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Reumatologista do HUB é destaque na área da ciência
No dia 11 de fevereiro é celebrado o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, com o objetivo de chamar atenção para a necessidade de mais equidade de gênero na ciência, além de encorajar mulheres e meninas a seguirem carreiras nessas áreas. Por isso, este dia é uma oportunidade para promover, de forma plena e igualitária, tanto o acesso quanto a participação de mulheres e meninas.
Embora haja uma grande desproporção de mulheres em posições de liderança e influência na ciência e tecnologia – dados da ONU mostram que apenas 35% das cientistas do mundo são mulheres – escolhemos nesta data enfatizar o papel de mulheres que se destacam na ciência.
Como a reumatologista do Hospital Universitário de Brasília, da Universidade Federal de Brasília (HUB-UnB/Ebserh), Licia Mota. Ela está ativamente envolvida em pesquisa e ensino no nível de pós-graduação, contribuindo para várias linhas científicas, com aproximadamente 200 pesquisas indexadas, a maioria em revistas internacionais de alto impacto.
Dra Licia é membro efetivo da Sociedade de Reumatologia de Brasília e ocupou vários cargos de liderança, incluindo a presidência da sociedade. Ela é membro da Sociedade Brasileira de Reumatologia e da Liga Pan-Americana de Associações de Reumatologia (PANLAR), onde ocupou o cargo de diretora científica em 2022 e presidente em 2023 no Congresso Pan-Americano de Reumatologia. Em 2016, foi presidente do XXXIII Congresso Brasileiro de Reumatologia. Licia recebeu premiações notáveis, incluindo os Prêmios Edgard Atra em 2012 e 2013, bem como o Prêmio da Sociedade Brasileira de Reumatologia em 2012 (as principais honrarias concedidas pela Sociedade Brasileira de Reumatologia). A pesquisadora já representou o Brasil em mais de 300 eventos científicos nacionais e internacionais.
“Ser uma mulher na ciência implica enfrentar uma série de dificuldades e desafios únicos que muitas vezes refletem as disparidades de gênero persistentes no meio acadêmico. Mulheres cientistas muitas vezes precisam superar barreiras estruturais e culturais, desde estereótipos de gênero até desigualdades na distribuição de recursos e oportunidades. A falta de representação feminina em cargos de liderança e a ausência de modelos a serem seguidos podem criar um ambiente desafiador para mulheres que buscam se destacar em suas respectivas áreas”, afirma Licia.
Lutar contra os estereótipos
Durante a pandemia de Covid-19, Licia Mota coordenou, juntamente com o professor Cleandro Pires de Albuquerque, o Comitê de Pesquisa Covid-19 no HUB, desempenhando um papel fundamental ao contribuir ativamente para 34 projetos de pesquisa propostos pela equipe do HUB. Sua liderança também facilitou o estabelecimento de uma conexão robusta e dinâmica entre a Faculdade de Medicina e o HUB. Atualmente, ela coordena com o professor Cleandro a Sala de Apoio ao Pesquisador no HUB-UnB, uma iniciativa recentemente reconhecida pela REDe – The Global Health Network na Universidade de Oxford como um modelo a ser seguido em outros países.
“É importante manter a postura e lutar contra os estereótipos: o que vale é o esforço, o merecimento, o caminho pavimentado com dedicação, e não o fato de alguém ser homem ou mulher, ou sua aparência física. Minha visão sobre ser mulher na ciência é essa: produzir, estudar, ensinar, desafiar estereótipos e procurar inspirar, igualmente, futuras gerações de mulheres e homens na ciência”, ressalta.
Além de atuar como reumatologista no HUB, Licia atualmente ocupa o cargo de professora nos Programas de Pós-Graduação em Ciências Médicas e Patologia Molecular da Faculdade de Medicina da UnB. No HUB ela coordena ambulatórios especializados em artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, miopatias inflamatórias, esclerose sistêmica e vasculites.
A pesquisadora ainda é membro de vários grupos de pesquisa nacionais e internacionais, destacando-se como uma das principais especialistas globais no campo da vacinação contra a febre amarela em indivíduos imunocomprometidos e como uma das principais autoridades brasileiras na artrite reumatoide precoce. Ela possui inúmeras publicações e apresentações em conferências internacionais e atua como coordenadora do Real-Life Rheumatoid Arthritis Cohort, envolvendo 11 centros universitários brasileiros e monitorando mais de 1.000 pacientes.
“Um grande desafio, sempre, é superar os estereótipos. Não há um perfil de ‘mulher cientista’. Eu, por exemplo, sou também bailarina e muito dedicada à atividade física. Gosto de moda, gosto de me cuidar. Minha aparência física, a princípio, não deveria ter qualquer impacto na forma como as pessoas enxergam meu trabalho como pesquisadora. Mas, ainda assim, mesmo com todo o meu currículo, minha história de dedicação à pesquisa e ao ambiente societário, com toda a minha bagagem científica e a legitimidade que ela me confere, já ouvi de um colega que eu não deveria concorrer a um determinado cargo porque ‘algumas pessoas poderiam me considerar apenas uma menina bonita’. Isso mostra como ainda vivemos em um ambiente preconceituoso. Fico pensando se algum outro médico, professor e pesquisador como eu, com uma trajetória semelhante à minha, mas que porta um cromossomo Y em seu genoma, precisaria ouvir que ele era ‘apenas um menino bonito’. Felizmente, opiniões como a que relatei são a minoria. De forma geral, o ambiente é cada vez mais equilibrado e respeitoso”, conclui Licia.
Rede Ebserh
O Hospital Universitário da Universidade de Brasília (HUB-UnB) faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde janeiro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e