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EVENTO
HUB sedia capacitação em hanseníase para dermatologistas, residentes e médicos da atenção primária
Brasília (DF) - Foram dois dias de aulas práticas e teóricas para atualizar dermatologistas, médicos clínicos da atenção primária e residentes sobre diagnóstico e tratamento da hanseníase. Profissionais de todo o Distrito Federal reuniram-se no Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB/Ebserh), nos dias 1º e 2 de fevereiro, em um evento organizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SDB-DF), em parceria com o HUB e a Secretaria de Saúde (SES-DF). O Hospital atende cerca de 40 a 50 pacientes por semana com hanseníase.
A capacitação foi realizada em comemoração ao Janeiro Roxo, campanha dedicada à conscientização da sociedade sobre a hanseníase. Segundo o Ministério da Saúde, em 2022 foram registrados cerca de 20 mil novos casos da doença no Brasil. “A hanseníase é uma das doenças mais antigas do mundo e o Brasil ocupa o segundo lugar em números de casos, atrás apenas da Índia. Com o diagnóstico precoce e o tratamento correto, esperamos diminuir a incidência no Brasil”, explicou a presidente da SBD-DF, Luanna Portela.
“É muito importante ter esse momento para discutir sobre os novos casos que estão surgindo de hanseníase, as novas possibilidades de manejo e evitar o diagnóstico tardio, que é o principal responsável pelas sequelas da doença”, afirmou a dermatologista do HUB Stella Cochrane. Foram abordados diversos temas, como história da hanseníase, diagnóstico, alterações neurológicas e visuais, tratamentos, resistência ao tratamento, novas tecnologias e risco de hanseníase em imunossuprimidos. “O HUB é referência no atendimento de hanseníase, recebemos os casos mais graves e precisamos capacitar todos os profissionais de saúde para estarem aptos a diagnosticar e examinar o paciente”, finalizou a dermatologista do HUB, Jorgeth Motta.
Prática
O segundo dia do curso foi voltado para a parte prática. Os participantes acompanharam a avaliação de pacientes e discutiram sobre as condutas adotadas. Para facilitar o aprendizado, os exames clínicos foram filmados para possibilitar que os participantes acompanhassem os detalhes em tamanho ampliados por meio de um telão. “É uma oportunidade muito importante que o HUB está proporcionando para pacientes, residentes e médicos. É o uso de toda tecnologia disponível de ensino, com transmissão em tempo real, para avalição de uma doença negligenciada”, garantiu o dermatologista do HUB Ciro Gomes.
As avaliações foram conduzidas pelo dermatologista do Instituto Lauro Souza de Lima, Jaison Barreto. A instituição fica em Bauru (SP) e é referência nacional e internacional em hanseníase. “Simplificaram muito a hanseníase como se ela fosse só manchinhas na pele, e a hanseníase não é só isso. A cada três pacientes diagnosticados no início da doença, um não tem mancha na pele. É uma doença neurológica, das terminações da pele, e é por isso que ela deixa sequela. É preciso ensinar o profissional a fazer exame de neuropatia periférica, e isso exige uma técnica correta de exame físico”, explicou Jaison.
O especialista lembrou que a transmissão da hanseníase exige um contato crônico, de anos de exposição. Segundo ele, em 80% dos casos a transmissão ocorre entre familiares. Por isso, quando um caso é diagnosticado, é importante monitorar os familiares do paciente para evitar a transmissão.
Lorena Rodrigues é dermatologista e trabalha no Hospital Dia. Ela se inscreveu e participou do evento no HUB. “Trabalho com hanseníase e estar sempre atualizada, poder discutir com outros profissionais, é muito importante para o meu trabalho”, contou Lorena. “É uma atualização com especialistas do Brasil que vai agregar conhecimento e trazer novas condutas para melhorar o manejo dos pacientes”, acrescentou o dermatologista do HUB Felipe Magela, que também participou da capacitação. “Acredito que vou terminar a residência mais preparada, porque a hanseníase ainda tem muita estigmatização, precisamos saber conduzir, diagnosticar, e essa atualização vai contribuir bastante”, garantiu a residente em dermatologia do HUB Kaline Duarte.
Homenagem
Durante o evento, a equipe de Dermatologia do HUB prestou uma homenagem à fundadora e presidente do Grupo de Apoio às Mulheres Atingidas pela Hanseníase (Gamah), Marly Araújo. Ela é paciente do hospital e foi diagnosticada com hanseníase há 23 anos. Desde então, luta pelos direitos de outras pessoas com a doença. “Sempre lutei para que a atenção primária soubesse fazer nosso diagnóstico. Se vocês olharem por nós, não seremos mais negligenciados”, afirmou Marly emocionada, após a homenagem.
Sobre a hanseníase
Doença infecciosa causada por uma bactéria, a hanseníase é caracterizada pela presença de manchas dormentes na pele, dores nos pés e nas mãos e espessamento dos nervos de braços e pernas. A transmissão ocorre pelo contato prolongado com quem ainda não está em tratamento. É uma doença curável e o tratamento medicamentoso é longo, mas, se realizado de forma correta e precoce, não gera sequelas.
Sobre a Ebserh
O HUB faz parte da Rede Ebserh desde janeiro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Leticia Justus, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh