfermeira, assistente e tudo. E aí nós fizemos um projeto para o Hospital Universitário onde nós fizemos uma comissão com os professores e técnicos que estavam aqui de várias áreas e nós chegamos à residência multiprofissional atenção ao paciente crítico”, conta a profissional. Fátima conta que começou outra etapa da vida muito significativa que foi do trabalho com a residência, onde trabalhou arduamente na organização, fui presidente do MEU, coordenou curso e participava Então as residências tinham que ser formalizadas por ali e com essa minha busca, eu tive que ser chefe da divisão de pós-graduação e da especialização. E aí eu tive oportunidade de aprender muito dentro da pós-graduação, da organização dos cursos de especialização, e aí nós conseguimos várias etapas ali dentro, iniciais, de regulamentos junto com a medicina, junto com a Reitoria e com o CCBS, da gente formalizar esse trabalho dos profissionais.
“Como nós fomos o primeiro curso, logo em seguida nós apoiamos o curso do Hospital Regional, aí nós já fomos para enfermagem obstétrica e aí esse projeto de residência cresceu no nosso Estado e que eu vejo assim, com muitos bons olhos, profissionais bem preparados”, relata ela.
Fátima retornou ao Humap já sob a gestão da Ebserh, com novas propostas de organização e uma delas era a gerência de ensino e pesquisa: “Eu fui gerente de ensino e pesquisa, foi uma época maravilhosa da minha vida em que eu pude associar tudo o que eu tinha feito, toda a minha evolução dentro da universidade e que eu pude pôr em prática dentro do Hospital Universitário. Foi um trabalho de 2019 até 2021, onde eu tive muito sucesso, grandes amigos e voltei ao hospital de uma forma que eu pude contribuir mais na organização. E já no primeiro relatório nós tivemos 99 a 95% das nossas metas da gerência de ensino nós tínhamos cumprido, de organização da parte do ensino, com os fluxos de trabalho e da pesquisa e também da biblioteca e do Tele- Saúde”. Ela conta que esse momento foi o topo da carreira pois a gerência de ensino é a união do ensino da pesquisa e da assistência.
“Eu como enfermeira sempre pensei em cuidar, sempre pensei em ajudar, mas pensei muito na organização do serviço, que era o meu foco porque era algo que não tínhamos. Acho que tudo isso foi para coincidir: a universidade na sua federalização e a minha vinda para Mato Grosso do Sul. Então eu agradeço muito, agradeço a minha família, agradeço a todos os amigos, todos os chefes e aos pacientes e aos nossos alunos, sou muito grata, obrigada”, finaliza Fátima.
O Humap e todos os seus integrantes, do passado, do presente e do futuro, agradecem imensamente ao legado construído pela professora Fátima, que é um marco na história do ensino, pesquisa e assistência na história do nosso hospital.
A professora Fátima possui Graduação e Mestrado em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo, Doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (2007). Professora Associada da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Docente do Curso de Graduação em Enfermagem. Experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Gerenciamento de Serviços de Saúde e de Enfermagem, atuando principalmente nos seguintes temas: gestão e gerenciamento de serviços hospitalares, Formação profissional com ênfase em metodologias ativas, qualidade e segurança do paciente em serviços hospitalares. Participa de dois grupos de pesquisa -Gestão e Educação em Saúde e Enfermagem; -Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação da Gestão em Saúde. Coordenou o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, ênfase em Atenção aos Pacientes Críticos e a Comissão de Residência Multiprofissional da UFMS, ocupou o cargo de Superintendente de Gestão de Trabalho e Educação na Saúde - Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul 2015 a out 2017 e o cargo de Gerente de Ensino e Pesquisa do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian / UFMS - Ebserh - nov 2017 a janeiro de 2021.
Rede Ebserh
O Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS)) faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde dezembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.