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SAÚDE PÚBLICA
Combate à dengue: a esperança que une prevenção e vacinação
Cuiabá (MT) – A dengue é uma ameaça crescente no Brasil, com o aumento de casos e de hospitalizações nos últimos anos. Diante dessa realidade preocupante, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que presta assistência via Sistema Único de Saúde (SUS), está comprometida em enfrentar esse desafio. Além de oferecer atendimento de qualidade, a estatal está contribuindo para estudos relacionados à dengue em seus Hospitais Universitários Federais. Com o intuito de disseminar informações e promover ações preventivas, a reportagem da Ebserh solicitou o apoio de seus especialistas para falarem sobre práticas que podem evitar a propagação da doença e compartilharem estudos que estão sendo realizados. Confira.
A médica infectologista Andyane Freitas Tetila, do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) e presidente da Sociedade de Infectologia de Mato Grosso do Sul, explica que existem quatro tipos de vírus da dengue: os sorotipos 1, 2, 3 e 4. Ela ressalta que a infecção por um sorotipo gera imunidade permanente para ele, mas não para os outros: “Quem já contraiu a dengue do sorotipo 1, por exemplo, somente ficará imune à dengue deste mesmo sorotipo, podendo contrair ainda os outros três sorotipos”. O vírus que causa a dengue não é transmitido de pessoa para pessoa, ou seja, não é uma doença contagiosa. Ele é transmitido somente por meio da picada do mosquito fêmea contaminado do Aedes aegypti.
Segundo a especialista, o aumento dos casos de dengue está relacionado aos eventos climáticos, como o calor excessivo e a chuva, que contribuem para a reprodução e desenvolvimento do mosquito transmissor. “A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do Aedes Aegypti, eliminando reservatórios de água parada, que podem se tornar criadouros”, ressalta. Além disso, durante o dia, quando os mosquitos estão mais ativos, é indicado utilizar roupas que minimizem a exposição da pele, proporcionando alguma proteção contra as picadas. O uso de repelentes e inseticidas, seguindo sempre as instruções de rótulo, também pode ser eficaz. Para aqueles que dormem durante o dia, como bebês e pessoas acamadas, os mosquiteiros são uma boa opção para se proteger. Essas medidas simples podem ser adotadas, principalmente durante surtos, para evitar desconfortos causados pelas picadas de mosquitos.
A vacinação é a forma mais efetiva de controle da doença. Atualmente existem duas vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para uso no país, sendo que apenas uma delas foi incorporada ao SUS. A vacina tetravalente, com alta eficácia de proteção, consiste em duas doses com intervalo de três meses entre elas, independentemente de ter tido ou não dengue previamente. “O Ministério da Saúde adquiriu todas as vacinas contra a dengue disponibilizadas pelo fabricante, visando iniciar a vacinação o quanto antes. Contudo, a quantidade de doses está limitada à capacidade operacional e logística do fabricante. Assim, foram elencados os municípios com maior número de casos, como prioridade.”, explica Andyane.
Esperança contra a dengue
A vacina experimental desenvolvida pelo Instituto Butantan, conhecida como Butantan-DV, demonstrou uma eficácia de 79,6% na prevenção da dengue, conforme o artigo “Live, Attenuated, Tetravalent Butantan–Dengue Vaccine in Children and Adults”, publicado no “The New England Journal of Medicine (NEJM)”, na edição de fevereiro de 2024. Os resultados foram obtidos a partir do acompanhamento de dois anos com mais de 16 mil participantes em todo o Brasil, e não foi reportado nenhum caso grave da doença entre os participantes. Além disso, os resultados indicaram eficácia em diferentes faixas etárias, com taxas de proteção de 80,1% para participantes de 2 a 6 anos, 77,8% para aqueles de 7 a 17 anos e 90,0% para os de 18 a 59 anos.
“O estudo demonstra ótima eficácia para os quatro sorotipos do vírus, com a vantagem de ser uma única dose e de produção nacional. A expectativa agora é pela aprovação da vacina pela Anvisa e sua posterior incorporação no SUS”, explica Andyane. O estudo contou com a participação de 16 centros de pesquisa em todo o Brasil, incluindo três vinculados à Rede Ebserh: Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC) e Hospital Universitário Júlio Muller da Universidade Federal de Mato Grosso (HUJM-UFMT).
No HE-UFPel, o Grupo de Pesquisa em Infectologia e Vacinas da UFPel, liderado pela médica infectologista e docente, Danise Senna Oliveira, participa há dois anos do protocolo. Segundo Senna, a preocupação com a propagação da doença é real. “No Rio Grande do Sul, o aumento de casos preocupa, especificamente em Pelotas, onde foram registrados 18 casos em 2023. Nossa preocupação estende-se à comunidade acadêmica da UFPel, com a volta das férias dos alunos, que pode contribuir para a propagação da doença no interior do estado. Temos pressa para aprovar essa nova vacina e pressa, também, no combate ao mosquito transmissor”, afirma a pesquisadora.
No CH-UFC, 1,3 mil voluntários entre dois e 59 anos estão sendo acompanhados. Segundo o docente e coordenador do Núcleo de Medicina Tropical da UFC, Ivo Castelo Branco Coelho, “O acompanhamento desses voluntários já está em seu quinto ano, com os resultados publicados referentes aos dois primeiros anos. Durante esse período, enfrentamos a epidemia de dengue 1 e 2, além da chikungunya, sem que nenhum caso grave fosse confirmado dentre os participantes. Também não houve internações ou complicações de efeitos colaterais graves”, comemorou.
No HUJM-UFMT, o médico e pesquisador, Cor Jesus Fontes, explica que o estudo está em desenvolvimento há sete anos, somando 1,3 mil voluntários, na faixa etária de dois a 60 anos.
As vacinas são uma esperança e oferecem proteção individual contra a dengue. No entanto, é importante ressaltar que a batalha contra a dengue não pode ser travada apenas com a aplicação do imunizante. É necessário unir forças e adotar medidas preventivas em todas as frentes.
e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Sobre a Ebserh e o Hujm
O Hospital Universitário faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh
Deizileny Melo - Unidade de Comunicação Regional 28
Tags: hu-ufgd; he-ufpel; ch-ufc; hujm-ufmt; dengue; prevenção; vacina; assistência; pesquisa
Foto02 - Freepik: A vacinação vai auxiliar no combate à doença, garantindo a saúde e o bem-estar