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HUB atende 21 mulheres em mutirão de reconstrução de mama
A professora Joelma da Silva, de 43 anos, recebeu o diagnóstico de câncer de mama em 2017. Um ano depois, fez a cirurgia de mastectomia. “Fiquei muito abalada, só pensava que ia morrer. A mastectomia me deixou insegura, principalmente no relacionamento, no meio social, achava que alguém estava percebendo, que faltava alguma coisa”, contou ela. Em fevereiro de 2023, ela recebeu a notícia de que iria fazer a cirurgia de reconstrução mamária. “Foi uma alegria, uma esperança de mudança de fase. Vai melhorar minha autoestima e confiança”, acrescentou Joelma.
Joelma é uma das 21 mulheres atendidas no mutirão de reconstrução mamária realizado no Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB/Ebserh) nesta sexta-feira (10). A ação faz parte de um projeto chamado Recmama, organizado de forma voluntária por cirurgiões plásticos de todo o país. Foram realizadas 16 reconstruções cirúrgicas e cinco reconstruções de aréola com micropigmentação em pacientes que precisaram fazer a mastectomia para tratar o câncer de mama e aguardavam pelo atendimento no HUB.
Para a realização das cirurgias, o HUB disponibilizou cinco salas cirúrgicas e diversos profissionais, que atuaram em conjunto com uma equipe de voluntários. No total, foram cerca de 70 pessoas, entre cirurgiões plásticos, oncologistas, mastologistas, anestesiologistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas e residentes. “No Brasil, cerca de 60% das mulheres que operam o câncer de mama não têm acesso à reconstrução. No Sistema Único de Saúde, esse índice sobe para 90%. Eventos como esse, além da reconstrução, trazem para as mulheres um ganho psicológico e na autoestima e elas ficam mais aderentes aos tratamentos posteriores à cirurgia”, explicou o médico mastologista do HUB e um dos organizadores do mutirão, João Nunes.
O cirurgião plástico e presidente da Associação Médica de Brasília (AMBr), Ognev Cosac, também é um dos organizadores do evento. “É uma forma de contribuir com essas pacientes que estão há muito tempo sofrendo com a mutilação causada pelo câncer de mama e esperam pela reconstrução mamária para recuperar a autoestima”, afirmou Ognev.
A estudante de enfermagem, de 45 anos, Eliene Maria Santos, também foi selecionada para participar do mutirão. Ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama em 2020 e fez a mastectomia um ano depois, durante a pandemia de Covid-19. “Não foi fácil, fiquei desesperada, era como se o chão tivesse abrindo na minha frente. Receber a notícia de que eu iria fazer a reconstrução foi um presente. Venci mais uma etapa do meu tratamento, é uma página virada”, comemorou, emocionada, Eliene.
Conhecimento científico
Além da realização das cirurgias, foi preparada uma programação voltada para o conhecimento científico. No dia 9 de março, médicos, residentes e estudantes acompanharam palestras, conferências e a discussão dos casos clínicos das pacientes operadas no mutirão. “Foi um grande aprendizado. Tivemos aqui os melhores cirurgiões plásticos do país, apresentando as técnicas de forma científica e detalhada, e aprendemos muito com eles”, afirmou o residente do primeiro ano de cirurgia plástica Vitor Varjão.
O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres em todo o mundo. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil deve registrar mais de 73 mil novos casos da doença em 2023. Dependendo do estágio do câncer, a indicação pode ser pela mastectomia, que é a retirada total da mama. Por isso, a doença afeta também a autoestima das mulheres e a reconstrução é tão importante. “A reconstrução é uma tentativa de resgatar a autoestima dessas mulheres, a identificação corporal, melhorar as relações sociais e minimizar os danos que a doença traz”, disse a mastologista do HUB Maria Clara Carvalho, que participou do evento.
Sobre o Recmama
O Recmama é um evento realizado há dez anos, sempre no mês de março em comemoração ao mês da mulher. Organizado de forma voluntária por cirurgiões plásticos de todo o país, o encontro ocorria sempre na Paraíba e, pela primeira vez, foi realizado fora do estado. A ideia é que, a partir de agora, seja selecionado um estado diferente a cada ano para sediar o evento.
“O evento surgiu da boa vontade de alguns cirurgiões plásticos com expertise em reconstrução de mama, que se uniram para atender pacientes que aguardavam pela cirurgia. O encontro também promove a troca de experiências e atualização científica entre profissionais da área”, explicou a cirurgiã plástica Marcela Cammarota, uma das organizadoras do evento.
Além do HUB, o Recmama contou com o apoio da Associação Médica de Brasília (AMBr), do Programa de Educação Continuada da AMBr (PEC), da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica no Distrito Federal (SBCP-DF), da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e do Grupo da Boa Vontade. O evento também recebeu o patrocínio do Hospital Daher, Oncoclínicas, Motiva Implantes, Lilly, Contour Slim e DMI Material Médico Hospitalar.