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HEMODINÂMICA
HUB torna-se primeiro hospital do SUS a realizar procedimento de Aterectomia Rotacional no DF
Brasília (DF) - Com 73 anos de idade, o maranhense Nelson Coelho da Silva contou entusiasmado a sua rotina de vendedor de frutas, profissão de onde tira o seu sustento há mais de seis décadas na capital federal. “Quando eu sair daqui quero voltar à minha vida normal com o coração forte para poder trabalhar, eu só paro quando Deus quiser”, comentou minutos antes de entrar na sala de cirurgia do setor de Hemodinâmica do Hospital Universitário de Brasília (HUB–UnB), onde realizou o procedimento de Aterectomia Rotacional (Rotablator), nesta terça-feira (4), com apoio de imagem intracoronária. O HUB, vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), é o primeiro hospital público a realizar esses tipos de procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Distrito Federal (DF).
“Comecei sentindo fortes dores no peito e cheguei a ficar internado por cerca de 20 dias em um hospital da Samambaia”, comentou Nelson Coelho relembrando sintomas das complicações cardiovasculares provocadas pela calcificação de suas artérias coronárias, o que, futuramente, resultou em sua transferência para o HUB. No hospital universitário ele tem realizado tratamento de doença arterial coronária.
“Realizar o primeiro caso de maneira rotineira de Aterectomia Rotacional e de Imagem Intracoronária, dando início a esse programa no Hospital Universitário, é muito gratificante”, comemorou o cardiologista intervencionista Mateus Veloso, responsável técnico do serviço de hemodinâmica do HUB, após a realização do procedimento no paciente Nelson, que durou cerca de 1h30m e que, de acordo com o cardiologista, “foi um sucesso”.
Procedimentos
O Rotablator é um mecanismo utilizado durante a angioplastia coronária para a desentupir artérias calcificadas, ou seja, é um tratamento que visa desmanchar placas de cálcio que impedem o transporte correto do sangue para o coração. Nesses casos, por serem placas mais duras, apenas a utilização do catéter balão para a dilatação dessas artérias não é suficiente, sendo necessário o uso do Rotablator. A ferramenta trata-se de um cateter acoplado a uma minúscula ogiva diamantada (dispositivo cilíndrico de ponta afilada) que ao ser acionada realiza rotações que variam entre 160.000 a 180.000 rotações por minuto dentro do vaso sanguíneo, destruindo a placa calcificadas existente ali.
Todo esse trabalho foi realizado com a ajuda de um outro procedimento inédito na saúde pública do DF: a imagem intracoronária. Esse método envolve duas técnicas: o ultrassom intracoronário, que diz respeito à imagem baseada na emissão de ondas de som; e o OCT (Tomografia de Coerência Óptica), que é a emissão de um feixe de luz infravermelha que detalha e melhora a nitidez das características do vaso. Sendo assim, a imagem intracoronária serve como suporte para um melhor detalhamento do vaso sanguíneo e o tamanho da lesão, diminuindo as chances de complicações futuras.
“Ter a possibilidade de entregar um tratamento no SUS, que até então era disponível apenas em serviço privado, é motivo de alegria e também inspiração a outras instituições no Distrito Federal e do país”, comentou Mateus Veloso.
Fisiologia intracoronária
Além do Rotablator e da imagem intracoronária, o HUB passa a disponibilizar o programa de fisiologia intracoronária, o que traz mais eficácia e assertividade na escolha do tratamento para o paciente, como explica o responsável técnico do serviço de hemodinâmica do Hospital Universitário. De acordo com ele, o tratamento das lesões da fisiologia intracoronária são feitos a partir de uma análise percentual do grau de estenose (estreitamento dos vasos). “Normalmente, tratamos a maioria das lesões acima de 70% e, as abaixo disso, não. A única exceção é o tronco da coronária esquerda, que é o início do vaso da maior coronária, onde uma lesão de 50%, a princípio, já é passível de intervenção”, disse o cardiologista.
O especialista destacou que dispor da fisiologia intracoronária significa poder selecionar mais adequadamente quais lesões precisam ser tratadas, aumentando a precisão. “O que descobrimos é que, eventualmente, podem ter lesões de 70%, até um pouco mais, que não trazem repercussão hemodinâmica, que não impedem o fluxo, e, portanto, neste caso, o tratamento seria fútil, mas também existe o contrário, há lesões menores do que 70% que causam restrição de fluxo e, nesse caso, precisam ser tratadas.
Sobre a Ebserh
O HUB-UnB faz parte da Rede Ebserh desde janeiro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 42 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Elizabeth Souza, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social – Ebserh