Notícias
19 DE MAIO
Dia Nacional de Doação de Leite Humano: gotas de saúde e esperança
Leite materno é rico em nutrientes e anticorpos que ajudam a proteger o recém-nascido contra infecções e doenças
Cuiabá (MT) - A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) recomendam o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida do bebê. Isso porque esse alimento é rico em nutrientes e anticorpos que ajudam a proteger o recém-nascido contra infecções e doenças, fortalecendo seu sistema imunológico.
No Brasil, a Lei nº 13.227/2015 instituiu o Dia Nacional de Doação de Leite Humano, comemorado na próxima segunda-feira (19), para divulgar os 225 bancos de leite e 217 postos de coleta que fazem parte da Rede de Bancos de Leite Humano (rBLH) do Ministério da Saúde, estimular a doação e promover debates sobre a importância desse gesto solidário. Um pote de leite humano pode alimentar até 10 recém-nascidos prematuros ou que estão passando por dificuldades de saúde.
Diversos hospitais universitários da rede Ebserh fazem parte da rBLH e participam da coleta, processamento e distribuição a bebês prematuros e de baixo peso. O serviço auxilia mulheres que não conseguem amamentar os seus filhos por várias razões: problemas de saúde, uso de certos medicamentos, baixa produção de leite, dificuldades físicas e fatores culturais.
Em Dourados (MS), o Hospital Universitário da Universidade Federal de Grande Dourados (HU-UFGD) possui um banco de leite humano que atende os recém-nascidos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal e em alguns casos na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica. São bebês com problemas agudos e graves, casos em que o leite materno é oferecido por meio de sonda.
Segundo a enfermeira do Banco de Leite Humano Hilda Bergo Duarte do HU- UFGD, Neiva Ney Gomes Barreto, “o aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil”. Ela explicou que a grande maioria das mães pode e deve amamentar. “O que acontece, em geral, é falta de informação e orientação correta, principalmente no início da amamentação. Um pré-natal adequado, com informações adequadas, é essencial para a mãe conseguir amamentar”, disse.
São raros os casos em que as mulheres não conseguem amamentar por razões fisiológicas. Algumas patologias, entretanto, contraindicam a amamentação. HIV, HTLV, mães em tratamento de câncer, uso de drogas e/ou substâncias psicoativas como álcool, maconha, cocaína também. “Assim, é preciso avaliar bem os fatores e observar se há algum fator que impeça a amamentação ou se a mãe precisa é de um manejo adequado e apoio para amamentar”, afirmou a profissional.
Campanha
No início deste mês, o Ministério da Saúde lançou a campanha “Doe leite materno: vida em cada gota recebida”, que tem como objetivo ampliar em 5% a oferta de leite materno a recém-nascidos internados nas unidades neonatais brasileiras. Em 2023, foi registrada a doação de 253 mil litros de leite humano nos bancos de leite e postos de coleta do país.
Como doar?
Muitas mulheres no pós-parto percebem que suas produções de leite vão além das necessidades dos seus filhos. Nesses casos, elas podem procurar um Banco de Leite Humano para doar. Mães enlutadas, que perderam seus bebês, também podem realizar esse gesto solidário. Para isso, basta estar saudável e não usar nenhum medicamento que interfira na amamentação. É preciso ainda apresentar exames recentes.
Em Niterói (RJ), o Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF) possui o Banco de Leite Professora Heloisa Helena Laxe de Paula funcionando dentro da unidade desde 2003. Por lá, uma equipe especializada acompanha todo o processo, da triagem à coleta. Em seguida, o leite é acondicionado em potes de vidro. Na geladeira, a validade é de 12 horas. Já no freezer, são 15 dias. Se o leite for pasteurizado, a validade é de seis meses.
“Todo leite humano doado para o Banco de Leite Humano do HUAP é pasteurizado e segue rigorosamente o controle de segurança e qualidade para depois ser distribuído para os bebês da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, geralmente bebês prematuros, com baixo peso e muito vulneráveis”, disse a vice- coordenadora do Banco de Leite Humano do Huap-UFF, a enfermeira Maria Bertilla Lutterbach Riker Branco.
Imunoterapia
Em Belo Horizonte (MG), o Serviço de Neonatologia e o Banco de Leite do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) fazem uso da imunoterapia, prática recomendada pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e Sociedade Brasileira de Pediatria que tem sido associada a menor morbidade neonatal e aumento do uso de leite na alta hospitalar. A iniciativa consiste na ordenha do leite da mãe e sua administração, pela equipe de enfermagem, na mucosa oral do bebê que ainda não pode mamar pela boca. Neste caso, o objetivo não é nutricional, mas de estímulo da imunidade do bebê.
Apenas algumas gotas do leite humano garantem ao recém-nascido a formação de uma barreira imunológica na mucosa intestinal, reduzindo as chances de sepse tardia, pneumonia associada à ventilação mecânica e enterocolite necrosante, as principais causas de mortalidade no bebê prematuro. Além disso, o leite materno na cavidade oral pode amplificar a resposta a outros sítios como intestino e brônquios.
“Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o leite humano é capaz de reduzir em até 13% as mortes evitáveis em crianças menores de 5anos de idade. As evidências científicas indicam ainda que bebês prematuros e/ou com patologias, que se alimentam de leite humano no período de internação na UTI Neonatal, possuem mais chances de recuperação e de terem uma vida mais saudável”, afirmou a coordenadora de enfermagem do Banco de Leite Humano da instituição, Roberta Moura. Por isso, a doação é um ato de amor e de cuidado ao próximo, que salva vidas!
Sobre o Hujm e a Ebserh
O HUJM-UFMT faz parte da Rede Ebserh desde novembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Luna Normand, com edição de Danielle Campos.